01 de novembro - A estrada
arenosa não impediu que as 18 aldeias
e demais convidados chegassem à sede
da Associação União das
Aldeias Krahô – Kapey, na cidade de
Itacajá (TO), para a VII Feira Krahô
de Sementes Tradicionais. Em parceria com
Funai e Embrapa, a
Kapey realizou o evento entre os dias 22 e
27 de outubro, com a presença de representantes
dos povos indígenas Wapixana (RO),
Krikati (MA), Apinajé (TO), Xerente
(TO), Carajá (TO), Desano (AM), Kariri-Xocó
(AL), Guató (MS), Macuxi (RO), Kaxinawá
(AC) e Guarani-Kaiowá (MS).
O Coordenador da Kapey,
Antônio Pohkroc, diz que a falta de
sementes tradicionais motivou a realização
da feira, proporcionando o resgate da cultura
do povo Krahô. “Estávamos comprando
sementes na cidade e isso não faz parte
da nossa vivência”, explica Antônio.
O objetivo da feira é promover o intercâmbio
de sementes e técnicas tradicionais
de plantio, recuperando o grande número
de sementes tradicionais que os povos indígenas
faziam uso em sua cultura de subsistência.
Palestras, cantos, danças,
músicas instrumentais, vídeos,
histórias e comidas típicas
completaram o programa da feira. Membros do
Comitê do programa Luz para Todos também
estiveram no evento para uma reunião
com as lideranças indígenas.
A ação cumpre com a proposta
de estender os programas sociais do governo
federal às aldeias, meta da Agenda
Social dos Povos Indígenas, lançada
no final de setembro.
A União das Aldeias
Krahô congrega cerca de 2.200 habitantes
em um território de 320.000 hectares
de cerrado, na Terra Indígena Krahô.
Antônio Pohcrok, diz que herdou demandas
quando assumiu a coordenação
da Kapey e, com recursos do BNDES, a associação
consegiu construir o armazém, a rádio
comunitária e a ponte sobre o Riozinho,
facilitando o acesso a outras aldeias, além
de reformar a Escola Agroambiental Catxêkwyj.
Ações de sustentabilidade
Valorizando a autonomia
dos povos indígenas, a Kapey promoveu
5 oficinas durante a semana da Feira de Sementes,
incluindo qualidade da água, farinha
de batata-doce, artesanato em capim dourado
e pintura em tecido. A Embrapa também
preparou uma oficina de agrofloresta, sistema
produtivo que alia a produção
de alimentos à sustentabilidade socioambiental.
A oficina culminou com o planejamento da implantação
de uma agrofloresta na Aldeia Morro do Boi
(TO), que será realizada no início
de dezembro.
Segundo a Coordenadora
do Projeto de Conservação de
Recursos Genéticos e Segurança
Alimentar da Embrapa, Teresinha Dias, a iniciativa
de resgate das sementes tradicionais partiu
da comunidade indígena. “Eles nos procuraram
em busca das sementes tradicionais, que foram
coletadas na área Xavante e armazenadas
pela Embrapa”, conta Teresinha. Em acordo
com a Associação Kapey, a Embrapa
se responsabilizou em fortalecer a agricultura
tradicional e introduzir novos cultivos, a
pedido do povo Krahô.