Daniela Mendes - A secretária
de Mudanças Climáticas e Qualidade
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), Thelma Krug, defendeu a substituição
de inaladores de dose medida (MDIs) que contêm
clorofluorcarbonos (CFCs) - fluidos altamente
danosos à camada de ozônio -
por outros não-poluentes. Segundo ela,
a não-comercialização
desse aparelho, geralmente utilizado por pacientes
asmáticos, deverá garantir ao
Brasil cumprir sua meta de eliminar totalmente
o uso de CFCs até 2010, conforme previsto
no Protocolo de Montreal.
"Nesses 20 anos do
protocolo, 200 milhões de toneladas
de substâncias que destroem a camada
de ozônio deixaram de ser produzidas.
Nós conseguimos antecipar em 95% a
eliminação de CFCs restando
cerca de 200 toneladas relacionadas ao uso
farmacêutico para doenças respiratórias",
afirmou Thelma ao participar, nesta terça-feira
(30), da abertura do simpósio Efeitos
da Destruição da Camada de Ozônio
sobre a Saúde. Promovido pelo MMA,
em parceria com o Ministério da Saúde
e o Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (Pnud), o evento ocorrerá
até esta quarta-feira (31), no Centro
de Convenções Brasil 21, em
Brasília. O encontro tem por objetivo
debater mecanismos para auxiliar no processo
de substituição dos inaladores
MDIs.
Thelma atribuiu o sucesso
do programa de eliminação de
CFCs a três fatores. O primeiro está
relacionado aos recursos financeiros geridos
pelo Pnud que somaram cerca de US$ 80 milhões
e beneficiaram mais de 200 projetos para conversão
das indústrias usuárias de CFCs.
Outro ponto destacado pela secretária
é a legislação brasileira
com importante referência à resolução
267/2000 do Conama que restringiu os prazos
para eliminação de CFCs pelo
setor produtivo. O terceiro fator foi a cooperação
entre governo e setor privado, que garantiu
a antecipação de metas.
O diretor de Qualidade Ambiental
do MMA, Ruy de Góes, esclareceu ainda
que além de eliminar os CFCs, há
um esforço também para gerenciar
um passivo que está presente em aparelhos
antigos. No caso de geladeiras, por exemplo,
são 40 milhões de unidades que
ainda possuem CFCs. "Treinamos 14 mil
técnicos em refrigeração
para lidar com esses equipamentos e evitar
que o gás seja lançado na atmosfera",
explicou Ruy.
Segundo ele, o que o Brasil
conseguiu evitar em termos de produção
de CFCs equivale a 8% do Protocolo de Quioto.
"Seria o equivalente a 370 milhões
de toneladas de CO2 que deixamos de lançar
na atmosfera protegendo a camada de ozônio
e mitigando o aquecimento global", comemorou.
O simpósio contou
também com a presença do diretor
presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello;
do secretário de Vigilância em
Saúde do Ministério da Saúde,
Gerson Penna, e do coordenador do Programa
do Pnud, Alejandro Ramirez Pabon.