25 de Junho de 2007 - Brasília,
Brasil — Ativistas do Greenpeace protestam
contra a usina durante a reunião do
conselho
Em reunião nesta
segunda, o Conselho Nacional de Política
Energética (CNPE) aprovou, com o voto
contrário do Ministério do Meio
Ambiente, uma recomendação para
a retomada da construção de
Angra 3. Agora, cabe ao presidente Lula decidir
sobre a matriz energética brasileira,
validando a decisão do CNPE, que vai
gastar mais de R$ 7 bilhões em uma
energia poluidora e perigosa, ou optando por
um futuro limpo e sustentável para
o Brasil, com uma matriz baseada em renováveis
como a energia eólica, solar e biomassa.
No início da reunião,
ativistas do Greenpeace protestaram em frente
ao Ministério de Minas e Energia contra
Angra 3 e o programa nuclear brasileiro. O
presidente Lula, representado por um ativista,
demonstrava seu apoio à construção
da usina. Outros manifestantes, fantasiados
de bombas, carregavam placas com a mensagem
“Angra 3,2,1...Governo, não ative essa
bomba”. O protesto serviu para expor o que
está por trás do programa nuclear
brasileiro.
“Os interesses do setor
nuclear não são energéticos,
como ficou claro com a afirmação
do ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner,
após a reunião. Eles visam garantir
mais investimentos para a extração
e o enriquecimento de urânio, indispensáveis
para combustível nuclear, que pode
ser utilizado em usinas, submarinos e bombas
nucleares”, disse Guilherme Leonardi, da campanha
de energia do Greenpeace.
Hubner chegou a afirmar
durante coletiva após a reunião
que, com Angra 3, criam-se condições
para o Brasil implementar o ciclo completo
de extração e enriquecimento
de urânio em escala comercial.
“Essa fachada adotada pelo
governo federal não convence. Além
disso, é de conhecimento público
que Angra 3 não vai afastar o risco
de apagões, já que levará
pelo menos seis anos para ficar pronta, além
de ser a opção mais cara e insegura
em termos de geração de energia.”,
complementou.
O CNPE, composto por ministros,
representante dos Estados, do Distrito Federal,
da comunidade científica e da sociedade
civil - ainda não nomeado - tem o papel
de aconselhar o executivo federal no planejamento
energético. Agora, a decisão
final sobre a expansão do parque nuclear
brasileiro está nas mãos do
presidente Lula. Na semana passada, o presidente
Lula tornou público seu apoio à
Angra 3 ao afirmar, em discurso no Rio de
Janeiro, que não há riscos de
acidentes e que a energia nuclear é
limpa porque não gera emissões
de carbono.
Para o Greenpeace, ao contrário
do que diz o presidente, a energia nuclear
é cara, perigosa, gera poucos empregos
e não é o caminho para o Brasil
enfrentar o aquecimento global. Em termos
de custos, com os R$ 7,4 bilhões previstos
para construir Angra 3, seria possível
instalar um parque de turbinas eólicas
com o dobro da potência prevista para
essa nova usina nuclear (1.350 MW), gerar
32 vezes mais empregos, sem produzir lixo
radioativo ou trazer risco de acidentes graves.
Outro problema apontado pela ONG é
o tempo que seria necessário para concluir
a usina. Segundo as previsões oficiais
e afastando-se a possibilidade de atrasos
nas obras, Angra 3 levaria pelo menos seis
ou sete anos para começar a gerar energia.
Um parque eólico com a mesma potência
de Angra 3 ficaria pronto em, no máximo,
dois anos. O Brasil ainda não possui
depósito definitivo para o lixo radioativo
das usinas Angra 1 e 2 e a entrada em funcionamento
de Angra 3 agravaria este problema.
Ao final do protesto, os representantes do
Greenpeace encaminharam à Presidência
da República e aos membros do CNPE
uma carta assinada por 14 organizações
em repúdio à construção
de Angra 3 e reivindicando a imediata nomeação
do representante da sociedade no CNPE, de
acordo com o regulamento do próprio
Conselho. “Lula corre o risco de entrar para
a história como o líder que
ressuscitou o decadente e desnecessário
Programa Nuclear Brasileiro, deixando uma
herança radioativa e perigosa para
as futuras gerações”, finaliza
Leonardi.
- Proteste agora! Diga ao
Presidente e aos membros da CNPE que você
é contra a instalação
de mais usinas nucleares no Brasil.