14/06/2007 - Rafael Imolene
- O Parque Nacional do Itatiaia completou
sete décadas de história nesta
quinta-feira (14) e acaba de se transformar
em uma referência para os demais 61
parques nacionais distribuídos em todas
as regiões do País. No dia 14
de junho de 1937, o então presidente
Getúlio Vargas, sensibilizado com a
biodiversidade do local, decretou a criação
do Itatiaia, com 12 mil hectares. Enxuto,
o decreto afirmava que ali havia uma "flora
inteiramente diversa da de outras montanhas
do Brasil".
Setenta anos se passaram
e hoje é sabido que ali estão
guardadas verdadeiras preciosidades animais
e vegetais da Mata Atlântica, o mais
devastado entre os biomas flbrasileiros. Hoje,
com 30 mil hectares, o parque está
completando uma reestruturação
que servirá de exemplo aos seus pares
mais jovens. "Estamos inaugurando uma
nova etapa. A principal meta é torná-lo
uma referência para a estruturação
das unidades de conservação
do Brasil inteiro", diz o diretor do
Parque Nacional do Itatiaia, Walter Behr.
Essa renovação
foi possível com a aplicação
de recursos de compensação ambiental.
O parque dispôs de aproximadamente R$
3,5 milhões para realizar uma série
de reformas previstas no "Programa de
70 anos", lançado pela ministra
Marina Silva em abril do ano passado, possibilitando
a recuperação de um importante
ponto turístico, o Centro de Visitantes,
além da sede administrativa, do núcleo
de fiscalização e dos alojamentos.
Os 70 anos foram celebrados
nesta quinta-feira com uma programação
de palestras e homenagens. A comemoração
prosseguirá no dia 28, quando será
colocada, ao lado da pedra fundamental de
Getúlio Vargas, uma nova rocha alusiva
ao septuagésimo aniversário.
Para o diretor de Unidades de Conservação
de Proteção Integral do Instituto
Chico Mendes, Marcelo Françozo, a condição
de mais antigo é apenas uma parcela
do que torna o parque especial. "O Itatiaia
tem um patrimônio natural muito rico
que precisa ser protegido, além de
possuir uma beleza cênica poucas vezes
encontrada em outro lugar", afirma Françozo.
As paisagens realmente são
um dos diferenciais do parque, que atrai mais
de 80 mil visitantes por ano. Entre suas atrações
incluem-se lagos, cachoeiras, uma piscina
natural, nascentes e picos montanhosos, como
o Pico das Agulhas Negras. Não obstante,
está localizado no eixo Rio-São
Paulo, abrangendo alguns municípios
do sul de Minas Gerais e sudoeste do Rio de
Janeiro. "Aquela região é
muito ocupada pelo homem. Isso aumenta a importância
de ter ali uma área protegida",
diz Françozo.
Para ampliar o número
de 80 mil visitantes anuais e incentivar o
turismo ecológico na região,
o Parque Nacional do Itatiaia contará
com novas exposições no centro
de visitantes, totalmente revitalizado. Além
da recuperação da fachada do
prédio erguido nos anos 1940, o projeto
prevê a instalação de
terminais multimídia com as principais
informações do parque, bem como
uma mostra de fotografias, uma cafeteria e
uma loja de souvenir. Para completar, haverá
uma exposição interpretativa,
jogos interativos para a educação
ambiental das crianças e uma sala de
montanhismo.
Os abrigos de visitantes
também foram reformados. Um novo folder,
o "Planalto do Itatiaia", elaborado
em parceria com a Federação
de Montanhismo de São Paulo (Femesp),
orienta a visita de turistas na parte alta
do parque, contendo as principais trilhas
e recomendações para caminhadas
e escaladas. Os recursos para as obras e projetos,
provenientes de compensação
ambiental, totalizam R$ 3,05 milhões
da Terna Participações, holding
brasileira de transmissão de energia,
e R$ 415 mil de Furnas. O parque também
conta com parceria da Natura, Instituto Votorantim,
INB (Indústrias Nucleares do Brasil)
e Cogumelo (madeira plástica), entre
outras.
Foto: MMA