São Paulo, 08 de
junho de 2007 — Será lançado
nesta segunda-feira (11/06), no Museu de Zoologia
da Universidade de São Paulo (USP),
o livro “Peixes de Água Doce da Mata
Atlântica – Lista preliminar das espécies
e comentários sobre a conservação
dos peixes de água doce neotropicais”.
A publicação traz, pela primeira
vez, uma lista preliminar das espécies
de peixes que ocorrem no bioma e apresenta,
para cada uma, dados sobre ‘localidade tipo’
(local onde foi coletado o exemplar que deu
origem à descrição da
espécie), distribuição,
estado sistemático, sinônimos,
ecologia e estado de conservação.
A lista preliminar inclui 309 espécies,
sendo 267 endêmicas (só ocorrem
ali) da Mata Atlântica e 49 oficialmente
ameaçadas em diversas categorias de
ameaça conforme as definições
da IUCN (União Mundial para a Natureza)
e do Ibama.
O livro, uma iniciativa
do Museu de Zoologia da Universidade de São
Paulo, tem como autores Naércio Aquino
Menezes, Stanley Weitzman, Osvaldo Oyakawa,
Flávio Lima, Ricardo Castro e Marilyn
Weitzman e conta com o apoio da Conservação
Internacional, Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp), e Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq).
A obra é pioneira
não apenas por conter a lista de espécies,
mas também considerações
sobre os ambientes aquáticos do bioma,
as principais alterações ambientais
que ocorreram nos habitats e as conseqüências
do desmatamento em relação à
sobrevivência dos peixes de água
doce. Na avaliação de Naércio
Aquino Menezes, autor principal do livro,
“a literatura existente sobre fauna da Mata
Atlântica é omissa, de um modo
geral, com relação a ambientes
aquáticos e ictiofauna. Há apenas
referências sobre peixes de riacho das
unidades de conservação do Vale
do Ribeira de Iguape e sobre aspectos ecológicos
de representantes de alguns grupos”.
Aporte científico
- Nos capítulos iniciais são
feitas considerações sobre o
estado de conservação dos peixes
de água doce da Mata Atlântica,
ressaltando aspectos históricos que
levaram à degradação
dos ambientes aquáticos e diminuição
das populações de espécies.
É destacada ainda, a importância
da manutenção da floresta para
a proteção dos ecossistemas
e da ictiofauna. São abordados tópicos
sobre os habitats e distribuição
dos peixes, com breves considerações
sobre biogeografia.
Mais adiante, são
feitas recomendações sobre a
necessidade de criação e ampliação
de parques estaduais, nacionais e reservas
e sugeridas medidas para ajudar a melhorar
as condições existentes em alguns
segmentos da Mata Atlântica. “Foi um
trabalho árduo, principalmente para
obter ilustrações das espécies,
mas graças à colaboração
de muitos ictiólogos brasileiros e
do exterior, conseguimos reunir o maior acervo
jamais feito sobre peixes da Mata Atlântica”,
conclui Menezes. “O leitor vai sem dúvida
se deparar com uma publicação
profundamente ilustrada e rica, com imagens
(em sua maioria em cores) de quase todas as
espécies” diz Menezes. Luiz Paulo Pinto,
diretor do Programa Mata Atlântica da
Conservação Internacional, destaca
a importância da obra para a literatura
científica e para ações
de conservação. “O conteúdo
que o livro traz é essencial para incorporar
um grupo tão importante como os peixes
em ações integradas de conservação,
além de subsidiar o monitoramento de
ambientes de água doce da Mata Atlântica.
Não temos dúvidas que essa obra
será uma referência sobre o tema,
constituindo uma base histórica de
extrema relevância para todos que trabalhamos
com conservação na Mata Atlântica”.
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Livro aborda os esforços
pela proteção do Muriqui
O Muriqui, o maior macaco
das Américas que está sob risco
de extinção, é o tema
da publicação “Faces na Floresta”,
que será lançada amanhã
(12/06) em São Paulo. Escrito pela
antropóloga americana. Karen B. Strier*,
uma das maiores estudiosas da espécie,
o livro relata uma aventura de pessoas diferentes,
reunidas por acaso, em torno da proteção
do carismático Muriqui, espécie
que ocorre exclusivamente na Mata Atlântica
brasileira. O evento de lançamento
contará com a participação
da jornalista Míriam Leitão
— autora do prefácio do livro —, quem
mediará um bate-papo com a autora,
o antropólogo Sérgio Abranches,
o jornalista Marcos Sá Corrêa,
Ramiro Abdalla Passos - Presidente da Preserve
Muriqui - e Luiz Paulo Pinto – Diretor para
a Mata Atlântica da Conservação
Internacional (CI-Brasil).
