Biocombustível
- 10/04/2008 - Em uma decisão inédita,
a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), através da Instrução
Normativa nº 4 - de 14 de janeiro de 2008 –
autorizou a inscrição do Pinhão
Manso (Jatropha Curcas L.) no Registro Nacional
de Cultivares (RNC). Editada pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) a instrução, na prática,
permite o cultivo da espécie em grande escala
em todo o território Nacional.
O Pinhão Manso é
uma planta oleaginosa, originária da América
do Sul. A variedade é da mesma família
que a mamona e tem ciclo de vida superior a 40 anos.
A espécie ainda apresenta um bom comportamento
em condições de seca e em caso de
ataque de pragas. O Pinhão ainda pode desempenhar
um importante papel na conservação
dos solos, além de produzir diversas colheitas
anuais.
A produção das sementes
varia de duas e quatro toneladas de óleo
por hectare/ano. Através de um processo químico
de transesterificação, o óleo
extraído é transformado em Biodiesel.
Além disso, sua biomassa possui um teor de
proteínas acima de 50%, podendo ser usada
para ração animal.
A proibição de cultivo
da espécie decorria, sobretudo, da ausência
de pesquisas sobre o comportamento das diversas
cultivares, e de avaliações de um
sistema de produção que incluísse,
entre outros, estudos agronômicos.
Ao autorizar o cultivo, a Embrapa
poderá reduzir o tempo de avaliação,
que levaria entre sete a dez anos, com base nas
informações relativas a outros estudos
e publicações científicas decorrentes.
No 2º Congresso da Rede Brasileira de Tecnologia
de Biodiesel, que aconteceu em novembro de 2007,
em Brasília, 51% dos trabalhos científicos
de quase todas as universidades brasileiras trataram,
fundamentalmente, das características físico-químicas,
biológicas e agronômicas do Pinhão
Manso. Apesar disso, ainda não se pode prever,
atualmente, os riscos agrícolas, que vão
desde uma simples doença até a possibilidade
de perda do plantio, o que, em grandes áreas,
pode acarretar em prejuízos da ordem de milhões
de reais.
A Empresa de Pesquisas Agropecuárias
de Minas Gerais (Epamig) foi pioneira e estuda a
oleaginosa desde o início dos anos 1980.
No Rio de Janeiro, os estudos realizados com o óleo
do Pinhão Manso revelaram um Biodiesel de
excelente qualidade. Resultados inéditos
das análises e procedimentos foram publicados
na "Cartilha do Pinhão Manso – da Semente
ao Biodiesel", distribuída a todas as
instituições afins brasileiras e recebendo
o apoio da Coordenação Nacional do
Programa de Biocombustíveis, de Deputados
e Senadores, da Secretaria Federal de Agricultura
– SFA/RJ e de órgãos representativos
de classe, como a União Brasileira de Biodiesel
– Ubrabio.
Essa contribuição,
que ajudou a colocar o Pinhão Manso na mesa
de discussão, faz parte de um convênio
firmado entre o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas
(CBPF/MCT) e a Escola de Química da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (EQ/UFRJ) Prêmio
Finep de Inovação Tecnológica
em Biodiesel, que também contou com a colaboração
do Programa Rio Biodiesel, da Secretaria de Estado
de Ciência e Tecnologia (SECT) do Rio de Janeiro.
(Com informações da Assessoria de
Imprensa do CBPF)