As águas que correm
na bacia do Alto Iguaçu terão
sua qualidade aumentada em até 80%
com um projeto que aproveitará suas
várzeas (áreas úmidas)
para recuperá-las. Um estudo feito
pela Superintendência de Recursos Hídricos
e Saneamento Ambiental (Suderhsa) foi apresentado
nesta quinta-feira (25) durante os eventos
do “IX Encontro Nacional dos Comitês
de Bacias Hidrográficas”, que acontece
em Foz do Iguaçu.
De acordo com o projeto,
o sistema utiliza as várzeas - localizadas
às margens do rio Iguaçu - que
possuem cavas formadas pela extração
de areia e argila. Conhecido como Sistema
Wetland, ou ‘sistema de banhado’, o estudo
consiste no plantio de espécies aquáticas
nas cavas, que interligadas recebem a água
do rio.
“Ao percorrer as cavas,
as plantas aquáticas absorvem a matéria
orgânica e química contida na
água para sua nutrição
por meio de processo biológico, resultando
em uma água de boa qualidade e contribuindo
para o seu tratamento”, explicou a engenheira
e uma das autoras do projeto, Célia
Regina Gapski Yamamoto.
As principais características
que tornam as várzeas ferramentas eficazes
no controle de poluentes e contaminantes de
rios e córregos são a alta capacidade
de reprodução da vegetação
e eficiência na absorção
dos sedimentos.
IMPLEMENTAÇÃO
– A primeira área que receberá
o projeto será as margens do rio Barigui,
próximo a sua foz, localizadas no bairro
da Caximba, em Curitiba. O início das
obras está previsto 2008 e já
contam com recursos da Petrobrás em
parceria com o governo do estado.
“Cerca de 1,5 mil litros
por segundo de água terão sua
qualidade recuperada apenas nesta área
de 80 hectares. A idéia é implantar
o projeto em outros mil hectares de áreas
nos afluentes do rio Iguaçu”, declarou
o engenheiro da Suderhsa e também autor
do projeto, José Luiz Scroccaro.
Segundo ele, o rio Iguaçu
recebe toda a poluição oriunda
de Curitiba e Região Metropolitana,
tendo sua qualidade comprometida, inclusive
para o abastecimento público – com
exceção de suas nascentes.
A preservação
das áreas úmidas é uma
preocupação da Secretaria do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
No inicio deste mês, o secretário
Rasca Rodrigues assinou de forma pioneira
no país uma resolução
conjunta com Instituto Ambiental do Paraná
(IAP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), tornando estes locais Áreas
de Preservação Permanente (APP).
LOCALIZAÇÃO
- A área de abrangência da Bacia
Hidrográfica do Alto Iguaçu
e Afluentes do Alto do Ribeira conta com 20
municípios, que representam 30% da
população paranaense e 33% do
PIB do nosso Estado. Os municípios
da Bacia do Alto Iguaçu e Afluentes
do Ribeira são: Curitiba, Rio Branco
do Sul, Bocaiúva do Sul, Colombo, Campina
Grande do Sul, Quatro Barras, Piraquara, Pinhais,
São José dos Pinhais, Fazenda
Rio Grande, Mandirituba, Araucária,
Contenda, Balsa Nova, Lapa, Porto Amazonas,
Campo Largo, Campo Magro, Almirante Tamandaré
e Itaperuçu.
+ Mais
Sanepar apresenta experiências
desenvolvidas na gestão de bacias hidrográficas
Técnicos da Sanepar
apresentam sete experiências desenvolvidas
pela empresa na gestão de bacias hidrográficas,
em Foz do Iguaçu. Representantes da
empresa participam, até sábado
(27), do IX Encontro Nacional de Comitês
de Bacias Hidrográficas. Entre os trabalhos
estão ações de educação
ambiental, gestão do lodo de esgoto
e sistema de gestão ambiental. O encontro
reúne 1,2 mil pessoas, de 142 comitês,
acadêmicos e organizações
governamentais e não-governamentais.
O presidente da Sanepar,
Stênio Jacob, que participa do evento,
informou que a empresa reconhece a importância
da gestão do saneamento com base nas
bacias hidrográficas e tem adotado
como política a gestão por bacias.
“Participamos ativamente dos comitês
de bacias instalados no Estado”. No Paraná,
existem, em funcionamento, quatro comitês
de bacias hidrográficas: Rio Tibagi,
Paraná III, Jordão, do e Alto
Iguaçu e Afluentes do Alto Ribeira
e. Os comitês de bacias hidrográficas
são órgãos de caráter
deliberativo, que atuam como fóruns
de decisão de ações a
serem implantadas em sua área de gestão.
ESTANDE – A empresa montou
um estande onde mostra as principais atividades
desenvolvidas em relação à
gestão por bacias hidrográficas.
A diretora de Meio Ambiente e Ação
Social da Sanepar, Maria Arlete Rosa, cita
como exemplo o programa “Viva a natureza,
se ligue na rede”, que tem por objetivo eliminar
pontos de contaminação do meio
ambiente, causados por ligações
irregulares de esgoto doméstico.
