A
raposa e o galinheiro: bancada ruralista de
olho no Código Florestal
29 de Novembro de 2007 -
Aumentar a ImagemSão Paulo, Brasil
— Projeto em discussão na Câmara
prevê alterações que podem
promover a substituição de florestas
por cana, dendê e eucalipto.
O deputado Homero Pereira
(PR-MT), presidente licenciado da Federação
de Agricultura do Mato Grosso (Famato-MT),
divulgou na quarta-feira (dia 28) sua proposta
de alterações no Código
Florestal brasileiro. Pereira é o relator
do PL 6424/2005, que atualmente está
tramitando na Comissão de Agricultura
da Câmara dos Deputados. O projeto,
que já havia sido aprovado pelo Senado
e se encontrava em discussão na Comissão
de Meio Ambiente da Câmara, tinha como
objetivo inicial permitir a substituição
de extensas áreas de florestas na Amazônia
Legal por espécies exóticas,
como cana, dendê e eucalipto.
A proposta do deputado Homero
permite que os proprietários que destruíram
sua Reserva Legal fiquem desobrigados de recuperar
o dano ambiental causado dentro da região
em que ele ocorreu, permitindo que a chamada
“compensação” possa ser feita
em qualquer região do país.
Para o Greenpeace, compensar uma área
desmatada em São Paulo na Amazônia
é consolidar um programa que pode ser
chamado de “Floresta Zero”, criando áreas
inteiras livres de floresta.
“O deputado Homero Pereira,
como bom defensor dos interesses ruralistas,
conseguiu piorar o que já estava muito
ruim”, disse Sérgio Leitão,
diretor de Políticas Públicas
do Greenpeace. “Ele não só manteve
alterações profundamente negativas
para as florestas brasileiras, como adicionou
novidades que certamente o colocarão
como principal candidato ao prêmio motosserra
de ouro 2007”.
Pereira propõe ainda
uma anistia a todas as multas de proprietários
rurais que não tenham cumprido com
as exigências do Código Florestal,
como manter a averbação da Reserva
Legal no registro de imóveis, em troca
do cadastro das propriedades.
“Seria o mesmo que propor
ao dono das Casas Bahia, Samuel Klein, que
ele perdoasse os carnês em atraso em
troca do cadastro de seus clientes”, disse
Leitão. “O Greenpeace vai patrocinar
um encontro do deputado Homero Pereira com
o sr. Klein para que o parlamentar tenha a
oportunidade de sugerir que sua proposta possa
ser aplicada em todo o território nacional”.
Pereira também reforça
a intenção da bancada ruralista
de reduzir a Reserva Legal – fundamental para
a manutenção da biodiversidade
– de 80% para 50% na Amazônia, além
de permitir a soma das áreas de preservação
permanente (APP) e da Reserva Legal. Em alguns
casos, isso significa, na prática,
uma redução da Reserva Legal
de até menos de 50%.
“A bancada ruralista é
capaz de tudo: até mesmo de inventar
uma conta de somar cuja resultado é
negativo”, acrescentou Leitão. Para
o Greenpeace, as mudanças propostas
pelo deputado Homero Pereira denunciam que
o setor adora posar de bom moço para
fugir das cobranças dos consumidores
brasileiros e europeus por boas práticas
produtivas, mas mantém, na prática,
os mesmos vícios predatórios.
+ Mais
Música para a floresta
amazônica
28 de Novembro de 2007 -
As espécies empregadas na fabricação
dos instrumentos certificados (marupá,
tauari e louro-chumbo, entre outras) têm
as mesmas propriedades daquelas mais utilizadas
para produção de instrumentos,
como cedro e pinho, que encontram-se em processo
de extinção.
Manaus (AM), Brasil — Oficina Escola de Lutheria
do Amazonas lança primeira linha de
instrumentos certificados pelo selo FSC.
A Oficina Escola de Lutheria
do Amazonas (Oela) lançou a primeira
linha de produção certificada
de instrumentos musicais feitos com madeira
tropical. A certificação do
selo FSC (Conselho para o Manejo Florestal,
em português) garante a procedência
manejada da matéria-prima, abrindo
uma nova frente para o uso sustentável
da madeira amazônica.
Desde 1998, a ONG promove
a formação de jovens em Manaus
(AM), educando e qualificando profissionais
da Amazônia na arte da construção
de instrumentos musicais de corda dedilhada.
Foram nove anos de aprimoramento até
que a oficina estivesse preparada para lançar
os produtos no competitivo mercado de instrumentos
musicais.
As espécies empregadas
pela Oela possuem as mesmas propriedades daquelas
mais utilizadas para produção
de instrumentos. A matéria-prima tradicional,
como cedro e pinho, por ser explorada de forma
predatória, se encontra em processo
de extinção na natureza. Breu
branco, marupá, coração
de negro, pau-rainha, tauari e louro-chumbo
são algumas das madeiras doadas à
escola pela Mil Madeireira, empresa certificada,
com sede em Itacoatiara (AM).
“Todos nós somos
responsáveis pela preservação
e pela manutenção das florestas
tropicais ou não-tropicais, e temos
que ter a responsabilidade de observar a origem
da madeira que estamos usando”, diz Rubens
Gomes, o Rubão, diretor-geral e fundador
da Oela. “Essa é uma preocupação
que não cabe só ao ambientalista,
mas a todos os cidadãos do planeta”,
complementa.
Segundo Rubão, as
peças certificadas estão chegando
ao mercado por cerca de 50% do custo de instrumentos
da mesma qualidade. A oficina tem capacidade
para produzir 35 peças por mês.
“Exemplos como o da Oela
demonstram que o caminho da Amazônia
é aliar a conservação
da floresta ao uso ecologicamente correto
e socialmente justo dos recursos florestais
para gerar produtos de alto valor agregado
e de baixo impacto ambiental. O Rubão,
que criou a Oela com imenso sacrifício
e dedicação, tem muito o que
comemorar. Além da qualidade técnica
e inovadora de seus produtos – que utilizam
sobras de madeiras amazônicas até
então não empregadas na manufatura
de instrumentos musicais –, a Oela educa e
transforma em luthiers jovens amazônicos,
em geral vindos de famílias de baixa
renda, que encontraram um novo caminho e uma
nova profissão”, comenta Paulo Adario,
coordenador da campanha Amazônia do
Greenpeace, organização que
apóia e divulga o selo FSC no Brasil
desde 2001.
A Oela entrega em todo o
país e até mesmo fora das nossas
fronteiras os instrumentos da família
do violão, como a viola caipira, o
violão de sete cordas, o bandolim,
o cavaquinho e o banjo, incluindo linhas eletroacústicas
e de aço para estúdio. De acordo
com a ONG, os preços variam de R$ 800,00
a R$ 2.000,00. Interessados devem contatar
Charlene: (92) 3644-5459 ou charlene@oela.org.br.
Conheça o FSC
Atualmente, os melhores
padrões e critérios de manejo
florestal são os estabelecidos pelo
FSC (Forest Stewardship Council, ou Conselho
de Manejo Florestal). O FSC é o único
sistema de certificação independente
que adota padrões ambientais internacionalmente
aceitos, incorpora de maneira equilibrada
os interesses de grupos sociais, ambientais
e econômicos e tem um selo amplamente
reconhecido no mundo todo. O sistema FSC assegura
a integridade da cadeia de custódia
da madeira desde o corte da árvore
até o produto final chegar às
mãos dos consumidores. O FSC oferece
a melhor garantia disponível de que
a atividade madeireira ocorre de maneira legal
e não acarreta a destruição
de florestas primárias como a amazônica.
Visite www.fsc.org.br/