Estamos na 'cola'
do Nisshin-maru para impedir a matança
de baleias
23 de Novembro de 2007 -
Tripulação do Esperanza estende
faixa em protesto contra a caça de
baleias. O navio do Greenpeace está
no encalço da frota baleeira japonesa
para impedir a matança na Antártica.
Japão — A frota baleeira japonesa bem
que tentou despistar, saindo de madrugada,
mas o nosso Esperanza vai atrás deles
até a Antártica.
Quem não deve, não
teme. Muito menos se esconde. Pois foi justamente
isso que a frota baleeira japonesa fez no
último domingo. Depois de deixarem
o porto de Shimonoseki, no sul do Japão,
com festa e pompa, os navios que pretendem
caçar mil baleias na Antártica
reduziram o ritmo e só atingiram as
águas internacionais - onde o Esperanza
do Greenpeace os aguardava - de madrugada,
dificultando sua localização.
“Pelos nossos cálculos
era para termos encontrado a frota baleeira
antes mesmo do sol se pôr, mas eles
partiram em baixa velocidade, cruzando o estreito
de Shimonoseki quando já não
podíamos vê-los em meio à
escuridão", afirmou Frank Kamp,
capitão do Esperanza, que vem sendo
'vigiado' pela guarda costeira japonesa.
Toda a tripulação
do navio do Greenpeace estava se revezando
e atenta a luzes e embarcações
no oceano que, após semanas de calmaria
e mar iluminado pela lua, se tornou um tanto
inóspito, graças aos ventos
do sul que chegaram trazendo nuvens e ondas
fortes.
“A partida na madrugada,
e em noite escura, é mais uma prova
que os japoneses estão tentando esconder
a vergonhosa caça que realizam há
mais de 20 anos, pobremente disfarçada
de ciência”, diz Leandra Gonçalves,
única brasileira a bordo e coordenadora
da campanha de Baleias do Greenpeace Brasil.
Para conhecer detalhes dessa
perseguição e da campanha do
Greenpeace em defesa das baleias, clique aqui
e confira o blog da Leandra.
A frota baleeira japonesa
partiu para sua temporada anual de caça
a baleias no Santuário Antártico
em que pretende matar mais de mil baleias,
entre as quais 50 fins e 50 jubartes, espécies
ameaçadas de extinção.
Sob o falso manto de 'pesquisa científica',
os japoneses insistem em praticar a matança,
condenada por diversos países e entidades
ambientalistas, como o Greenpeace, que está
em alto-mar perseguindo a frota para defender
as baleias.
“Continuaremos a buscar
a frota baleeira até a Antártida
para provar que não é necessário
matar baleias para a ciência, disse
Leandra Gonçalves, que a bordo estará
coordenando a pesquisa não-letal do
Greenpeace. “A pesquisa não-letal pode
trazer os mesmos, e até melhores resultados,
sem disparar um único arpão”.
O Greenpeace está
colaborando com uma equipe de cientistas no
projeto A Trilhas das Grandes Baleias. Dados
importantes dos satélites, das biópsias
e da identificação das caudas
de baleias jubartes já trouxeram importantes
informações sobre o padrão
de migração e estrutura das
populações do Pacífico
Sul, sem um único arpão ser
disparado. O Greenpeace também irá
disponibilizar a localização
da frota baleeira e do Esperanza no mesmo
mapa, onde foram disponibilizadas as rotas
das baleias jubartes em suas áreas
de reprodução – Ilhas Cook e
Nova Caledônia.
“Essa foi a primeira etapa
da pesquisa não-letal, e que já
trouxe importantes resultados científicos.
Ainda teremos outras técnicas que estarão
sendo utilizadas durante a Expedição,
que além de comprovar a falácia
da ‘caça científica’, irão
trazer conhecimento para a conservação
das baleias” argumenta Leandra.
O Brasil é um país reconhecido
internacionalmente por suas políticas
de conservação de cetáceos,
e que vem propondo desde 1999, junto com a
Argentina e África do Sul o Santuário
de Baleias do Atlântico Sul. Este Santuário,
se aprovado, irá garantir a proteção
das baleias que ocorrem em nossa costa e criar
condições necessárias
para desenvolver o turismo de observação
de baleias.
“O turismo de observação
de baleias é a única atividade
envolvendo baleias economicamente sustentável,
que gera mais de 1 bilhão de dólares
por ano no mundo todo”, garante Leandra.