16 de Novembro de 2007 -
Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Silves (AM) (Amazonas) - O chefe
regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), João Vieira, destacou hoje
(16), quando o resultado da contagem dos pirarucus
nos lagos de Silves apontou redução
no número de peixes, que o manejo no
médio Amazonas – que inclui os municípios
de Itacoatiara, Silves, Itapiranga, São
Sebastião do Uatumã, Urucará,
Uricurituba, Presidente Figueiredo e Rio Preto
da Eva - contribui para o equilíbrio
e a preservação da espécie,
além de fortalecer a importância
comercial do pescado. A carne, acrescentou,
só pode ser vendida com autorização
do Ibama.
"A coisa boa de se
fazer o manejo é exatamente manter
a natureza em função do homem,
tirando dela o que é necessário
e deixando para ela o que o meio ambiente
precisa. O manejo do pirarucu permite o cuidado
com a espécie e, ao mesmo tempo, a
pesca e venda pelos pescadores locais",
complemenou.
O trabalho realizado pelos
contadores de pirarucu começa bem cedo.
Por volta de 6h30, quando o dia já
está claro e não há vento
para atrapalhar a observação
dos lagos, e também os pescadores já
estão em suas canoas. Divididos em
duplas e contando somente com os sentidos
da visão, audição, caneta
e papel, eles seguem para áreas diferentes
do lago com o objetivo de registrar quantas
vezes os pirarucus sobem à superfície
para respirar – é esse número
que vai revelar a quantidade de peixes adultos.
Estes sobem uma vez a cada 20 minutos e os
filhos, duas vezes no mesmo intervalo de tempo.
Essa contagem dura praticamente
toda a manhã e, segundo o Ibama, também
determina o número de peixes que poderão
ser pescados – o equivalente a 30% do total
de adultos registrado pelos contadores, que
realizam a atividade todos os anos.
"No Amazonas a pesca
do pirarucu é proibida o ano todo,
porque além do defeso nacional da espécie,
que vai de 1º de dezembro a 31 de maio,
ainda existe o defeso estadual, entre 1º
de junho e 30 de novembro. Em função
disso, a pesca da espécie no estado
só pode ser feita em Unidades de Conservação,
Reservas de Uso Sustentável ou ainda
onde existam acordos de pesca, e em pisciculturas
que se credenciaram no Ibama", explicou
Gelson Batista, especialista em manejo de
recurso pesqueiro e membro da Associação
dos Engenheiros de Pesca do Amazonas.
O chefe regional do Ibama
informou ainda que associações
de pescadores, comunidades e municípios
interessados no manejo do pirarucu devem solicitar
ao órgão ambiental a avaliação
de suas regiões para verificação
das possibilidades de implantação
da atividade no local.
"A princípio
é feita a contagem para saber se há
peixe suficiente para iniciar o manejo. Ainda
que sejam poucos, isto não impedirá
a atividade. Existem comunidades em Mamirauá,
por exemplo, que começaram com menos
de 20 peixes adultos e em cerca de três
anos conseguiram triplicar o número,
por terem feito o manejo corretamente. Basta
que a comunidade se organize e mantenha a
preocupação ambiental",
acrescentou Vieira.
+ Mais
Contagem revela redução
de 25% dos pirarucus adultos em lagos de município
amazonense
16 de Novembro de 2007 -
Amanda Mota - Repórter da Agência
Brasil - Silves (AM) - O trabalho dos pescadores
responsáveis pela contagem dos pirarucus
nos lagos Purema e Preto, localizados no município
de Silves (AM), terminou ontem (15) e, segundo
o chefe do Instituto Braileiro dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) na região,
João Vieira, apesar de o número
de peixes adultos contabilizados neste ano
ter sido inferior ao ano passado, o manejo
da espécie na região está
garantido.
"A contagem revelou
uma diminuição de 25% de peixes
adultos. Ainda não podemos precisar
as causas disso, mas sabemos que entre a contagem
do ano passado e a deste ano, o local sofreu
com a invasão de pescadores não
autorizados, que desrespeitaram as normas
do acordo existente. A presença de
gado no local também pode estar contribuindo
para essa redução, porque os
rebanhos vivem na beira dos lagos, causam
impacto no solo e comem o capim que serviria
de alimento para os peixes quando o nível
das águas sobe", explicou Vieira.
