20/03/2006 - Araguaína,
18 de março de 2006.
Nós lideranças
dos estados de Goiás e Tocantins, reunidos
nos dias 17 e 18 de março de 2006,
em Araguaína – TO, viemos através
deste documento reivindicar melhoria na saúde
indígena destes estados. Na oportunidade
estamos denunciando falhas e irregularidades
no atendimento de nossa saúde.
Entre eles podemos citar
alguns graves acontecimentos nas áreas,
Apinajé, Xerente, Krahô, Javaé,
Karajá, Tapuia, Krahô – Kanela
e Karajá de Aruanã, entre os
problemas mais graves, podemos destacar, o
alto índice de mortalidade infantil
nas áreas Apinajé e Xerente,
nas quais a Funasa não se preocupa
em efetuar um trabalho de prevenção
de doenças, como: diarréia,
pneumonia aguda, gripe, febre e vômitos.
Entendemos que a Funasa tem fracassado em
nosso atendimento. Por isso exigimos do Ministério
Público Federal providências
no sentido de que a Funasa assuma suas funções
de implementar a saúde indígena
buscando solucionar os problemas relacionados
abaixo:
• Falta de remédios
nas farmácias das aldeias;
• Falta de transportes ou
carros sucateados;
• Equipe multidisciplinar
incompleta (médios e dentistas);
• Mau estado de conservação
das estradas;
• Ausência de pontes
nas estradas que dão acesso às
aldeias;
• Interferência de
políticos locais na administração
dos pólos bases;
• Pólo base de Goiatins
e Itacajá funcionando como CASAI, porém
sem estrutura, exigindo que doentes e acompanhantes
durmam no chão;
• Ausência dos técnicos
de enfermagem nas aldeias nos fins de semanas;
• Agentes de Indígenas
de Saúde administrando medicamentos;
• Demora de fornecimentos
de medicamentos receitados;
• Prescrição
indiscriminada de medicamentos da farmácia
básica para todas as queixas;
• Administração
de medicamentos com validade vencida;
• Falta de saneamento básico
nas aldeias;
• A não disponibilização
de recursos para alimentação
para indígenas e seus acompanhantes
que estão em viagem para tratamento
fora da área;
• Atendimento discriminatório
e preconceituoso por parte de alguns servidores
da Funasa;
• Alegação
de falta de recursos para retorno e encaminhamento
dos pacientes em tratamento fora do domicílio;
• Denúncia de mau
atendimento nas Casai de Goiânia e araguaína;
• Médico que fica
pouco tempo nas aldeias, apenas 2 horas para
atender indígenas de duas aldeias na
área Apinajé;
• Rádio do Pólo
demora atender as chamadas das aldeias, ou
às vezes nem atende;
• Excesso de velocidade
e grosseiria de alguns motoristas ao transportar
indígenas doentes e seus acompanhantes;
• Prescrição
de remédio incompatível com
a doença, exemplo: braço machucado,
prescrito remédio para verme;
• Falta de acompanhamento
de servidores da saúde para pacientes
indígenas que fazem tratamento em cidades
distantes de suas áreas;
• Demora nos encaminhamentos
para os hospitais de referência ou outra
localidade para exames ou consultas especializadas;
• Precariedade das estruturas
das Casais, super lotação, falta
higiene e saneamento básico;
• Falta ou má qualidade
de materiais para tratamento dentário
e ausência de trabalho de prevenção;
• Falta incentivo e valorização
de parteiras e pajés;
• Alta de paciente sem estar
em condições de voltar para
as aldeias;
• Falta de prevenção
e tratamento de doenças, como: gripe,
tuberculose, diarréia e desnutrição;
• Longo tempo de espera
ou falta de transporte para conduzir indígenas
doentes e seus acompanhantes que chegam nas
rodoviárias de Brasília, Goiânia
e araguaína, mesmo que estes venham
encaminhados de suas regiões de origem;
• Desmatamento para plantio
de soja, eucalipto e arroz, poluindo os rios
com agrotóxicos utilizados para pulverização
de tais monoculturas, sem que nenhuma providência
seja tomada para resguardar a saúde
das populações indígenas.
Diante de todos esses problemas
relatados exigimos das autoridades competentes
providências imediatas para melhorar
nossa saúde e o respeito aos nossos
direitos.