11/10/2007
- O secretário do Meio Ambiente, Xico
Graziano, apresentou nesta quarta-feira (10/10)
os mapas temáticos elaborados com base
no banco de dados científicos do Programa
de Pesquisas em Conservação
e Uso Sustentável da Biodiversidade
do Estado de São Paulo – Biota/FAPESP,
que serão incorporados pelos órgãos
da SMA em suas ações de planejamento
e fiscalização.
Segundo Graziano, “os órgãos
ambientais passarão a dispor de dados
atualizados que permitirão indicar
as áreas prioritárias para conservação
e criação de corredores ecológicos,
além de estabelecer prioridades nas
ações da Polícia Ambiental”,
informou. Graziano adiantou também
que está sendo providenciada a compilação
dos mapas temáticos e mapas-síntese
em livro a ser lançado no primeiro
semestre de 2008.
Os mapas foram elaborados
a partir de mais de 200 mil registros de 10.491
espécies da fauna e flora nativas,
além de dados de paisagem e do meio
físico, e envolveu cerca de 160 pesquisadores
de instituições como os Institutos
de Botânica e Florestal, e Fundação
Florestal, da SMA, e as universidades estaduais
USP, UNICAMP, UNESP, além do LEPAC/USP
– Laboratório de Ecologia da Paisagem
e Conservação e de organizações
não-governamentais como a CRIA- Centro
de Referência e Informação
Ambiental e a Conservação Internacional.
No entender dos técnicos
da SMA, as políticas conservacionistas
no Estado de São Paulo se destacam
por dispor de informações científicas
consolidadas no banco de dados do Programa
Biota-FAPESP, como os mapas temáticos
sobre os grupos biológicos e os mapas
síntese com as análises métricas
de paisagem, mensurando a extensão
dos fragmentos de mata.
“Há um ganho evidente
na gestão dos recursos naturais”, explicou
Graziano, apontando as inúmeras possibilidades
de aplicação dos mapas temáticos,
como a indicação de áreas
a ser adquiridas pelo Estado para conservação
da biodiversidade, para a criação
de Unidades de Conservação de
Proteção Integral ou de Uso
Sustentável, usando inclusive recursos
de compensação ambiental; indicação
de áreas para conservação
da biodiversidade, na forma de Reserva Legal
– RL ou Reserva Particular do Patrimônio
Natural – RPPN; indicação de
áreas prioritárias para realização
de pesquisas; e indicação de
áreas prioritárias para restauração
de matas ciliares, restabelecendo corredores
ecológicos interligando os fragmentos
florestais remanescentes na paisagem.
E complementou: “Os documentos
podem também, subsidiar a elaboração
de projetos de conservação e
de recuperação de áreas
degradadas, apontar as regiões onde
devem ser reforçadas ações
de fiscalização e de educação
ambiental, facilitar a seleção
de áreas para compensação
ambiental e apoiar, com dados atualizados,
as atividades de licenciamento de empreendimentos,
facilitando a proteção das áreas
mais ricas em biodiversidade”.
Ricardo Ribeiro Rodrigues,
professor da ESALQ-USP e coordenador do Programa
Biota-FAPESP, iniciado em 1999, lembrou que
o Biota se constituiu “no mais ambicioso programa
sobre biodiversidade já desenvolvido
no Brasil”. “Hoje, após oito anos,
o programa desenvolvido com recursos da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado – FAPESP,
contabiliza a identificação
de 500 novas espécies de plantas e
animais, denotando a riqueza da biodiversidade
no Estado de São Paulo. Esse é
o resultado de um projeto coletivo que envolveu
cerca de mil pesquisadores, porém vale
ressaltar que a SMA contribuiu significativamente
para a obtenção desses resultados”,
afirmou. Quanto à iniciativa da Secretaria
do Meio Ambiente, Rodrigues enfatizou que
“essa metodologia de utilização
de dados biológicos para a alocação
dos espaços e criação
de políticas públicas é
inédita no Brasil”.
Os mapas temáticos
podem ser acessados na internet pelo endereço
http://ecologia.ib.usp.br/lepac/if
Texto: Wanda Carrilho
Foto: José Jorge/Pedro Calado