25 de Novembro de 2007 -
Gislene Nogueira -
Repórter da Agência Brasil -
Brasília - O Conselho Executivo do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) das
Nações Unidas certificou até
a última sexta-feira (23) 66 projetos
brasileiros de crédito de carbono.
Os projetos são iniciativas que reduzem
a emissão de gases de efeito estufa,
considerados responsáveis pelo aquecimento
global.
Ao serem certificados, os
projetos transformam-se em Reduções
Certificadas de Emissões (RCEs), créditos
virtuais de carbono que são vendidos
para países desenvolvidos. Os países
ricos têm interesse na compra porque
precisam cumprir as metas de redução
de gases impostas pelo Protocolo de Quioto.
O Brasil ocupa atualmente
o terceiro lugar em número de projetos
em todo o mundo. São 255 projetos do
país no MDL (dos quais 66 têm
a certificação). Em primeiro
lugar, está a China com 874 projetos
e, em segundo, a Índia com 776.
Segundo o assessor técnico
do Ministério de Ciência e Tecnologia
(MCT), Gustavo Mozzer, que integra o Comitê
Interministerial de Mudança do Clima
(CIMGC), o número coloca o Brasil em
destaque no cenário internacional.
"É um posicionamento
muito bom porque estamos logo depois da China
e da Índia. Os dois países têm
matriz energética bastante dependente
de combustível fóssil [poluente]
e é mais fácil fazer um projeto
de MDL lá do que aqui. Isso acontece
porque o Brasil já tem solução
mais limpa de produção de energia
cuja matriz é hidrelétrica",
explicou o assessor.
Para receber a certificação
das Nações Unidas, o projeto
de desenvolvimento limpo precisa vencer sete
etapas: elaboração de concepção
de projeto, validação, aprovação
pelo CIMGC, submissão ao Conselho Executivo
para registro, monitoramento, verificação/certificação
e concessão das RCEs.
Em setembro, a prefeitura
de São Paulo vendeu por R$ 34,5 milhões
os RCEs da usina que produz eletricidade a
partir da queima de gases produzidos no Aterro
Sanitário Bandeirantes. Os créditos
foram adquiridos pelo banco holandês
Fortis Bank NV/AS em um leilão na Bolsa
Mercantil e de Futuros (BM&F). Foi o primeiro
leilão do tipo no mundo.
O MCT não tem o balanço
das vendas feitas por empresas brasileiras
que têm RCEs. Mas existe um dado que
pode demonstrar o tamanho desse mercado: o
Brasil emite por ano 12,2 milhões de
RCEs.
"Se foi cobrado o mesmo
preço com que foram vendidos os créditos
de carbono na BM&F, pode-se considerar
que as empresas faturaram R$ 300 milhões
com a venda dos RCEs no Brasil", calcula
Gustavo Mozzer.
Qualquer empresa pode apresentar
um projeto de MDL. As informações
sobre os procedimentos estão no site
do MCT no endereço www.mct.gov.br/clima
e na página do Conselho Executivo do
MDL na internet.
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Encontro em Foz do Iguaçu
discute propostas para recuperação
de rios e proteção de matas
21 de Novembro de 2007 -
Lucia Nórcio - Repórter da Agência
Brasil - Curitiba - Cerca de 3 mil pessoas
participam do 4º Encontro Cultivando
Água Boa, aberto na tarde de hoje (21)
em Foz do Iguaçu. O programa socioambiental
Cultivando Água Boa, criado pela Itaipu
Binacional em 2003, é desenvolvido
em parceria com 1.700 instituições,
entre universidades, órgãos
de governo, organizações não-governamentais
(ONGs) e associações.
O programa, segundo diretor
de Coordenação e Meio Ambiente
da Itaipu, Nelton Friedrich, foi premiado
na Holanda com a Carta da Terra e "é
composto de 70 projetos e 96 ações
que abrangem a recuperação dos
rios da Bacia do Paraná 3, passando
pela proteção das matas e da
biodiversidade, pela atenção
a segmentos econômicos ligados ao meio
ambiente e pela promoção da
educação ambiental nas comunidades
do entorno”.
Friedrich informou que até
sábado (24) essas ações
serão discutidas entre representantes
das comunidades e convidados, como o teólogo
e ativista ambiental Leonardo Boff; a atriz
Letícia Sabatella, o coordenador da
Rede de Educação Ambiental do
Programa das Nações Unidas para
o Meio Ambiente (Pnuma), Enrique Leff, e Paulo
Nobre, do Centro de Previsão de Tempo
e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Um dos projetos do Cultivando
Água Boa, lembrou o diretor, tornou-se
referência para a construção
de hidrelétricas no país: o
Canal da Piracema, que tem dez quilômetros
de extensão e liga a parte do Rio Paraná
localizada abaixo da barragem ao reservatório
da usina. "A obra permite que peixes
migratórios vençam o desnível
de 120 metros entre as duas partes do rio,
contribuindo para a diversidade e melhoria
genética da ictiofauna [conjunto das
espécies de peixes que existem numa
determinada região]”, explicou.
Nelton Friedrich destacou
ainda que o programa estimula uma nova forma
de se relacionar com o meio ambiente: “E essa
cultura deve ser incorporada ao dia-a-dia
das comunidades, independentemente da participação
da Itaipu Binacional. O objetivo é
que, futuramente, a iniciativa caminhe por
si própria”.