14 de Novembro de 2007 -
As jubartes rastreadas
migraram das Ilhas Cook para o sul do Oceano
Pacífico.
Primeiros resultados da Trilha das Grandes
Baleias revelam detalhes da migração
de jubartes rumo à Antártida
e empolgam cientistas envolvidos no projeto.
Marcar baleias com sensores,
para rastreá-las por satélite,
não é uma tarefa fácil.
Na verdade, estudar baleias no seu próprio
habitat nunca foi fácil, e talvez isso
seja o mais estimulante de todo esse trabalho
do projeto A Trilha das Grandes das Grandes
Baleias. Apesar das muitas dificuldades, os
cientistas do projeto conseguiram marcar 20
baleias e seguir sua migração
por dois meses. Os resultados foram incríveis.
A Trilha das Grandes Baleias
é uma colaboração do
Greenpeace e cientistas que trabalham com
baleias Jubartes no Pacífico Sul. Com
o nosso apoio financeiro, um pequeno grupo
de baleias jubartes pode ser estudado e marcado
pelo Cook Islands Whales Research e pelo Opération
Cétacés, da Nova Caledônia.
A equipe de cientistas conta
com nomes renomados como Claire Garrigue,
da Operation Cétacés. Ela estuda
baleias Jubartes na Nova Caledônia,
onde as mesmas se reproduzem. Estima que essa
população apresenta menos que
100 indivíduos, e ainda pouquíssimos
sinais de recuperação após
o período de caça. Há
fortes suspeitas de que as jubartes da Nova
Caledônia migram para áreas de
alimentação, onde estarão
sendo objeto de caça científica
dos japoneses nessa próxima estação.
Outro nome importante que
faz parte do projeto é Nan Hauser,
da Cook Islands Whale Research. Ela pesquisa
baleias Jubartes e normalmente consegue foto-identificar
através da cauda cerca de 60-70 baleias
por estação.
Claire pode fotografar uma
baleia no sul da Nova Caledônia e em
poucas semanas, ou até anos, Nan Hauser
pode ver e registrar a mesma baleia a uma
milha da costa de Rarotonga (nas Ilhas Cook)
apenas com base nos desenhos em suas caudas.
Essas combinações
dos desenhos das caudas são muito importantes
cientificamente, mas o movimento entre esses
dois pontos no tempo e espaço é,
ainda hoje, um mistério.
Em agosto e setembro desse
ano, Garrigue e Hauser, trabalhando junto
com um cientista brasileiro do Instituto Aqualie,
conseguiram marcar com sensores 20 baleias
jubartes – 12 na Nova Caledônia e 8
nas Ilhas Cook. Todos os cientistas, mais
a equipe do Greenpeace e nossos colaboradores
e voluntários estavam aguardando ansiosos
pelas respostas dos sensores.
“Hoje podemos afirmar que
estamos todos muito felizes com o resultado
dos sensores, que transmitiram sinais das
baleias por dois meses”, afirma Leandra Gonçalves,
coordenadora da Campanha de Baleias do Greenpeace
Brasil.
"A marcação
de baleias por satélite pode nos fornecer
informações críticas
sobre a estrutura da população
e seu comportamento. Embora todos os sensores
pararam a transmissão antes de qualquer
baleia ter alcançado a Antártida,
a informação conseguida nesses
dois meses foi sensacional, e mostrou ser
mais importante do que os programas de caça
científica japonesa têm conseguido”,
afirma Leandra Gonçalves.
Das 12 baleias da Nova Caledônia,
algumas viajaram da área costeira do
sul, pela área oceânica, para
um distante banco de corais no sudeste, e
algumas baleias permaneceram lá por
longos períodos.
Até a realização
da Trilha das Grandes Baleias, ninguém
tinha idéia da importância da
migração oceânica dessas
baleias. Garrigue já está planejando
um trabalho de foto-identificação
e genética para a próxima temporada
de reprodução nas Ilhas Nova
Caledônia, e os resultados dos sensores
podem movimentar esforços futuros para
proteger o ambiente dos corais até
então desconhecido, e agora com a presença
das baleias.
Terra de Moby Dick
Uma dessas baleias surpreendeu
a todos, deixou o sul da Nova Caledônia
e se deslocou por toda costa oeste, centenas
de milhas, para áreas de ilhas e corais
conhecida como Chesterfields.
Isso trouxe aos pesquisadores
a tona um registro histórico, porque
no conhecido Dia de Herman Melville (isso
mesmo aquele da história da Moby Dick),
Chesterfields era um lugar onde se praticava
a caça de baleia “yankee” no século
19. Ou seja, aí está a explicação
para a ausência das baleias nessa área
por um longo tempo.
