08/11/2007 - As posições
tímidas do governo federal defendidas
nas negociações internacionais,
para o enfrentamento dos problemas decorrentes
das mudanças climáticas, foram
alvo de críticas durante a mesa-redonda
realizada nesta quinta-feira (08/11), durante
a III Conferência Regional sobre Mudanças
Globais na América do Sul, realizada
no hotel Bourbon Ibirapuera, na capital. Organizado
pelo Instituto de Estudos
Avançados da USP e Academia Brasileira
de Ciências, e tendo como coordenador
o professor José Goldemberg, da USP,
o debate contou com a participação
do presidente da CETESB, Fernando Rei, que
dividiu a mesa com Marco Antonio Fujihara,
do Instituto Totum, e Marcos Aurélio
Vasconcelos de Freitas, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
Segundo Fernando Rei, o
país vem perdendo liderança
nos fóruns internacionais, principalmente
entre o bloco de nações emergentes
formado pelo Brasil, China, Índia e
Rússia, por insistir em repetir a argumentação-base
de combate ao aquecimento global do princípio
das responsabilidades históricas, que
consta da Convenção sobre Mudanças
Climáticas da ONU e que reconhece que
as nações desenvolvidas são
as grandes responsáveis pelo problema
do aquecimento do planeta.
“É uma postura tímida
e bem diferente da exercida pelo governo de
São Paulo, que há tempos assumiu
voluntariamente metas de redução
das emissões de CO2”, citando, ainda,
outros avanços obtidos pelo Estado
paulista nesta área, como o PROCLIMA
e o inventário de emissões de
fontes fixas que a CETESB vem coordenando,
ações regionais necessárias
para o enfrentamento do desafio global.
Para Marco Antonio Fujihara,
há uma grande desarticulação
a nível nacional, visando a definição
de uma política pública para
enfrentamento do problema, enquanto que no
cenário internacional, “deixamos de
ser protagonistas na defesa de mecanismos
mais eficientes de combate ao aquecimento
global, para sermos mero coadjuvante neste
processo”.
As discussões se
pautaram pelo andamento das negociações
internacionais da Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre
mudança do clima, o Protocolo de Quioto,
e iniciativas regionais para o estabelecimento
de um regime climático pós-2012,
como projetos de mitigação,
como o MDL e novos padrões de consumo.
O recente relatório
divulgado pelo Painel Intergovernamental para
Mudanças Climáticas (IPCC),
mostra claramente que é possível
deter o aquecimento global se o processo de
redução das emissões
for iniciado antes de 2015. De acordo com
o documento, para salvar o clima do planeta,
a humanidade terá que diminuir de 50%
a 85% as emissões de CO2 até
a metade deste século.
Texto: Renato Alonso
Foto: Zé Jorge