13/11/2007 - Lúcia
Leão - As metas definidas para a adição
de biodiesel e etanol aos combustíveis
fósseis, que devem atingir os 20% nas
próximas duas décadas na maioria
dos países, fazem da Europa um mercado
altamente promissor para os biocombustíveis
brasileiros. Mas a União Européia
dá indicativos, também, de que
será uma consumidora cautelosa e que
ainda guarda muitas dúvidas sobre a
sustentabilidade dessa nova alternativa energética.
O assunto foi discutido,
no início deste mês, na Conferência
Internacional sobre Cooperação
Energética entre a Europa e a América
Latina realizada em Berlim, na Alemanha. Questionado
por representantes de governos, empresários,
acadêmicos e ambientalistas que participavam
do encontro, o secretário de Extrativismo
e Desenvolvimento Rural Sustentável,
Egon Krakhecke, que representou o Ministério
do Meio Ambiente, reiterou a posição
da ministra Marina Silva de que o Brasil deve
excluir a Amazônia e o Pantanal mato-grossense
do zoneamento agroecológico para o
cultivo da cana-de-açúcar, que
será concluído até julho
de 2008. "A Europa precisará de
biocombustíveis e sabe que não
tem condições de produzi-lo
em volume suficiente. Mas desde já
está se posicionando pela sustentabilidade
da produção, caso ela ocorra",
constatou o secretário.
Segundo Egon, os principais
questionamentos dos europeus são relativos
à eficiência energética
dos biocombustíveis, aos eventuais
riscos que eles podem representar para a produção
de alimentos e aos impactos ambientais da
cultura de cana-de-açúcar, especialmente
na Amazônia.
"Essas preocupações
foram evidenciadas tanto na conferência
- e lá de forma muito enfática
por parte das ONGs participantes - como no
encontro reservado que tivemos com o representante
do Ministério do Meio Ambiente alemão,
sr. Urban Rid", informou o secretário.
Apesar da clareza, entre
os europeus, de que o etanol de cana-de-açúcar
é a melhor alternativa para se reduzir
a emissão de carbono, já que
o produto brasileiro apresenta um balanço
energético muito superior ao etanol
de milho produzido nos Estados Unidos, persiste
a preocupação com a cultura
da cana invadir terras férteis, comprometendo
a produção de alimentos, e estimular
o avanço do desmatamento.
"Expliquei que o Brasil
tem condições de sustentar a
produção de etanol porque tem
ampla disponibilidade de terras em áreas
já abertas e degradadas e informei
que o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar
será instrumento para o governo garantir
a sustentabilidade da produção".
O Ministério do Meio
Ambiente da Alemanha levantou a possibilidade
de o Brasil criar um certificado, para garantir
a sustentabilidade da produção
do etanol para atender às exigências
do consumidor europeu. O assunto deve voltar
à pauta de discussões entre
os dois países no início de
2008, quando está prevista uma visita
da comitiva do governo daquele país
ao Brasil.
A Conferência Internacional
sobre Cooperação Energética
entre a Europa e a América Latina foi
realizada por iniciativa do Fórum Socialista
do Parlamento da União Européia.