27 de Fevereiro
de 2008 - Marco Antônio Soalheiro - Enviado
especial - Wilson Dias/Abr - Tailândia (PA)
- Madeireiras e carvoarias da cidade, onde é
deflagrada operação que combate exploração
de madeira. Na semana passada, durante outra operação,
foram confiscados de 13 mil a 15 mil metros cúbicos
de madeira.
Tailândia (PA) - Dos cerca de 15 mil metros
cúbicos de madeira apreendidos nas Operações
Guardiões da Amazônia e Arco de Fogo,
2.100 metros cúbicos – aproximadamente um
sétimo do total – foram retirados até
o momento. A informação é do
gerente de monitoramento ambiental da Secretaria
de Estado do Meio Ambiente (Sema) do Pará,
Marcelo Faria.
Vinte e quatro técnicos
da Sema e 14 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
participam dos trabalhos de autuação
e organização da retirada do material.
“Já está tudo sendo
solucionado. A polícia ambiental está
providenciado mais agentes e a secretaria também.
Temos quatro empilhadeiras trabalhando e duas empresas
de transporte contratadas”, informou Faria.
Segundo ele, cerca de 400 metros
cúbicos por dia estão sendo retirados
por terra e balsa em direção a um
depósito na região metropolitana de
Belém. Ao todo, 35 caminhões estão
a postos para transportar as toras. A carga puxada
por cada um varia entre 25 e 60 metros cúbicos.
“O desafio agora é otimizar
o trabalho, fazendo a retirada simultânea
em duas serrarias. Uma parte vai por balsa e outra
pelos caminhões até Belém”,
ressaltou Faria. O volume transportado exige uma
checagem minuciosa para que não exceda a
quantidade declarada no termo de apreensão
lavrado pelo Ibama. As espécies mais transportadas
são faveiro e cajuaçu, usadas para
lâminas. A estimativa do Ibama é de
que ao final do trabalho de fiscalização
sejam encontrados até 40 mil metros cúbicos
de madeira extraída de forma irregular.
Logo na chegada à cidade
de Tailândia, percebe-se o quanto as madeireiras
e serrarias representam na economia local. Dezenas
delas se sucedem nas duas margens no trecho urbano
da Rodovia PA-150. Um sobrevôo em helicóptero
do Ibama deu à equipe da Agência Brasil
uma dimensão da quantidade de madeira existente
nos pátios das empresas. O último
Censo Agropecuário do IBGE registra uma produção
anual de 1,4 milhão de metros cúbicos
de madeira em toras no município.
“A fiscalização
nos reporta a uma situação de agravamento
da pressão sobre os recursos naturais, que
merece resposta do governo”, afirmou o capitão
Fernando Bilóia, comandante do efetivo da
polícia ambiental na Operação
Arco de Fogo.
+ Mais
Reunião expõe divergências
entre moradores de Tailândia e o Ibama
28 de Fevereiro de 2008 - Marco
Antônio Soalheiro - Enviado especial - Wilson
Dias/Abr - Tailândia (PA) - Prefeito da cidade,
Paulo Jasper, o Macarrão, cumprimenta a população
que disputa 3.500 cestas básicas distribuídas
pela Secretaria de Ação Social do
município. Moradores criticam Operação
Arco de Fogo, que combate a exploração
ilegal de madeira na cidade.
Tailândia (PA) - Durante encontro hoje (28)
entre lideranças locais, deputados e agentes
da Operação Arco de Fogo, não
faltaram críticas às ações
de fiscalização implementadas em serrarias
e madeireiras na cidade.
Uma das manifestações
mais duras partiu de Ademar Farias, comerciante
de 60 anos que vende e aluga máquinas para
madeireiras. Ex-combatente das forças militares
da guerrilha do Araguaia em 1972 e 1973, ele está
em Tailândia há 18 anos. E responsabiliza
os órgãos de governo por ilegalidades
encontradas na cidade.
“Dizem que tem mais de 50 mil
metros cúbicos de madeira ilegal aqui, mas
isso não entra num pátio de uma hora
para outra. Quer dizer que alguém era conivente
com isso há mais tempo”, disse Farias.
Na visão do comerciante,
a origem da madeira encontrada nos pátios
das serrarias locais é muitas vezes ilegal
porque os agentes de governo não agilizam
os projetos de manejo. “Parece que as entidades
deixam a gente na ilegalidade para poder corromper”,
afirmou Farias, sob aplausos de conterrâneos.
O dinheiro gasto pelo governo
estadual com a retirada do material apreendido também
foi questionado por Farias: “A governadora devia
pegar esse dinheiro que está pagando o frete,
deixar a madeira aqui, leiloar e juntar tudo para
gerar emprego.”
O Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) foi representado no encontro pelo coordenador
de fiscalização na Operação
Arco de Fogo, Bruno Versiani, que disse promover
apenas o estrito cumprimento da lei na região,
onde estaria em expansão um processo de desertificação
provocado pelo desmatamento.
“Estamos aqui cumprindo a lei,
tomando paulada, mas tentando reverter este processo”,
afirmou, ao acrescentar que os períodos secos
na Amazônia estão cada vez mais longos.
Versiani disse concordar com as
reclamações da população,
de que a fiscalização poderia ser
precedida de outras ações do Estado,
mas lembrou que não cabe ao Ibama essa decisão.
Ele reconheceu, por exemplo, que a indefinição
de questões fundiárias dificulta a
fiscalização ambiental. E ainda prometeu
que o órgão não cometerá
abusos na região.
“Não queremos prejudicar
ninguém. Temos bom-senso na hora de aplicar
sanções. Adoro chegar numa madeireira
e não dar multa, ver a empresa regularizada”,
ressaltou.
Após 15 dias em Belém,
o prefeito de Tailândia, Paulo Jasper (PSDB),
o Macarrão, voltou à cidade para a
reunião e disse estar negociando a ida de
deputados para verem de perto os reflexos da Operação
Arco de Fogo no município. “Procurei não
dar declaração à imprensa para
se construir pontes e resolver o problema de forma
inteligente. Palavras e conversas fiadas é
muito fácil”, alegou Macarrão.
Mais cedo, na porta de sua casa,
o prefeito havia promovido a distribuição
gratuita de 3.500 cestas básicas, adquiridas
com dinheiro da prefeitura, como foi confirmado
pela mulher dele, Hígia Frota, secretária
de Ação Social do município.