Arlete cita como exemplo
as parcerias que a empresa tem com a Secretaria
do Meio Ambiente, que já possibilitou
a recuperação da mata ciliar
em diversos rios do Estado, com o plantio
de mais de 40 milhões de mudas de árvores
nativas.
+ Mais
Encontro Nacional de Comitês
de Bacias Hidrográficas reúne
1,5 mil pessoas em Foz do Iguaçu
Aproximadamente 1,5 mil
pessoas de todos os estados brasileiros participaram
da solenidade de abertura na noite de terça-feira
(23) no IX Encontro Nacional de Comitês
de Bacias Hidrográficas, em Foz do
Iguaçu, que irá debater a gestão
integrada dos recursos hídricos no
país, com a participação
da sociedade civil, órgãos governamentais
e usuários (indústrias).
O secretário de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, anunciou que desde o inicio deste
ano técnicos do governo estão
promovendo estudos para a criação
do Instituto Estadual das Águas, como
aperfeiçoamento da Superintendência
de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental
(Suderhsa) – autarquia da Secretaria do MeiO
Ambiente.
“O Paraná está
evoluindo a cada dia no gerenciamento dos
recursos hídricos e a criação
da Agencia de Águas é uma forma
de tornar ainda mais eficiente o controle,
fiscalização e uso consciente
das águas com tecnologias para reutilização
dos recursos hídricos e monitoramento
das águas subterrâneas”, declarou
Rasca.
O secretário lembrou
que antes mesmo da criação da
Lei das Águas (Lei 9.433/97) para instituir
a Política Nacional de Recursos Hídricos
e - que comemora dez anos – o governador Requião
já preocupava-se com a gestão
dos recursos hídricos, considerando
sempre a água um bem público.
“Em 11000, durante o primeiro
mandato do governador Requião, o Paraná
foi o primeiro estado a regulamentar a outorga
pelo uso da água e, agora somos o primeiro
estado a outorgar o lançamento de efluentes
industriais, assegurando quantidade e qualidade
à água e impedindo que indústrias
instalem-se ao longo dos nossos rios sem capacidade
para absorver os poluentes que serão
lançadas”, destacou o secretário.
Para o secretário,
o Encontro servirá para que os técnicos
e integrantes dos comitês de bacias
já instalados extraiam propostas exitosas
desenvolvidas em outros estados. “As experiências
aqui apresentadas serão muito importantes,
tanto para os Comitês de Bacias já
instalados, como para os outros cinco que
instalaremos até 2010. Estes grupos
auxiliarão no processo de cobrança
pelo uso da água, preservação
e gerenciamento dos nossos rios”, enfatizou.
ESCASSEZ – A preocupação
com a escassez da água é unânime
entre os participantes do Encontro e nos discursos
das autoridades e representantes da sociedade
civil.
O secretário Nacional
de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano,
Eustáquio Luciano Zica, sugeriu aos
secretários de Meio Ambiente buscar
parcerias com as grandes empresas geradoras
de energia para garantir a preservação
da água.
“Os governos devem fazer
com que as empresas de energia invistam em
projetos de preservação e recuperação
dos rios, assim como, em ações
de educação ambiental. Se um
terço do lucro das hidrelétricas
fossem revertidos em projetos ambientais garantiríamos
a preservação muitos recursos
naturais”, incentivou o secretário,
citando o Programa Cultivando Água
Boa da Itaipu Binacional como exemplo.
O secretário de Recursos
Hídricos do Ceará, César
Augusto Pinheiro, falou sobre as dificuldades
de um estado onde não há água.
“Nós fazemos uma gestão organizada
e eficaz porque temos muito poucos recursos
hídricos para gerir. Criticar o gerenciamento
fica muito mais fácil quando não
se tem uma população passando
necessidades devido a falta de água”,
lamentou César.
O coordenador Geral do Projeto
Manuelzão na Bacia do Rio das Velhas
em Minas Gerais, que representou a Sociedade
Civil, Apolo Heringer Lisboa, destacou que
os Comitês de Bacias Hidrográficas
representam uma maneira superior de praticar
a democracia no país. “A água
está mudando as mentes das pessoas.
O Brasil está aprendendo em Encontros
como este a promover o ‘conserto social e
ambiental’, que envolve a participação
igualitária de todos os setores da
sociedade na gestão de um bem necessário
a humanidade”, opinou.
AUTORIDADES - Entre as autoridades;
o coordenador do Fórum Nacional de
Comitês de Bacias Hidrográficas,
Lupércio Ziroldo Antonio; presidente
da Itaipu Binacional, Jorge Samek; presidente
da Agência Nacional de Águas,
José Machado; secretária do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos Alagoas,
Ana Catarina de Azevedo Lopes; Presidente
do Fórum dos secretários de
Recursos Hídricos do Nordeste e secretário
de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
do Estado do Piauí, Dalton Melo Macambira;
presidente da Sanepar Stenio Jacob e a superintendente
de meio ambiente da Copel, Marlene Zannin.
PROGRAMAÇÃO
- Durante o evento que prossegue até
sábado (27) serão apresentados
140 experiências práticas desenvolvidas
no âmbito dos comitês por instituições
gestoras dos recursos hídricos. Somente
o Estado do Paraná inscreveu 49 experiências
já implantadas para recuperação
e preservação dos recursos hídricos.
