20/02/2008 - Entre os problemas
apontados estão o desmatamento de grandes
áreas, locomoção forçada
de índios isolados, invasão de terras
indígenas e falta de fiscalização
por parte do governo peruano. No encontro, as lideranças
indígenas e organizações da
sociedade civil pretendem buscar soluções
e exigir medidas governamentais para por fim as
ações criminosas que estão
destruindo os povos que habitam a região
da fronteira.
O povo Ashaninka do Peru e do
Brasil estará reunido entre os dias 24 a
28 de fevereiro na aldeia Sawawo, localizada no
departamento de Ucayali (Peru), na fronteira com
o estado do Acre, para o evento "Encontro na
Fronteira Brasil-Peru Comunidades Indígenas:
Terra, Limites Fronteiriços, Convênios
e Projetos". O objetivo do encontro é
discutir o impasse criado pela exploração
madeireira na fronteira entre os dois países,
seus impactos socioambientais nas terras e comunidades
indígenas e nos territórios dos índios
isolados, como também discutir soluções
de desenvolvimento não madeireiro.
A política ambiental do
Governo Peruano é o que está motivando
a realização do encontro. Essa política,
através das concessões florestais,
tem ameaçado a integridade do território
de índios isolados que, fugindo dos desmatamentos,
têm se deslocado em direção
às Terras Indígenas do estado do Acre
situadas na região de fronteira. A presença
cada vez mais freqüente de grupos isolados
nestas TIs é vista com apreensão pelos
povos indígenas do lado brasileiro, cujos
territórios delimitam a fronteira Brasil-Peru.
A invasão de madeireiros
peruanos se intensificou a partir de 2000, com o
regime de concessão florestal peruano e a
promulgação da Lei Florestal no país.
Desde essa época foram abertos dois concursos
de concessão de lotes, permitindo aos madeireiros
instalar empresas na região. O governo peruano,
no entanto, não tem se mostrado capaz de
fiscalizar a atividade madeireira dentro das concessões
florestais: o Instituto Nacional de Recursos Naturales
– INRENA (organismo do governo equivalente ao IBAMA
no Brasil) não dispõe de estrutura
adequada para realizar tal atividade; além
disso, é notada a influência política
dos madeireiros na região, seja em âmbito
local ou departamental. O resultado são quilômetros
de floresta devastada e a extração
ilegal de madeiras nobres. Como no lado peruano
algumas espécies de maior valor econômico
já foram exploradas à exaustão,
os madeireiros passaram a invadir a floresta do
lado brasileiro.
Preocupados com esta situação,
as lideranças indígenas e organizações
da sociedade civil, brasileiras e peruanas, continuam
se reunindo para discutir esses problemas, buscar
soluções e exigir medidas governamentais
para por fim nas ações criminosas
que estão destruindo os povos que habitam
a região da fronteira Brasil – Peru.
Este encontro é organizado
pela Apiwtxa com o apoio da CPI/Acre - Comissão
Pró-Índio do Acre, do CTI - Centro
de Trabalho Indigenista e da RCA - Rede de Cooperação
Alternativa. Estarão presentes também
organizações indígenas e indigenistas
de ambos os países e contará com a
participação do Governo Brasileiro,
através da Coordenação Geral
de Índios Isolados da Funai – Fundação
Nacional do Índio.
Com informações do CTI