Algumas baleias da Nova
Caledônia se deslocaram para as Ilhas
Norfolk e/ou para a costa norte da Nova Zelândia,
preenchendo agora um passo chave no conhecimento
prévio nessa população.
Os cientistas sempre pensavam que as baleias
iam para a Nova Zelândia, mas precisavam
dessa confirmação, sobre sua
migração.
Os movimentos entre essas
duas areas são importantes, porque
as baleias não têm mostrado sinais
de recuperação dos tempos da
caça em nenhuma dessas áreas
e assim a ligação entre elas
tem significativas implicações
para a conservação desses animais.
Em todo esse contexto também
pudemos concluir que as baleias marcadas na
Nova Caledônia em nenhum momento foram
para a Austrália, o que nos dá
razões para acreditar que existem duas
populações distintas na região.
Surpresa nas Ilhas Cook
O comportamento de oito
baleias do grupo de 20 foi uma grande surpresa
no entorno das ilhas Cook. Em vez de se espalharem
e viajarem em diferentes direções,
todas foram juntas para o oeste.
Uma das baleias viajou no
sentido de Samoa, enquanto que outras se moveram
para um complexo de ilhas e corais próximo
à Tonga. Isso pode indicar que as baleias
entram nas Ilhas Cook num tipo de 'onda' que
as leva para as ilhas do leste, mas os cientistas
ainda não podem afirmar - embora os
movimentos tem sido observados entre as jubartes
fotografadas em uma outra área de reprodução
no Caribe.
Uma outra surpresa: nenhuma
das baleias da ilhas Cook, diferente das observadas
nas ilhas da Caledônia, mostrou qualquer
sinal de seguir sentido do continente antártico.
A variabilidade desses movimentos, e a consistência
com a qual os animais das Ilhas Cook viajaram
para oeste, têm importantes implicações
para uma variedade de assuntos que seguem
desde a estrutura de uma população
rara e ameaçada até como esses
animais navegam.
Dê nome às
baleias
Nos próximos meses,
cientistas vão trabalhar em mais detalhes
do movimento desses animais, procurando respostas
para afirmar se eles têm alguma relação
com as características dos oceanos,
como corais, correntes, fundo oceânico
ou talvez até campo magnético
– todos podem ter influência nos mecanismos
que levam as jubartes em sua jornada pela
imensidão dos oceanos.
Ainda estamos na expectativa
para ver se um ou mais sensores voltam a transmitir
sinais, mas todas as nossas baleias estão
agora em nossa base de dados virtual para
pesquisadores do mundo todo. E você
pode ajudar a batizar cada uma delas, votando
nos melhores nomes que foram escolhidos por
internautas de todo o mundo. A votação
começa no próximo dia 19 de
novembro. Fique atento!
+ Mais
Trilha das Grandes Baleias
já traz mais resultados que 20 anos
de caça científica
13 de Novembro de 2007 -
Dezenove jubartes foram marcadas no Pacífico
Sul para fornecerem dados à pesquisa
tocada pelo Greenpeace e duas instituições
científicas.
São Paulo, Brasil — Rastreamento por
satélite de grupo de jubartes prova
que não é necessário
matar uma baleia para estudá-la. A
rota migratória delas pode ser acompanhada
no site do projeto, confira!
A falácia de que
é preciso matar uma baleia para pesquisá-la
não resistiu a algumas semanas de pesquisa
feita pelo projeto A Trilha das Grande Baleias.
Já conseguimos mais e melhores resultados
com o rastreamento via satélite de
um grupo de 19 baleias jubarte do que 20 anos
de 'caça científica' promovida
pelos japoneses nos mares do Sul.
A marcação
das baleias determinam suas posições
em um mapa, permitindo que os internautas
acompanhem as rotas migratórias de
cada animal. Esses rastreadores não
foram desenvolvidos para emitir sinais de
forma permanente e no momento nenhum deles
está transmitindo.
Uma das baleias monitoradas,
Saravah, chegou na costa da ilha norte da
Nova Zelândia, região muito próxima
ao seu destino migratório final: o
oceano Antártico.
Nossa intenção
era comprovar que a caça é desnecessária
à ciência, pois grandes avanços
podem ser conquistados por meio de métodos
não-letais. Por meio da foto-identificação
das baleias, será possível conhecer
o habitat e a estrutura das populações.
É por meio desses dados que poderemos
determinar se as populações
de baleias ameaçadas estão entre
aquelas que serão caçadas pela
frota baleeira japonesa no Santuário
de Baleias do Pacífico Sul.
As informações
recebidas até agora trouxeram interessantes
dados relativos ao comportamento desses cetáceos
e serão levados à próxima
reunião da Comissão Internacional
da Baleia (CIB) em 2008.