Desenvolvimento Sustentável
- 20/11/2007 - 11:19
Na Amazônia, cerca de 30% da população
encontra-se aglomerada em pequenas vilas ou
núcleos populacionais isolados, o que
dificulta o acesso à energia elétrica.
Além disso, a demanda reprimida e os
freqüentes racionamentos reduzem a qualidade
de vida e impedem a instalação
de indústrias de beneficiamento.
Contudo, uma pesquisa desenvolvida
pelo Laboratório de Estudos em Palmeiras
(LabPalm) do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa/MCT) demonstrou que
é possível utilizar a biomassa
de palmeiras da região como fonte alternativa
de energia, bem como o aproveitamento de subprodutos
na alimentação humana e de animais
de corte, artesanais, paisagismo, medicinais,
construções rurais entre outros.
Denominado “Exploração
Sustentável de Palmeiras em Comunidades
Ribeirinhas da Amazônia Brasileira”,
o projeto, de um ano e meio, foi realizado
em parceria com a Universidade Federal do
Amazonas (Ufam), dentro do Programa Luz para
Todos do Governo Federal, em sete comunidades
de Manacapuru, especificamente, do Lago do
Cururu.
O levantamento contempla
um conjunto de atividades (inventários,
produtividade, biometria e estudos taxonômicos)
que possibilitaram identificar o potencial
da biomassa da Euterpe precatoria Mart., conhecida
popularmente como Açaí do Amazonas,
além de outras oleaginosas disponíveis
nas comunidades ribeirinhas na tentativa de
incentivar o manejo sustentado e identificar
condições de sustentabilidade
(como reposição de estoques
vegetais, conservação de sementes,
criação de bancos de germoplasma,
advento de cooperativas para as comunidades
e educação ambiental).
Ela ressalta que o Açaí
do estado do Amazonas chega a produzir 1,8
toneladas de frutos por hectare.
“O objetivo foi servir como
base de um modelo tecnológico industrial,
pois as palmeiras apresentam vantagens como
fontes renováveis em áreas modificadas
pelo homem”, informa a pesquisadora do LABPALM/Inpa
e coordenadora do projeto, Ires Paula de Andrade
Miranda.
Segundo Miranda, a pesquisa
também enfatiza que por meio do aproveitamento
dos subprodutos das palmeiras é possível
fixar o homem no campo. Dessa forma, evita-se
a depredação dos ecossistemas.
“A busca por melhores condições
sócio-econômicas tem como única
alternativa a extração predatória
e rápida das riquezas naturais, as
quais, invariavelmente, resultam na destruição
acelerada dos ecossistemas locais”, lamenta.
De acordo com a cientista,
dentre os vários produtos que a floresta
pode fornecer, destacam-se as plantas oleaginosas
nativas, que podem oferecer uma gama de produtos.
Ela explica que eles não são
apenas destinados à alimentação
básica da população,
como também seus subprodutos, os quais
seguramente podem constituir a base de um
modelo de desenvolvimento tecnológico
e industrial auto-sustentado.
Impactos ambientais e mudanças
genéticas – O padrão de ocupação
humana e o ambiente abiótico tem condicionado
mudanças na disposição
espacial das unidades de paisagem das palmeiras.
Isto tem refletido no padrão morfológico
dos grãos de pólen dessas espécies.
É o que identificou a pesquisa realizada
pelo Laboratório de Estudos em Palmeiras
do Inpa, por meio do estudo “Alterações
do Pólen e Atividades Antrópicas”.
Segundo a coordenadora do
projeto, Ires Paula de Andrade Miranda, os
levantamentos vêm sendo realizados há
dez anos em diversas áreas alteradas
da Amazônia, entre elas: Roraima, Sul
do Pará, BR-174 a partir do 50 km (Manaus-Roraima
e outras localidades sob pressão antrópica
na Amazônia).
O foco da pesquisa foi analisar
a morfologia polínica (estudo das forestmas
e estruturas do grão de pólen)
de palmeiras estabelecidas em grandes densidades
em ambientes alterados pelo homem. Os dados
estão sendo utilizados na identificação,
estrutura e dinâmica das palmeiras.
“A comparação
das médias do tamanho dos grãos
de pólen, indicaram diferenças
de forma, tamanho e aberturas nas populações
de áreas alteradas quando comparados
à área natural”, diz Miranda.
Ela acrescenta que os resultados
apontam para a necessidade de se intensificar
mais esforços na análise do
pólen de plantas submetidas às
pressões antrópicas, bem como
nas alterações ambientais, que
podem afetar o metabolismo desses estoques
vegetais, refletidas no genoma haplóide
(pólen), além de uma forte tendência
a reações de esterilidade polínica
constatado em estudos in vitro.
