11/04/2006 - Centro e três
exemplares da fauna amazônica coletados
pelo pesquisador André Ravetta na primeira
expedição científica
à Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Cujubim (AM) foram apreendidos no Aeroporto
Internacional de Belém, nesta segunda-feira,
dia 10, por fiscais da Receita Federal e do
Ibama. O caso vem sendo amplamente divulgado
como biopirataria e tráfico de animais.
André Ravetta, jovem
e dedicado pesquisador da organização
ambientalista Sociedade para Pesquisa e Proteção
do Meio Ambiente – SAPOPEMA, mestre em primatas
da Amazônia com dissertação
defendida na Pós Graduação
em Zoologia (curso organizado pelo Museu Goeldi
e UFPA), como todos os demais pesquisadores
participantes da expedição tinha
autorização do IBAMA para coleta
e transporte do material biológico.
Os especialistas em mamíferos do Museu
Goeldi orientaram Ravetta quanto as espécies
mais interessantes para coletar e o certificaram
com documentação que garantia
o interesse da instituição em
receber o material coletado.
A licença de coleta
e transporte foi emitida pelo Ibama de Manaus
com a informação de que o material
seria depositado no INPA. Inexperiente no
procedimentos do órgão fiscalizador,
o pesquisador esqueceu um elo importante no
processo – não solicitou ao Ibama licença
para transportar o material bilógico
para depósito no Museu Goeldi (Belém-Pará).
O erro colocou em risco o recebimento, a guarda,
a catalogação e o estudo do
material coletado.
Entre os exemplares coletados
por Ravetta, material de alto interesse científico,
encontra-se uma espécie pouco registrada
no Brasil. O Museu Goeldi manifesta sua preocupação
como este caso está sendo divulgado
erroneamente na imprensa e com as condições
inadequadas de guarda desse valioso material
para a pesquisa científica, que em
pouco tempo pode ser danificado se não
for abrigado em prédio equipado com
imunizadores e com temperatura estabilizada
em 18 graus. Apenas o Museu Goeldi e o INPA
tem condições na região
amazônica de receber e acondicionar
o material biológico e por isso são
considerados pelo governo federal como fiéis
depositários.
"Os espécimes
apreendidos pelo IBAMA representam a base
para que pesquisas cuidadosas sobre a biodiversidade
amazônica possam ser desenvolvidas.
Essa é a primeira coleção
de mamíferos de uma região nunca
antes visitada por qualquer cientista",
ressalta Ima Vieira, diretora do Museu Goeldi.