12 de
Fevereiro de 2009 - Da Agência Brasil - Brasília
- A morte da missionária americana Dorothy
Stang completou hoje (12) quatro anos. Em protesto
contra a demora no andamento dos processos, cerca
de 30 representantes do Comitê Dorothy Stang
reuniram-se em uma audiência com o presidente
do Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA),
o desembargador Rômulo Nunes.
O grupo reivindicou agilidade
na decisão final dos julgamentos contra os
envolvidos no assassinato da missionária,
Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como
“Taradão”, e Vitalmiro Bastos de Moura, o
“Bida”.
De acordo com o TJ-PA, o desembargador
Rômulo Nunes argumentou dizendo que o Judiciário
não pode evitar os pedidos de recursos dos
réus previstos pelo sistema jurídico.
Nunes disse ainda que acredita
na solução desse caso ainda neste
primeiro semestre do ano, porque o Tribunal está
aguardando apenas os documentos oficiais do Supremo
Tribunal Federal (STF), rejeitando o último
recurso dda defesa de Galvão para marcar
o júri popular.
Os representantes pediram também
a anulação do julgamento que absolveu
Bida, acusado de ser o mandante do crime.
Além desse encontro, o
grupo organizou homenagens à Dorothy Stang
durante todo o dia no município de Anapú
(PA), município onde ocorreu o assassinato.
Entre as atividades estavam a celebração
de uma missa e a visita ao túmulo onde a
missionária foi enterrada.
No Brasil desde 1966, a missionária
americana trabalhava com lideranças rurais,
políticas e religiosas em busca de soluções
para os conflitos relacionados à posse e
exploração de terras na Região
Amazônica.
+ Mais
ONG quer estimular consumidor
europeu a consumir sem prejudicar a Amazônia
10 de Fevereiro de 2009 - Pedro
Peduzzi - Repórter da Agência Brasil
- Brasília - A Holanda é um dos maiores
importadores da soja brasileira. Para abastecer
esse mercado, o Brasil precisa utilizar 25,3 milhões
de hectares – uma área cuja dimensão
supera a metade de todo o território holandês.
Boa parte dessa soja, entretanto, tem a função
de alimentar o gado do país.
Ao tomar consciência dessa
realidade, a filial holandesa da organização
não-governamental WWF encomendou, no Instituto
Copérnico da Universidade de Utrecht, o estudo
Mantendo a Floresta Amazônica em Pé:
Uma Questão de Valores. A idéia é
mostrar que a destruição da Região
Amazônica pode ser contida se for dado um
estímulo financeiro à manutenção
dos serviços ecológicos prestados
pela floresta. Para tanto, o estudo defende a conscientização
do consumidor europeu.
“Nós queremos mudar o paradigma
de que quem desmatou a Amazônia foram apenas
os brasileiros. Diversos outros países também
deram sua contribuição para o desmatamento
chegar no ponto em que se encontra. O intuito desse
estudo em especial é estimular o holandês
a um consumo mais responsável, e mostrar
que ele também tem uma parcela de culpa no
processo de devastação da Amazônia”,
explica o coordenador do Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Sustentável da WWF Brasil, Mauro Armelin.
“Queremos que ele busque saber
mais sobre a origem do produto que ele consome e
procure consumir produtos que obedeçam a
lei trabalhista brasileira e as legislações
ambientais. Principalmente o Código Floresta.
É uma oportunidade para que aqueles que fazem
parte do problema também façam parte
da solução”, completa Armelin.
Para isso a WWF defende a criação
de uma certificação dos produtos derivados
da agricultura e da pecuária, a exemplo do
que já ocorre com a madeira brasileira. “Ainda
estamos discutindo os critérios para essa
certificação, e acredito que ela não
sairá tão cedo. Isso significa que,
por enquanto, este consumidor encontra dificuldades
para saber a origem dos produtos brasileiros que
consome.”
Armelin explica que 80% de toda
madeira produzida na Amazônia tem algum problema
de ilegalidade em sua cadeia de produção.
A legalização juntamente com a certificação
aumenta, segundo ele, o custo da madeira em até
20%.
Mas o estudo também objetiva
a conscientização da população
da Amazônia sobre o potencial econômico
oferecido por meio da comercialização
dos serviços prestados pelos ecossistemas
da Amazônia. Segundo o coordenador da WWF,
“a população não vê cifrão
na floresta. Vê no gado, nas madeiras e na
agricultura. Ao tentarmos quantificar produtos não-palpáveis
da região, como carbono, água, chuva
e a erosão evitada, mostramos que a floresta
tem um valor maior do que esses três elementos”.
Ele explica que só a retenção
de gás carbônico feita por árvores
pode render anualmente entre US$ 70 e US$ 100 por
hectare. E não é só. Cada hectare
de produtos florestais não-madeireiros podem
render, por ano, entre US$ 50 e US$ 100. A prevenção
das erosões poderia gerar uma renda anual
de US$ 238 por hectare, e a prevenção
de incêndios, US$ 6 por hectare/ano.
A dispersão do pólen
nas plantações de café no Equador,
que é feita pelos insetos originários
das florestas tropicais, renderiam a cada ano US$
49 por hectare. Produtos como mel, frutos florestais
e cogumelos representariam um valor aproximado de
US$ 50 a R$ 100 por hectare a cada ano. Já
as atividades recreativas e de ecoturismo, entre
US$ 3 e US$ 7 por hectare/ano.
O estudo vai além
e compara esses números a outras práticas
econômicas que colaboram com a destruição
das florestas tropicais, como a produção
predatória ou não-sustentável
de carne e soja, principais produtos importados
pela Europa. A pecuária extensiva gera anualmente
de US$ 31 a US$ 89 por hectare, e a soja, de US$
179 a US$ 366.