Neste ano, foram registrados
no local 593 pirarucus, contra 695 em 2006.
A partir deste resultado, segundo Vieira,
o Ibama deverá reforçar a fiscalização
da área, para evitar a pesca clandestina,
e também verificar o que fazer se for
constatada a interferência do gado.
Esse trabalho terá o apoio da Secretaria
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
do Amazonas, entre outras instituições.
A atividade dos pescadores
de Silves conclui um ciclo iniciado em setembro
no estado, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável
de Mamirauá, no município de
Tefé. Todos os anos, a contagem segue
pelas reservas extrativistas e municípios
que possuem acordos de pesca, como Itacoatiara
e Silva, incluídos na lista autorizada
pelo Ibama para o manejo do pirarucu no estado,
ou seja, para a pesca controlada – é
respeitado o período de retirada do
animal do meio ambiente, sem prejudicar o
crescimento dos filhotes ou a reprodução
dos adultos.
Gelson Batista, especialista
em manejo de recurso pesqueiro, explicou que
o trabalho começa em Tefé porque
lá o nível das águas
diminui antes dos outros municípios.
"A época ideal para a contagem
varia de acordo com a redução
do nível das águas dos rios
em cada município. O momento ideal
é quando os lagos estão isolados
e os pirarucus não têm contato
com o canal principal dos rios, ficando assim
concentrados nesses lagos. Depois disso, o
trabalho só poderá se repetir
no próximo ano, quando o processo natural
volta a acontecer. Tudo isso os contadores
de Mamirauá têm levado para outros
pescadores, que repassam o conhecimento a
suas comunidades", disse.
Após a conclusão
da contagem, os pescadores iniciarão,
no domingo (18), a pesca autorizada pelo Ibama
e que prevê 30% do total de peixes adultos.
Nos dois dias seguintes os peixes serão
vendidos a R$ 4 o quilo e o lucro reverterá
para os pescadores e moradores da comunidade
que participam da atividade de manejo.
+ Mais
Pescadores de Silves, no
Amazonas, apresentam técnicas para
a contagem de pirarucus
14 de Novembro de 2007 -
Amanda Mota* - Repórter da Agência
Brasil - Manaus - Representantes do governo
do Amazonas, do município de Silves,
da Associação de Pescadores,
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
e da sociedade civil conhecerão na
noite de hoje (14), em Silves, os resultados
dos trabalhos para preservação
ambiental e cultural, realizados em parceria
com as comunidades da região.
Após a reunião,
eles participarão da contagem e da
pesca controlada dos pirarucus – com autorização
do Ibama, porque a espécie está
em risco de extinção. Eles também
terão encontros com pescadores da reserva
de desenvolvimento sustentável de Mamirauá,
que são contadores certificados e ensinarão
as técnicas adequadas para a pesca
controlada.
O articulador da Associação
de Silves pela Preservação Ambiental
e Cultural (Aspac), Vicente Neves, que mora
na reserva e é contador certificado,
disse que no lago que concentra os pirarucus,
às vezes, o vento atrapalha a contagem,
feita desde a manhã, a cada 20 minutos.
"Neste processo nós
separamos os chamados peixes juvenis, que
têm até 1,20 metro de comprimento,
e também anotamos o número de
adultos", explicou.
Outro contador certificado,
Flávio Andrade, lembrou que o objetivo
é reaver o estoque para pesquisa na
região. "O pirarucu hoje é
motivo de festa na mesa da comunidade, que
gosta de comer peixe, mas o peixe do dia-a-dia
mesmo é de espécies menores.
Com a pesca controlada, as comunidades poderão
até comercializar essas espécies
que servem para o consumo diário",
disse.
Ele informou ainda que após
a contagem e a pesca, os pirarucus de Silves
serão comercializados no próprio
município e a renda irá para
as comunidades da região.