Panorama
 
 
 

ESTUDO IDENTIFICA ÁREAS PARA RECUPERAÇÃO NO ESTADO DE SP

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Outubro de 2007

Iniciativa que envolveu pesquisadores de órgãos estaduais, universidades e ONGs apresenta resultados importantes para subsidiar políticas públicas de conservação
São Paulo, 10 de outubro de 2007 — A unidade da federação mais populosa e considerada o ‘motor econômico’ do país reúne o conhecimento científico mais completo e atualizado sobre a sua biodiversidade. É isso o que mostra uma análise detalhada de dados biológicos do estado de São Paulo que, graças ao trabalho de mais de 160 pesquisadores, compilou um banco de dados com cerca de 300 mil registros de espécies da fauna e flora para definição de áreas consideradas prioritárias para a conservação. Os resultados do estudo ‘Diretrizes da Política de Conservação e Restauração da Biodiversidade no Estado de São Paulo’ serão apresentados hoje, na capital paulista com a presença da Secretária de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, Maria Cecília Wey de Brito, e do Secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Xico Graziano.

Desenvolvido ao longo de dois anos pelo Programa BIOTA de Pesquisas em Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo, com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Biota/Fapesp), o estudo registrou 10.500 espécies, das quais 3.400 alvo no estado, e identificou, pela primeira vez, as áreas onde devem ser concentrados os esforços para a recuperação florestal em solo paulista. A iniciativa foi realizada em parceria com o Instituto de Botânica, Instituto Florestal e Fundação Florestal, vinculados à Secretaria de Meio Ambiente (SMA); as universidades estaduais USP, UNICAMP e UNESP; e as organizações não-governamentais Conservação Internacional (CI-Brasil) e Centro de Referência e Informação Ambiental (CRIA).

Bússola para políticas públicas – A iniciativa partiu do compromisso do Programa Biota/Fapesp e seus parceiros de disponibilizar o conhecimento científico produzido no estado com recursos públicos para a adequação das políticas ambientais em São Paulo. Os resultados do trabalho, que teve a finalidade de discutir e elaborar mapas de áreas prioritárias para ações de conservação e restauração da biodiversidade no estado, devem subsidiar estratégias diferenciadas de conservação, como a criação de Unidades de Conservação de proteção integral e uso sustentável, a definição de Reserva Legal - um instrumento da legislação ambiental brasileira que diz que 20% da propriedade rural no estado de SP não pode ser desmatado -, a necessidade de proteção ou restauração de corredores ecológicos interligando os fragmentos. Embora disponha de instrumentos legais para conter o desmatamento e recuperação de áreas, atualmente há um déficit de 12% de áreas de Reserva Legal em média por propriedade agrícola do estado, nas regiões mais produtivas, restando apenas 14% de áreas florestais em território paulista, que representa aproximadamente 3.500 milhões hectares de florestas remanescentes, dos quais apenas 720 mil ha estão em Unidades de Conservação.

As diretrizes contidas na análise serão utilizadas como ferramentas de planejamento e fiscalização da SMA do estado de São Paulo. De acordo com o secretário, Xico Graziano, “os órgãos ambientais passarão a dispor de dados atualizados que permitirão indicar as áreas para a criação de corredores ecológicos e estabelecer prioridades nas ações da Polícia Militar Ambiental”. Segundo o professor Ricardo Rodrigues, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP e coordenador do Biota/Fapesp, o estudo dará base científica para definir áreas a serem beneficiadas pelos recursos de compensação ambiental, exigidos dos empreendedores. “Isso contribui para delinear a própria ocupação da área agrícola na região das novas usinas", esclarece.

“Devido à crescente pressão das atividades econômicas, mais recentemente ampliada pela demanda por biocombustíveis, é de extrema importância o desenho de políticas públicas adequadas que consigam efetivamente conservar e restaurar a biodiversidade do estado de São Paulo. A região insere-se, em sua maior parte, no domínio da Mata Atlântica, que destaca-se entre os 34 hotspots mundiais de biodiversidade, ou seja, as regiões mais ricas e ameaçadas do planeta”, afirma Luiz Paulo Pinto, diretor do Programa Mata Atlântica da CI-Brasil. Ele ressalta que o estudo das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade de São Paulo deve servir de modelo e exemplo a ser seguido futuramente pelos demais estados da Mata Atlântica. “Temos que investir cada vez mais na capacitação técnica, no fortalecimento institucional, no diálogo entre os três setores da sociedade e na produção do conhecimento científico qualitativo. Isso porque quanto maior for a participação, o compromisso e o detalhamento dos dados biológicos de uma região, tanto maiores serão as chances de elaborarmos estratégias integradas e eficazes na manutenção e restauração da biodiversidade."
Mapas no link: http://ecologia.ib.usp.br/lepac/if/; fotos e entrevistas disponíveis mediante solicitação.

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Wai Wai aplicam economia da conservação em área tradicional

Direitos à terra permitem a grupos indígenas decidir sobre a melhor utilização dos recursos
Distrito de Konashen, Guiana, 03 de outubro de 2007 — Três anos depois de haverem conseguido a titulação formal de seu território na Amazônia setentrional, o povo Wai Wai da Guiana conseguiu outra vitória quando sua região foi declarada a primeira Área de Conservação de Propriedade da Comunidade.