Apresentação
de resultados – As duas pesquisas: "Exploração
sustentável de palmeiras em comunidades
ribeirinhas da Amazônia Brasileira"
e "Alterações do pólen
e atividades antrópicas", foram
expostas pela doutora Ires Paula de Andrade
Miranda (Inpa) durante o Simpósio Internacional
de Palmeiras realizado no Peru, no período
de 7 a 9 de novembro.
O encontro teve como objetivo
comunicar os resultados e avanços das
investigações em palmeiras para
o desenvolvimento da América do Sul.
Estiveram presentes no Simpósio especialistas
em palmeiras da América do Sul, Europa
e dos Estados Unidos.
Assessoria de Comunicação do
INPA
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Museu Goeldi e Ibama elaboram
cartilha sobre Reserva Biológica do
Gurupi
PPBio - 21/11/2007 - 09:51
Material deve ser lançado até
o próximo mês
A Reserva Biológica do Gurupi, localizada
entre o Pará e o Maranhão, compõe
o último grande bloco de remanescente
florestal na região, mantendo atualmente
apenas 23% de sua cobertura florestal original.
Na área, que tem
cerca de 270 mil hectares, já foram
identificadas 26 espécies de morcegos
e 21 espécies de pequenos mamíferos,
o maior número de espécies para
localidades da Amazônia brasileira até
o momento.
Apesar disso, sua fauna
e flora estão sendo cada vez mais devastadas
pelas ações predatórias
do homem como a extração ilegal
de madeira, a pecuária, a monocultura
de milho e arroz, os plantios de maconha,
a caça indiscriminada e a derrubada
de florestas nativas para o fornecimento de
carvão às indústrias
siderúrgicas.
Para explicar a importância
dessa área e de sua biodiversidade,
está em preparação uma
cartilha voltada à comunidade local.
Nela, serão disponibilizadas informações
gerais sobre a região amazônica
e a reserva biológica, bem como explicações
sobre algumas leis e políticas ambientais.
Organizada pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (Ibama) do Maranhão
em parceria com o Programa de Pesquisa em
Biodiversidade (PPBio/Amazônia Oriental),
coordenado pelo Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG/MCT), a cartilha será
lançada ainda neste ano nos municípios
do entorno da Reserva Biológica do
Rio Trombetas (Rebio).
A produção
do material contou ainda com a participação
do Setor de Educação e Extensão
Cultural (SEC), ligado à Coordenação
de Museologia do Goeldi.
A organização
da obra foi articulada na visita da pesquisadora
Marlúcia Martins, coordenadora de Inventários
do PPBio/Amazônia Oriental, ao Núcleo
Regional do Maranhão, em setembro último.
Na ocasião, a pesquisadora
do Museu Goeldi ministrou uma palestra sobre
o programa para estudantes e pesquisadores
das universidades Estadual e Federal do Maranhão
(Uema e UFMA) e um curso sobre Biologia da
Conservação para alunos de pós-graduação
da UFMA.
A zoóloga também
se reuniu com os pesquisadores do Núcleo
a fim de estabelecer estratégias de
pesquisa, que devem iniciar no primeiro semestre
de 2008.
Além da cartilha,
o livro “Amazônia Maranhense: biodiversidade,
uso e conservação”, também
esta sendo organizado pelo Núcleo Regional
do Maranhão, com o apoio do PPBio,
e conta ainda com a colaboração
de pesquisadores do MPEG como José
de Sousa e Silva Júnior, coordenador
do protocolo de Mamíferos do PPBio,
e David Oren, especialista em aves e atual
coordenador da Rede Geoma (Rede Temática
de Pesquisas em Modelagem Ambiental da Amazônia).
O lançamento do livro
está previsto para 2008, na 9ª
Conferência das Nações
Unidas sobre a Convenção da
Biodiversidade (COP9), que será realizada
na Alemanha.
Reserva
A Reserva Biológica do Gurupi é
uma unidade federal de conservação
de proteção integral, criada
em 1988. Está localizada no Vale do
Gurupi, entre o Pará e Maranhão.
O Vale tem florestas que abrigam espécies
endêmicas da fauna e da flora, espécies
em perigo de extinção, além
de alguns dos últimos remanescentes
de floresta amazônica ao leste do Rio
Tocantins.
A região também
tem grande importância cultural, já
que abriga ainda hoje populações
indígenas como os povos Tembé,
Ka’apor, Guajajara, Guajá e Munduruku.
Além disso, tem quatro Terras Indígenas:
a do Alto Rio Guamá, Alto Turiaçu,
Awá e Caru, que juntas formam uma floresta
de matas totalmente preservadas, com uma área
de mais de 1.300.000 hectares.
Fernanda Engelhard – Assessoria de Comunicação
PPBio Amazônia Oriental/Agência
Museu Goeldi