31/03/2006 – Representantes
de entidades que agregam pescadores amadores
e empresários do setor turístico
de pesca se reuniram no fim da tarde de ontem
com o secretário de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos, José Elias
Moreira, para manifestar apoio às medidas
que o governo do Estado vem adotando, no sentido
de coibir a pesca predatória e recuperar
os estoques pesqueiros. A reunião aconteceu
no gabinete do secretário e estava
presente, também, o superintendente
de Pesca do Estado, Thomaz Lipparelli.
“Entendemos que os rios
não comportam mais abastecer o mercado
de peixes. Há 50 anos a população
era a metade, hoje somos 180 milhões,
amanhã seremos 220 milhões.
Não há peixe nos rios para tanta
gente, é preciso incentivar a criação
em cativeiro e preservar os estoques dos rios”,
ponderou o presidente da Aspadames (Associação
de Pescadores Amadores e de Preservação
do Meio Ambiente do Estado), Astúrio
Ferreira.
“Viemos para deixar claro
que somos a favor das medidas restritivas
à pesca predatória. A fiscalização
tem que ser rigorosa para dar tempo dos peixes
se reproduzirem. Antes a gente viajava 40
quilômetros pra encontrar peixe no Pantanal.
Hoje vamos 400 quilômetros e não
encontramos nada”, completou Luiz Antônio
Martins, presidente da Acert (Associação
Corumbaense de Empresários do Ramo
de Turismo).
O secretário agradeceu
a manifestação de apoio, frisou
que o problema do rápido esgotamento
dos recursos pesqueiros não pode ser
atribuído somente à pesca predatória,
tendo em vista que fatores de degradação
ambiental como o assoreamento causado pela
ocupação desordenada do solo
também contribuem para aniquilar a
vida aquática. O uso de petrechos proibidos,
como redes, tarrafas e anzóis de galho
completa o cenário, acrescentou. “E
o resultado é o que se vê: nossos
rios sem peixes, os pescadores sem condições
de sustentar suas famílias, atirados
numa situação de miséria.
Então temos que agir depressa para
proteger a natureza e dar uma alternativa
melhor a quem vive da pesca.”
José Elias pediu
aos empresários de turismo e aos pescadores
amadores que apresentem propostas no sentido
de dar uma oportunidade de renda melhor aos
pescadores profissionais, para que deixem
a barranca dos rios. “Tenho certeza que se
cada empresário de turismo empregar
um, dois pescador, pra ser canoeiro, guia
turístico, ou outro ofício qualquer,
nós faremos um grande programa social
e podemos, enfim, dar uma trégua aos
nossos peixes para que recomponham os cardumes.”
Outras alternativas, como
estações de piscicultura, requalificação
profissional, preferência nos assentamentos
do Incra e incentivos fiscais para o pescado
criado em cativeiro devem integrar um documento
que será entregue ao governador Zeca
do PT, em audiência a ser marcada com
o mesmo grupo que visitou ontem o secretário.
Levantamento feito pela Sema identificou 1.274
pescadores profissionais em todo Mato Grosso
do Sul.