1 de Novembro de 2007 -
Ana Luiza Zenker - Da Agência Brasil
- Brasília - Comandante André
Schumann, encarregado da logística
do Programa Antártica, fala sobre o
racionamento de água na base brasileira
de pesquisas.
Brasília - Quem vive e trabalha na
base brasileira de pesquisas na Antártida,
a Estação Antártica Comandante
Ferraz, está tendo que racionar água.
O motivo é o congelamento dos dois
poços que fornecem água líquida
para a base, durante o inverno deste ano.
Para o capitão de fragata André
Schumann, encarregado da logística
do Programa Antártica, da Marinha,
este inverno é "o mais rigoroso
que nós observamos desde que começamos
a ter esses dados disponíveis",
há 25 anos.
Os dois lagos que abastecem
a estação são chamados
de lagos de degelo, pois recebem água
que derrete das geleiras e da neve nas proximidades
da base. O congelamento da água começou
a ser sentido a partir de agosto, aproximadamente.
Os motivos ainda não foram definidos.
De acordo com Schumann, há duas possibilidades
de explicação.
A primeira é de que
esse é um efeito cíclico, ou
seja, que um inverno como o deste ano se repetiria
de tempos em tempos. A segunda possibilidade
é de que o inverno mais rigoroso seria
conseqüência do aquecimento global.
O capitão explica que, com o aumento
da temperatura da Terra, segundo alguns pesquisadores,
há mais evaporação de
água dos oceanos. Esse vapor se concentraria
nos pólos, dificultando a passagem
dos raios solares e deixando a área
mais fria durante o inverno.
O capitão informa
que não há falta de água
potável para consumo, “porque existe
um suprimento bastante grande de água
mineral, justamente prevendo essas possibilidades”.
Já para atividades que precisam de
água corrente, como a limpeza da estação,
de roupas, sanitários e o banho, a
água está sendo racionada. “Foi
preciso mudança rotina para qualquer
coisa que precise de água corrente”,
diz.
“Mas em nada prejudicou
o andamento das atividades de manutenção,
de condução da estação,
da realização das pesquisas”,
pondera. Em relação aos estudos,
ele explica que na segunda etapa do inverno
normalmente são desenvolvidas apenas
pesquisas relativas às ciências
da atmosfera, que incluem estudos sobre meteorologia,
camada de ozônio e gases do efeito estufa,
por exemplo.
Uma das preocupações
da equipe que faz parte do programa era a
dificuldade de acesso, uma vez que grande
parte do gelo que já deveria ter derretido
ainda está sólido na costa do
continente. “O Brasil não possui [um
navio] quebra-gelos, precisa ter o verão
para você poder chegar com o navio lá”.
No entanto, apesar do atraso do verão,
o navio Ary Rongel deve chegar à estação
amanhã (2), para o início de
novas atividades.