22/03/2006
- A Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental - CETESB apresentou hoje (22/3)
o Relatório de Águas Interiores
no Estado de São Paulo, com os dados
de acompanhamento da qualidade das águas
dos principais rios e lagos do Estado, em
2005. A apresentação do documento,
que também está disponibilizado
no site da CETESB, aconteceu em meio ao 50º
Congresso Estadual dos Municípios,
que está se realizando no Casa Grande
Hotel, no Guarujá.
A exposição
do trabalho, que contou com a participação
do presidente da CETESB, Rubens Lara, foi
feita por Lineu José Bassoi, diretor
de Engenharia, Tecnologia e Qualidade Ambiental
da Companhia. Também participaram,
da apresentação, outros especialistas
da agência ambiental paulista no assunto,
como os gerentes do Departamento de Tecnologia
de Águas Superficiais e Efluentes Líquidos,
Eduardo Mazzolenis, da Divisão de Qualidade
das Águas, José Eduardo Bevilacqua,
do Setor de Águas Interiores, Nelson
Menegon, e da Divisão de Análises
Hidrobiológicas, Marta Lamparelli,
entre outros.
O relatório, atualizado
anualmente, fornece subsídio técnico
para ações de controle e licenciamento
ambiental, e para as empresas de saneamento,
prefeituras e comitês de bacias hidrográficas
na gestão dos recursos hídricos,
e ainda avalia as condições
de balneabilidade para recreação,
de 31 praias interiores.
O monitoramento da qualidade
da água no Estado, que se iniciou em
1978, teve, em 2005, 338 pontos de amostragem,
representando um aumento de 2,4% em relação
a 2004 (329 pontos). Desses 338 locais de
amostragem, 65 estão junto a pontos
de captação de água para
abastecimento público.
Um destaque entre as informações
produzidas, e incluído no novo relatório,
foram os dados sobre mortandade de peixes,
mostrando a distribuição das
ocorrências por bacia hidrográfica,
sendo que em 2005 foram 154 o total de registros
de mortandade. Entre os eventos registrados,
a maior parte aconteceu na região das
Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí;
seguido da região das Bacias dos Rios
Sorocaba e Alto Paranapanema e dos Rios Grande
e Turvo.
Evolução
do índice
Entre outras informações,
o relatório mostra a evolução
do índice de qualidade da água
para a proteção da vida aquática
– IVA dos corpos d´água do Estado
de São Paulo, pela qual verifica-se
que, em 2005, as faixas de qualidade Ótima,
Boa e Regular totalizaram 57%, um ponto percentual
a mais que no ano anterior, considerando-se
as mesmas faixas de qualidade, o que não
deixa de ser positivo.
Quanto ao Índice
de Qualidade de Águas para Abastecimento
Público – IAP, as faixas de qualidade
Ótima, Boa e Regular de 2004 e 2005
praticamente se mantiveram na mesma situação,
em torno de 76%, embora, é bom lembrar,
que o número de pontos de monitoramento
tenha sido ampliado, de 39 para 50 pontos.
Outro dado favorável
à qualidade encontrado no documento
é o que relaciona-se ao percentual
de tratamento de esgoto no Estado como um
todo, que subiu, de 39% em 2004, para 40%
em 2005. Por faixas de população,
o maior percentual é o da faixa de
até 10 mil habitantes, nos quais se
enquadram 327 municípios, com 61% de
tratamento, seguido da faixa acima de 1 milhão
de habitantes, que contempla apenas três
municípios, com 52,6% de tratamento.
Falta de tratamento
de esgoto
O relatório deste
ano confirma que a principal causa da poluição
dos corpos d´água no Estado continua
sendo o lançamento dos esgotos domésticos
sem tratamento, indicando que ainda há
uma carência desse serviço nos
municípios. Os Coliformes Termotolerantes,
o Fósforo Total, o Oxigênio Dissolvido,
o DBO e os Surfactantes, que são indicadores
da presença dos esgotos não
tratados, se destacam na lista dos contaminantes
detectados nas águas poluídas.
No meio destes, no topo
da relação, em 3. lugar destaca-se
o Manganês, característico do
solo, o que indica, talvez, a necessidade
de maior proteção das matas
ciliares, que impediriam o carreamento desse
elemento para os leitos dos rios.
Por outro lado, os últimos
lugares da mesma lista, com percentuais variando
entre 0 e menos de 6%, são ocupados
por indicadores como mercúrio, sulfato
e zinco, que mostram uma baixa contribuição
da poluição industrial.
Recomendações
gerais
A eutrofização,
consequência do lançamento de
esgotos domésticos, é o principal
motivo de preocupação. Por isso,
conforme recomenda o relatório da CETESB,
deve-se continuar instando as empresas de
saneamento e municípios a implantarem
coleta, afastamento e estações
de tratamento de esgotos para a manutenção
de quantidade e qualidade da água como
um recurso natural a ser preservado.
Também frisa-se que
a presença de toxicidade crônica
e aguda em diversas Unidades de Gerenciamento
de Recursos Hídricos – UGRHIs, sem
causa conhecida, indica a necessidade de estudos
específicos mais detalhados.
Em terceiro lugar, evidencia-se a necessidade
de dados de quantidade – vazão e de
aspectos autóctones e alóctones,
para um diagnóstico mais completo dos
recursos hídricos e a maior compreensão
da correlação quantidade-qualidade.
E, ainda, destaca-se a necessidade
de preservação e a recuperação
das matas ciliares, aliadas às práticas
de conservação e ao manejo adequado
do solo, visando o controle da erosão
nas margens dos cursos d´água
e evitando o assoreamento dos mananciais,
além de minimizar os efeitos das enchentes,
entre outros benefícios.