Nove oficinas e cursos serão
oferecidas durante o Encontro como, por exemplo,
Cobrança pelo Uso da Água, Cultivando
Água Boa e Produção de
Água e Pagamento por serviços
Ambientais. Além disso, serão
realizadas as reuniões da Agência
Nacional de Águas (ANA) com os órgãos
gestores de recursos hídricos no Brasil
e reunião de Agricultores irrigantes
sobre reservatórios de águas
em Áreas de Preservação
Permanente.
Para conferir a programação
da semana, basta acessar o site (www.meioambiente.pr.gov.br)
e clicar no link do evento. As inscrições
encerraram no domingo (21), porém algumas
vagas podem ser abertas nos dias das apresentações
e palestras. A programação do
Encontro pode ser conferida por meio do site
http://www.rebob.org.br.
+ Mais
Paraguai vai usar programas
ambientais paranaenses a partir de dezembro
O Paraguai e o Paraná
vão implementar a partir de dezembro
ações para conter o tráfico
de animais silvestres, ampliar o recolhimento
de embalagens de agrotóxicos na fronteira,
a recomposição da mata ciliar
na Bacia do Prata, entre outras Programas
ambientais desenvolvidos pelo governo do Estado
na área de resíduos sólidos,
biodiversidade e recursos hídricos.
O secretário de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos, Rasca
Rodrigues, e o ministro da Secretaria del
Ambiente do Paraguai, Carlos Antônio
Lopez Doze, assinaram nesta quarta-feira (24)
- durante o “IX Encontro Nacional dos Comitês
das Bacias Hidrográficas”, em Foz do
Iguaçu um acordo de cooperação,
prevendo o treinamento de técnicos
paraguaios por técnicos paranaenses
durante todo o mês de novembro para
dar inicio as ações já
em dezembro.
“O Paraguai tem muito interesse
neste acordo com o Paraná, que não
será apenas mais um documento assinado”,
garantiu o ministro Carlos Antônio Lopez
Doze . Ele destacou que o Paraguai é
um país é pequeno, mas com muitos
recursos naturais.
“Hoje não existem
mais fronteiras para o meio ambiente. O que
é bom temos que copiar e começaremos
já na próxima semana o treinamento
dos profissionais paraguaios”, declarou. O
ministro anunciou a necessidade de reforçar
o recolhimento de embalagens de agrotóxicos
e a recomposição das matas ciliares,
especialmente, no rio Paraná. “O Paraná
tem demonstrado que sabe ensinar o agricultor
a recolher a embalagem de agrotóxico
e plantar as margens dos rios”, elogiou.
“Agora, teremos mais do
que um rio ou um Aquífero nos unindo
e estaremos trabalhando juntos para garantir
a nossa diversidade biológica, pois
o que afeta a bacia hidrográfica do
Paraná afeta a nossa também”,
enfatizou o ministro Carlos Antônio
Lopez Doze, referindo-se ao rio Paraná,
a bacia do Prata e ao Aquífero Guarani.
LIXO - O ministro solicitou
ao secretário Rasca Rodrigues a permissão
para reproduzir o material didático
elaborado pelo programa Desperdício
Zero, desenvolvido pela Secretaria do Meio
Ambiente com dicas e orientações
sobre coleta e destinação final
de todos os tipos de resíduos. O manual,
com cerca de 400 páginas, que traz
informações sobre resíduos
orgânicos, da construção
civil, pilhas e baterias, resíduos
de saúde, lâmpadas, vidros, óleo
de cozinha, pneus, entre outros, será
traduzido para o espanhol e distribuído
em todos os municípios paraguaios.
“É um material muito
didático e que contribuirá para
a redução do lixo e qualidade
de vida da população. Manteremos
as cores, logomarcas e identidade visual criada
pelo Paraná e colocaremos a nossa do
Paraguai ao lado. Uma parceria concreta”,
sugeriu o ministro ao secretário Rasca.
O programa Desperdício Zero foi criado
para reduzir em 30% o volume de resíduos
encaminhado aos aterros sanitários
– através da reutilização,
reaproveitamento e reciclagem dos materiais.
Depois da assinatura do
documento, uma equipe de trabalho foi formada
pelas duas autoridades, que terão um
prazo de 30 dias para treinamentos e apresentação
do cronograma de implementação
das ações.
“Esta parceria é
a demonstração clara do compromisso
que muitos governantes estão assumindo
com a recuperação do planeta.
O nosso objetivo é unir esforços
para garantir que no futuro as pessoas tenham
qualidade de vida; e, acima de tudo, recursos
naturais preservados. É muito gratificante
ver que o nosso trabalho é reconhecido
e reproduzido por outros países ”,
comentou o secretário Rasca Rodrigues.
Segundo Rasca, esta é
a primeira iniciativa na área ambiental,
desenvolvida entre o Governo do Estado e o
Paraguai. O acordo tramitará com o
apoio dos Ministérios das Relações
Exteriores e Embaixada do Brasil no Paraguai.