O muriqui já ocupa
o papel de “espécie bandeira” similar
àquele representado pelo panda-gigante
na China, o orangotango no sudeste da Ásia,
os gorilas na África, entre outros.
“Essas espécies podem ser usadas como
indicadoras e símbolos de alerta para
a necessidade de conservação
regional. Atuam como ponto focal para programas
de conscientização pública
e de educação, permitindo um
importante complemento para os esforços
de conservação no país”,
afirma Pinto, da CI-Brasil.
Um dos maiores grupos remanescentes
de muriqui conhecidos encontra-se em Santo
Antônio do Manhuaçu, distrito
do município de Caratinga, na região
leste do Estado de Minas Gerais, a cerca de
390 km de Belo Horizonte, onde tudo aconteceu
e vem acontecendo – onde entrelaçaram-se,
pesquisa, preservação, educação
ambiental e o resgate da memória cultural
das comunidades do entorno.
Ícone local - A transformação
histórica e cultural dessa região
surgiu de maneira decisiva, no ano de 1944,
quando Feliciano Miguel Abdalla — filho de
um imigrante libanês com uma brasileira
— adquiriu sua propriedade em local onde descendentes
dos Orleans e Bragança possuíam
terras. Como homem apaixonado pela mata, Feliciano
jurou preservar parte da Fazenda Montes Claros,
hoje transformada na Reserva Particular do
Patrimônio Natural Feliciano Miguel
Abdala (RPPN-FMA).
Difícil imaginar
que ele estivesse consciente de que, naquele
momento, estava começando a escrever
um dos capítulos mais belos da cultura
e da história das comunidades da região.
A história da preservação
do muriqui — que se confunde com a história
do povoado - provocou transformações
e construiu uma riqueza cultural genuína
entre a população local. Hoje,
a RPPN-FMA está se tornando um importante
pólo eco-turístico de alcance
nacional e internacional, proporcionando uma
nova perspectiva de desenvolvimento para a
região.
O livro apresenta os resultados
das pesquisas iconográfica e antropológica
— realizadas ao longo de mais de 20 anos —
através de texto literário,
fotos e desenhos abordando a realidade do
macaco muriqui-do-norte na RPPN-FMA. Não
se trata de uma tese, mas sim de um relato
da pesquisadora Dra. Karen Strier, em linguagem
acessível, repleto de imagens produzidas
na região por importantes fotógrafos
de arte. Portanto, pode ser lido, entendido
e apreciado também pelo público
‘não–cientista’.
‘Faces na Floresta’ é
uma realização da Sociedade
para a Preservação do Muriqui
(Preserve Muriqui), com o patrocínio
da Fosfértil através da Lei
Rouanet. O livro não será vendido
e terá parte da tiragem distribuída
gratuitamente para escolas, universidades,
bibliotecas publicas, ONG’s e círculos
de leitura. Outras instituições
interessadas podem entrar em contato com a
Preserve Muriqui.
*Karen Barbara Strier tem
bacharelado em Sociologia/Antropologia pela
Swarthmore College (EUA) e Master e PhD em
Antropologia pela Harvard University (EUA).
É professora do Departamento de Antropologia
da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA),
membro da Academia de Ciências Americana
e pesquisadora/professora da Universidade
Federal de Minas Gerais.
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Lançamento do livro
“Corredor de Biodiversidade do Amapá”
Macapá, 01 de junho
de 2007 — Na próxima terça-feira
(05), em Macapá, será lançado
o livro “Corredor de Biodiversidade do Amapá”.
O evento integra as comemorações
do Dia Mundial do Meio Ambiente e deve apresentar
à sociedade local os principais esforços
dedicados à consolidação
do Corredor de Biodiversidade do Estado, nos
últimos cinco anos.
Durante o lançamento,
a Conservação Internacional
(CI-Brasil) também anunciará
o compromisso de investir R$ 300 mil na elaboração
do plano de manejo da Floresta Estadual do
Amapá, uma das mais importantes unidades
de conservação do corredor.
A Floresta Estadual do Amapá foi criada
em 2006 e possui 2,3 milhões de hectares
– o que representa 16,5% da área do
Amapá, o estado mais preservado do
país.
Para Antonio Carlos Farias,
Secretário de Meio Ambiente do Estado,
o lançamento do livro ‘Corredor de
Biodiversidade do Amapá’ representa
“o coroamento de uma parceria vitoriosa entre
o Governo do Amapá e a Conservação
Internacional”, iniciada em 2003, ano em que
a criação do Corredor foi anunciada
pelo governador do Estado.
