12 de Novembro
de 2007 - Agência Telam - Brasília
- Manifestantes das cidades de Gualeguaychú,
Colón e Concordia, na Argentina, iniciaram
ontem (11) uma nova jornada de corte simultâneo
dos acessos terrestres para o Uruguai. O bloqueio
foi um protesto contra a autorização,
pelo governo uruguaio, para o início
do funcionamento da fábrica de papel
Botnia (da Finlândia).
O governo do Uruguai assegurou
que manterá o cercado sobre a passagem
fronteiriça General San Martín.
Os manifestantes de Concordia iniciaram ao
meio-dia de ontem um corte na Rota 015, de
acesso à ponte que faz a ligação
com a cidade uruguaia de Salto. O bloqueio
foi suspenso no meio da tarde.
Segundo o ativista Juan
Veronesi, de Gualeguaychú, que se encontrava
em Concordia apoiando a ação,
a decisão de suspender o corte foi
tomada em assembléia e os manifestantes
voltarão a se reunir na quarta-feira
(14) para analisar novas medidas. Ele disse
que as mobilizações da jornada
de ontem nas três cidades ribeirinhas
ocorreram como resposta à “agressão
gravíssima” do Uruguai ao autorizar
o funcionamento da fábrica de papel
em Fray Bentos, o que, de acordo com os ativistas,
poluirá o rio Uruguai.
Os manifestantes de Colón
realizaram, como estava previsto, um bloqueio
que começou no sábado (10) às
17 horas e se estendeu até as 19 horas
de ontem. Uma das coordenadora da mobilização,
Silvia Poli Echevarría, disse que durante
esta semana os ativistas realizarão
cortes “todos os dias, entre as 20 horas e
as 22 horas”.
Os manifestantes de Concordia
e Colón se somaram aos vizinhos de
Gualeguaychú, que realizam desde o
dia 20 de novembro do ano passado um corte
ininterrupto sobre a rota 136, na altura da
parada Aroyo Verde, porta de acesso à
ponte internacional General San Martín.
O prefeito eleito de Gualeguaychú,
Juan José Bahillo, respaldou ontem
a “reclamação legítima”
dos vizinhos contra o funcionamento da fábrica
de papel Botnia. Em declarações
ao canal argentino Todo Notícia, ele
destacou que a administração
municipal respeita e acompanha a comunidade.
Na ponte binacional General
San Martín, o governo uruguaio colocou,
na última sexta-feira (9), uma cerca
para impedir a passagem eventual de pessoas
e veículos. O governo confirmou ontem
que manterá o bloqueio “enquanto existir
o perigo de que aconteçam incidentes”.
O chanceler uruguaio, Reinaldo
Gargano, disse na manhã de ontem à
Rádio América que “há
um grupo que se auto-elege, que tem todos
os direitos, menos o de fazer o que é
ilegal, como bloquear pontes, interromper
o trânsito, violando o Tratado de Assunção”,
em alusão às ações
dos manifestantes.
O chefe de gabinete argentino,
Alberto Fernández, sustentou no sábado
que há “uma movimentação
desmedida por parte do Uruguai, que busca
aparecer como um país agredido, quando
na realidade os únicos agredidos somos
nós”, em referência ao início
do funcionamento da fábrica Botnia
e à cerca sobre a ponte binacional.
“Não fomos
nós os que violamos um tratado internacional
– o do Rio Uruguai – e não fomos nós
os que não respeitamos permanentemente
as normas internacionais sobre o assunto”,
disse Fernández.