17 de Junho de 2007 - Vladimir
Platonow - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - As fontes de energias
alternativas vão responder por 10%
do consumo brasileiro em menos de uma década.
A previsão é da coordenadora
do Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia (Proinfa), Laura Porto,
do Ministério de Minas e Energia (MME).
Atualmente, essas energias representam 3,5%
da matriz de consumo elétrico nacional.
Fazem parte do Proinfa as energias eólica
(dos ventos), de biomassa (bagaço da
cana-de-açúcar queimado em caldeiras,
por exemplo) e de pequenas centrais hidrelétricas
(conhecidas como PCHs).
Embora as fontes alternativas
ainda sejam mais caras que as tradicionais
(a eólica custa R$ 220 o megawatt,
contra R$ 140 da energia hidrelétrica
nova), a coordenadora do Proinfa garante que
a tendência é baixar o preço.
"Se o país realmente investir
em uma política industrial, numa capacitação
e formar escala, há tendência
muito grande para redução, como
já está acontecendo no mundo.
Há dez anos, o custo da energia eólica
era de R$ 400 por megawatt, agora já
baixou para até R$ 140 em alguns países",
diz.
O Proinfa foi criado em
2002, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso,
mas só foi regulamentado em 2004, quando
começou a funcionar. O objetivo é
variar a matriz energética, através
do incentivo a produtores alternativos, garantindo
maior segurança do sistema. Segundo
a coordenadora do programa, já estão
sendo operados comercialmente 820 megawatts,
sendo 420 megawatts de biomassa, 208 megawatts
de eólica e 192 de PCHs.
"Já temos 30
empreendimentos operando comercialmente e
mais 52 em construção, que agregarão
mais 1 mil megawatts, o que significa dizer
que em breve teremos cerca de 1,8 mil megawatts
disponíveis, ou mais de 50% da meta,
que é chegar a 3,3 mil megawatts até
2008", afirma Laura Porto.
De acordo com a diretora
do MME, só em potencial eólico
o país tem 143 gigawatts, o que seria
quase como dez usinas hidrelétricas
de Itaipu. Mas ela reconhece que esse número,
baseado em dados do Atlas Eólico Brasileiro,
é apenas teórico: "Na prática,
hoje é possível explorar 15
mil megawatts". Segundo Laura Porto,
entre os países europeus, a fonte eólica
já é utilizada há muitos
anos, com destaque para a Dinamarca, que extrai
dos ventos 20% de toda energia consumida.
Sobre outra fonte alternativa
de energia, a do sol, Porto explicou que essa
não faz parte do Proinfa porque o programa
foi concebido para alimentar o sistema elétrico
integrado nacional, enquanto que a solar é
mais voltada para aplicações
isoladas. Mesmo assim, ela diz que no programa
Luz para Todos, do governo federal, os painéis
fotovoltaicos (que transformam luz do sol
em energia elétrica) já chegam
a 10 mil pontos de consumo.
Quanto à utilização
do sol para esquentar a água (com o
uso dos coletores solares, que podem ser instalados
no topo dos edifícios ou no telhado
das casas), a diretora do MME adianta que
está sendo desenvolvido um amplo projeto
para o setor: "Já temos um estudo
e queremos lançar uma proposta, através
de um programa mais robusto, em parceria com
outros ministérios".
Atualmente, o maior entrave
para o uso dos painéis solares é
o custo, entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, o que
poderia ser superado com linhas de crédito
a juros baixos do sistema público financeiro.
Apesar de o Brasil dispor de uma insolação
privilegiada, o país usa muito pouco
esta capacidade, ao contrário de outros
países do mundo, com bem menos dias
de sol, que utilizam maciçamente a
energia solar.
+ Mais
Estudo e relatório
de impacto ambiental foram entregues ao Ibama
em 2005
23 de Junho de 2007 - Alana
Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - O Estudo de Impacto
Ambiental e o Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/Rima) sobre a construção
da usina nuclear de Angra 3 está sob
análise no Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e os técnicos já pediram
complementações referentes à
parte de análise de risco inerente
à atividade, quanto à fauna
marinha e à flora local.
Segundo a física
Sandra Miano, responsável pela área
nuclear na Diretoria de Licenciamento do instituto,
esses documentos chegaram ao órgão
em maio de 2005 – "o Ibama está
atrasado no processo". Mas já
demonstraram que o efeito da entrada em operação
da usina pouco acrescentará ao quadro
de avaliação de impacto para
a questão da dispersão da pluma
termal (descarga de água aquecida)
obtido para Angra 1 e 2. Os efeitos radiológicos
das emissões dessas duas unidades nucleares
são controlados pelo Ibama e pela Comissão
Nacional de Energia Nuclear (Cnen).
Atualmente, explicou Miano,
o Ibama conclui o parecer que vai permitir
a liberação da licença
prévia para o empreendimento. “Já
foram avaliados os aspectos tecnológicos
e de viabilidade ambiental, além da
alternativa locacional apresentada. Após
a licença prévia, o empreendedor
[construtor da usina] deverá nos apresentar
o documento que precede a instalação,
que é o plano de impacto ambiental”,
informou. Esse documento, acrescentou, norteia
as ações ambientais que serão
tomadas para mitigar os impactos decorrentes
da implantação do projeto.
Pela Resolução
237 do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), que rege o licenciamento ambiental,
o Ibama teria prazo de um ano após
o empreendedor protocolar os estudos no Instituto
para analisar e conceder a licença.
Os impasses jurídicos que antecederam
as audiências públicas provocaram
o adiamento do processo, que sofreu também
o efeito da greve dos funcionários
do Ibama. Sandra Miano lembrou, no entanto,
que 50% do quadro de pessoal do Ibama se mantêm
trabalhando.