De acordo com o secretário,
a primeira etapa do processo de implementação
do Corredor do Amapá foi encerrada
com êxito, já que, entre os principais
resultados, 11 expedições científicas
foram realizadas na área e resultaram
na produção de um grande volume
de informações, que supriram
a carência de informações
científicas sobre a biodiversidade
do Estado. “Agora, iniciaremos uma outra etapa:
a implementação da Floresta
Estadual do Amapá, que, entre outros
benefícios, deve garantir o ordenamento
da exploração madeireira no
Estado. E, assim, o Amapá continua
a fazer o seu dever de casa. Nós continuamos
a ser o Estado mais bem preservado do Brasil.
Continuaremos a criar unidades de conservação,
para garantir a proteção dos
nossos recursos naturais. Ainda este ano,
também devemos criar um parque estadual
para proteger as áreas de cerrado existentes
no Corredor”, completa.
Investimentos - Desde 2003,
mais de um milhão de reais já
foram investidos no Corredor do Amapá,
pelo Fundo Global de Conservação
(GCF), da Conservação Internacional
- que financia a criação e a
expansão de áreas protegidas,
bem como as ações realizadas
em longo prazo nestes locais, considerados
de grande prioridade para a conservação
da biodiversidade.
Além do investimento
proveniente do GCF, a CI-Brasil apoiou a captação
de recursos para o Corredor. Em fevereiro
do ano passado, por exemplo, quase R$ 100
mil reais foram obtidos junto à Fundação
Lee & Gund. Esta quantia resultou na realização
de uma expedição científica
no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque,
que durou mais de duas semanas, e na elaboração
do livro sobre o Corredor, publicado em duas
línguas (português e inglês),
para que a importância biológica
da Amazônia e do Estado do Amapá
seja reconhecida ao redor do mundo.
O lançamento do Corredor
de Biodiversidade, em 2003, também
gerou outros investimentos para a conservação
da biodiversidade do Amapá. Estima-se
que um total de 12 milhões de reais
foram destinados ao Estado, nos últimos
cinco anos. Entre os responsáveis por
estes investimentos, estão o Governo
do Amapá, por meio das Secretarias
Estaduais de Desenvolvimento Econômico
(SEDE) e de Meio Ambiente (SEMA), o Instituto
de Pesquisas Científicas e Tecnológicas
do Amapá (IEPA) e o pelo Governo Federal,
representado pelo Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) e o Programa Áreas Protegidas
da Amazônia (ARPA).
“A criação
do Corredor de Biodiversidade do Amapá,
em 2003, mostrou-se um grande sucesso. Nunca,
em toda a história do Amapá,
tantos investimentos foram feitos para a proteção
dos recursos biológicos locais. O nosso
próximo desafio é criar um fundo
estadual de conservação, para
garantir a perpetuidade de todas as ações
de proteção, pesquisa e capacitação
técnica, iniciadas no decorrer destes
anos”, afirma José Maria Cardoso da
Silva, vice-presidente de ciência da
Conservação Internacional.
Resultados – Entre as principais
ações realizadas no Corredor
do Amapá, com o apoio da CI-Brasil,
estão:
- A inauguração
de um sistema de radiocomunicação,
que interliga as unidades de conservação
estaduais à Secretaria de Meio Ambiente,
facilitando as ações de monitoramento
e fiscalização na área;
- A construção
da sede do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque
em Serra do Navio, a fim de facilitar o processo
de gestão do maior parque de florestas
tropicais do mundo;
- A ampliação
da capacidade de gerenciamento e armazenamento
das informações sobre o Corredor
pelo IEPA, por meio da aquisição
de um novo servidor de rede;
- A criação
do Programa de Pós-Graduação
em Biodiversidade Tropical, que visa qualificar
profissionais para o manejo da biodiversidade
e a gestão territorial da área,
entre outros objetivos.
Livro - O "Corredor
de Biodiversidade do Amapá" contém
53 páginas, que ressaltam a rica biodiversidade
da Amazônia e, mais especificamente,
do Estado do Amapá. Bastante ilustrada,
esta publicação apresenta várias
imagens de cenários e espécies,
encontrados na área em que se localiza
o Corredor do Amapá.
O livro será lançado
pela parceria entre o Governo do Amapá,
através da Secretaria de Estado de
Meio Ambiente (SEMA), o Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) e o Instituto de Pesquisas Científicas
e Tecnológicas do Estado do Amapá
(IEPA), Conservação Internacional
(CI-Brasil) e a Lee & Gund Foundation.
Os interessados podem obter
a cópia eletrônica (formato pdf)
de o "Corredor de Biodiversidade do Amapá"
pelo endereço www.conservacao.org/publicacoes.
Serviço: O evento
de lançamento do livro sobre o Corredor
do Amapá acontecerá, às
9h, no auditório da Universidade Estadual
do Amapá (Av. Presidente Vargas, 650.
Centro).