Amazônia - 01/02/2008 -
A entrada em funcionamento de uma fábrica
de rações está favorecendo
a produção de novas espécies
de peixes em cativeiro na Amazônia. A unidade
foi instalada no Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa/MCT). O projeto,
que recebeu recursos do Programa Integrado de Pesquisa
e Inovação Tecnológica (PIPT)
da Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado do Amazonas (Fapeam), também está
auxiliando a produção de novas pesquisas.
Um dos trabalhos em andamento é coordenado
pelo professor Manoel Pereira Filho, que analisou
os aspectos da nutrição do pirarucu
e do tambaqui.
Com a fábrica foi possível
produzir um tipo de ração chamada
extrusada, também conhecida como expandida.
A tecnologia é mesma usada na fabricação
de macarrão instantâneo. Nesse processo,
o produto passa em um cilindro de alta pressão
e ao sair da máquina expande-se. Dessa forma,
a densidade da ração é reduzida
e o alimento flutua na água, permitindo ao
criador ver se o peixe comeu ou não.
O professor, Manoel Pereira explica
que a ração utilizada, até
então, na criação de peixes
era a peletizada, ou seja, produzido com grão
denso e granulado. Por ser compacto, o alimento
afunda nos tanques de criação e não
permite ao criador saber se o peixe se alimentou.
Por exemplo, se o tambaqui não comer a ração
em duas horas, não se alimenta mais. Além
disso, os resíduos acumulados no fundo do
tanque, ao fermentar, retiram o oxigênio da
água necessário para criação
do peixe.
Manoel Pereira afirma que o tambaqui
é a espécie mais criada em Manaus
e em todo estado do Amazonas. O que gera demanda
por novos conhecimentos para aperfeiçoar
a criação dessa espécie. Mas,
o Inpa também está produzindo ração
extrusada para peixe boi. Essa espécie só
come se o alimento estiver flutuando, o que torna
essa ração uma saída para sua
criação, destaca Manoel.
O grande problema, de acordo com
o pesquisador, é que o Amazonas produz poucos
ingredientes para rações. Por conta
dessa escassez, Pereira acrescenta que estão
sendo estudados ingredientes disponíveis
localmente. O maior potencial hoje é a torta
de amêndoa do cupuaçu. A polpa do fruto,
a semente e óleo são extraídos
e tratados e passam por um processo de fermentação.
"Esse é um ingrediente que está
sendo muito promissor", aponta Pereira Filho.
O coordenador explica que a torta
do cupuaçu tem uma boa aceitação
entre os peixes, mas não se sabe ainda a
quantidade que se pode colocar de torta na ração
sem causar problemas. "Outros ingredientes
tem sido pesquisados como a torta de maracujá,
que é o resíduo da extração
do óleo da semente desta fruta, e os resíduos
da extração da polpa de camu-camu,
araçá-boi, de goiaba e vários
outros produtos que antes se gastava dinheiro para
serem jogados fora", afirma o pesquisador.
Manoel avalia que a tendência
atual é a ração ficar mais
barata em função de diversos fatores.
"Entre outras coisas, a facilidade de importação
de ingredientes e a existência de várias
fábricas existentes estimulam a queda dos
preços. Mas, ainda orientamos alguns criadores
para produzirem suas próprias rações
com ingredientes locais", explica.
(Com informações da Agência
Fapeam)