De acordo com as regulações aprovadas pelo parlamento da Guiana, a comunidade Wai Wai formalmente designou sua área como área protegida e adotou um plano de manejo, desenvolvido com o apoio da Conservação Internacional (CI) para a área de 625 mil hectares na fronteira do país com o norte do estado brasileiro do Pará.

Como gestores de uma Área de Conservação de Propriedade da Comunidade (COCA, na sigla em inglês), os 204 Wai Wai do Distrito de Konashen estão formando uma “economia da conservação” baseada no uso sustentável de seus recursos naturais. O plano gerará empregos nas atividades de conservação, tais como pára-biólogos que trabalharão com pesquisadores para avaliar a flora e a fauna do território, e fiscais locais que patrulharão a área. Outras atividades econômicas incluem o ecoturismo e a expansão dos negócios artesanais tradicionais dos Wai Wai. A declaração da COCA tornou realidade a visão de Elka - que se tornou o primeiro Kayaritomo (chefe) dos Wai Wai em 1969 – que era a da detenção da propriedade e o manejo sustentável das terras pelos Wai Wai.

“Sempre fomos os guardiães das florestas que nos sustentam, e agora é oficial, reconhecido pelo governo e pelo mundo”, disse Cemci Sose, atual Kayaritomo dos Wai Wai. “O desafio imediato que enfrentamos é a criação de oportunidades econômicas através da Área de Conservação de Propriedade da Comunidade para impedir que os jovens partam, o que poderia destruir nossa comunidade.”

Os Wai Wai receberam a titulação formal de suas terras em 2004, e imediatamente solicitaram a ajuda da CI para a produção do plano de manejo e das regulações necessárias para tornar a área uma COCA. Nos três anos seguintes as lideranças Wai Wai trabalharam com a CI, a Agência de Proteção Ambiental da Guiana e o Ministério de Assuntos Ameríndios para elaborar um plano e uma estrutura de manejo que aportem benefícios econômicos aos Wai Wai ao mesmo tempo em que protegem parte dos maiores trechos remanescentes de floresta tropical intacta da Terra.

“Os Wai Wai confirmaram aquilo que o Governo da Guiana sempre defendeu: que o atendimento das reivindicações à terra dos Ameríndios é uma maneira de proteger o meio ambiente para as futuras gerações,” disse a Ministra de Assuntos Ameríndios Carolyn Rodrigues. “Quem seria mais qualificado a proteger o ambiente do que aqueles que o têm protegido desde sempre?”.

Ao tornar sua terra natal uma Área de Conservação de Propriedade da Comunidade, os Wai Wai passam a integrar o Sistema Nacional de Áreas Protegidas da Guiana e a se beneficiar de um fundo fiduciário que está sendo formado pelo governo da Guiana. O Fundo Global de Conservação da CI e o governo alemão são os principais contribuidores da iniciativa.

A terra Wai Wai faz parte do Escudo das Guianas, uma vasta extensão da floresta tropical Amazônica que atravessa seis países sul-americanos. A região abriga espécies como a onça pintada, a rã venenosa azul, o galo-da-serra e a araracanga.

A CI está promovendo o valor da floresta tropical dos Wai Wai e ressaltando os serviços ambientais que ela proporciona, tais como o seqüestro de carbono e bacias hidrográficas limpas. . O corte e a queimada de florestas tropicais contribui com 20% das emissões totais de gases do efeito estufa, que são responsáveis pelo aquecimento global, e o crescente mercado mundial do carbono representa uma oportunidade para países em desenvolvimento como a Guiana, que podem se beneficiar do valor de mercado da floresta em pé, que absorve o carbono da atmosfera. Além disso, a terra natal dos Wai Wai encontra-se nas cabeceiras do Essequibo, o maior rio da Guiana, o que efetivamente faz dos Wai Wai os protetores da maior fonte de água doce do país.

Isso demonstra o poder que a concessão dos direitos à terra confere às populações indígenas porque elas sabem o que é melhor para suas próprias comunidades,” afirma o presidente da CI, Russell A. Mittermeier. “Os Wai Wai poderiam ter vendido a madeira e outros ativos naturais e receber em troca um pagamento único, mas ao invés disso eles preferiram proteger a floresta tropical e permitir que gerações futuras continuem a usufruir dela”.
Lisa Famolare, Vice Presidente do Programa Regional das Guianas
Susan Bruce, Diretora de Midia Internacional
Tom Cohen, Diretor de Relações com a Mídia

A Conservação Internacional (CI) aplica inovações da ciência, economia, política e participação comunitária à proteção das regiões de diversidade vegetal e animal mais ricas da terra e visa demonstrar que as sociedades humanas podem conviver harmonicamente com a natureza. Fundada em 1987, a CI atua em mais de 40 países de quatro continentes para ajudar as pessoas a encontrarem alternativas econômicas sem prejuízo de seus ambientes naturais. Veja mais informações sobre a CI no site www.conservation.org.

O Fundo Global de Conservação da Conservação Internacional financia a criação, a expansão e o manejo a longo prazo de áreas protegidas nos hotspots de biodiversidade, , nas grandes regiões naturais de alta biodiversidade e regiões marinhas importantes. www.conservation.org/gcf/

 
 

Fonte: Conservação Internacional Brasil (www.conservation.org.br)
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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