26 de
Fevereiro de 2009 Ativistas do Greenpeace entregam
tonel com chocolates da Garoto à sede da
empresa, em Vitória. A empresa jamais apresentou
atestado de que não usa matéria-prima
transgênica em sua produção.
São Paulo (SP), Brasil — Inquérito
foi aberto após representação
do Greenpeace, que pede também avaliação
sobre política de rotulagem da empresa.
O Ministério Público
do Estado de São Paulo abriu inquérito
para investigar o uso de matéria-prima transgênica
na fabricação de produtos da empresa
de chocolate Garoto S. A. O inquérito é
resultado da representação apresentada
ao MP pelo Greenpeace em março de 2008, após
uma série de atividades durante a semana
do consumidor. Numa delas, ovos de Páscoa
da Garoto foram devolvidos à sede da empresa,
em Vitória, dentro de um tonel rotulado com
o T de transgênico.
A Garoto tem sistematicamente
se negado a mostrar se utiliza ou não transgênicos
e seus produtos. No entender da Promotora de Justiça
Luciana Belo da Silva, "os dados colhidos nos
autos até este momento dão fundamento
à representação, bem como à
necessidade de providências por parte desta
Promotoria de Justiça".
Segundo Rafael Cruz, coordenador
da campanha de Transgênicos do Greenpeace,
a instauração de inquérito
Civil "foi um grande passo para a transparência
da Garoto, e um recado para outras empresas que
continuam escondendo dos consumidores sua política
de utilização de transgênicos".
A Garoto está na lista
vermelha do Guia do Consumidor do Greenpeace por
não responder às solicitações
da organização para que apresentem
documentos que provem a não utilização
de soja e milho transgênicos em sua linha.
Desde 2004 o Brasil tem uma lei
que exige a rotulagem de todo produto alimentício
fabricado com 1% ou mais de matéria-prima
transgênica. Procurada desde o início
da publicação do Guia do Consumidor
(em 2002), a Garoto só se manifestou uma
vez, em março de 2008, seis anos depois,
mas em sua carta não informou se utilizava
ou não ingredientes transgênicos para
fabricar seus chocolates.
Depois da soja e o milho, agora
vem o arroz
Variedades de soja e milho são
os únicos alimentos transgênicos aprovados
no Brasil pela Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio) e estão
presentes em diversos tipos de alimentos industrializados
comercializados no país. Apesar disso, apenas
algumas marcas de óleos de soja de duas empresas
(Bunge e Cargill) foram rotuladas, e mesmo assim
por ordens da Justiça. No entanto, outros
produtos que também usam soja transgênica,
como maionese e margarina, continuam sem o devido
rótulo.
Na maior parte das vezes esses
alimentos são processados e transformados
em óleo, lecitina, proteína e amido,
entre outros derivados. Pela dificuldade de se detectar
substâncias transgênicas neles, o Greenpeace
vem pedindo documentos às empresas que comprovem
a origem não-transgênica das matérias-primas
usadas em seus produtos.
A história, contudo, pode
mudar no caso do arroz, que tem uma variedade transgênica
em pauta na CTNBio, e audiência pública
prévia à esta votação
marcada para o dia 18 de março.
Caso seja aprovado, o arroz transgênico
terá que ser rotulado, conforme exige a lei.
Os consumidores, então, não dependerão
mais das informações fornecidas pelas
empresas. Isso porque o arroz é, em sua maior
parte, consumido sem nenhum processamento. Ele vai
diretamente para o prato do consumidor. Os testes
para detecção de transgenia serão
mais acessíveis e o controle e transparência
na utilização de variedades transgênicas
estarão ao alcance de entidades que têm
como objetivo garantir direitos dos consumidores.
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Fórum de Mudanças
Climáticas é lançado a bordo
do Arctic Sunrise
17 de Fevereiro de 2009 Lançamento
do Fórum Pernambucano de Mudanças
Climáticas a bordo do navio Arctic Sunrise,
em Recife.
Recife (PE), Brasil — Subordinado à Secretaria
de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Fórum
vai propor soluções para o aquecimento
global.
Uma cerimônia a bordo do
navio Arctic Sunrise, do Greenpeace, reunindo ambientalistas,
representantes da comunidades científica
e do governo pernambucano marcou nesta terça-feira
o lançamento do Fórum Pernambucano
de Mudanças Climáticas. O Fórum,
atrelado à Secretaria de Ciência, Tecnologia
e Meio Ambiente, é uma instância formal
criada para promover de medidas e políticas
públicas relacionadas ao aquecimento global.
Confira aqui a mais recente evidência
de como o aquecimento global afeta o nosso planeta
- um imenso bloco de gelo, 10 vezes o tamanho da
cidade de São Paulo, se desprendeu na Antártica.
Entre as ações prioritárias
já identificadas pelo Fórum estão
o inventário estadual de emissões
de gases de efeito estufa – detalhamento da poluição
gerada pelos diferentes setores econômicos,
mapeamento das áreas mais vulneráveis
a enchentes, secas e elevação do nível
do mar e propostas de soluções para
o problema.
A cerimônia de lançamento
do Fórum Pernambucano de Mudanças
Climáticas fez parte das atividades da expedição
Salvar o Planeta. É Agora ou Agora, que desde
janeiro percorre o Brasil alertando a sociedade
sobre a urgência e gravidade do aquecimento
global. O navio que está em Recife desde
a última sexta-feira (13/2) e segue na próxima
semana para Salvador.
"A criação
do fórum pernambucano é especialmente
relevante porque o estado fica em uma das regiões
brasileiras mais vulneráveis aos impactos
das mudanças climáticas", ressaltou
Guarany Osório, do Greenpeace.
Segundo dados apresentados no
evento pelo cientista Paulo Nobre, do INPE, a população
da costa é ameaçada pela elevação
do nível do mar, enquanto o semi-árido
corre o risco de desertificação, com
o agravamento das secas.
Estudos científicos afirmam
que para evitar que o planeta entre em um processo
irreversível de aquecimento global, as emissões
de CO2 devem ser estabilizadas até 2015;
até 2050, o mundo deverá construir
uma economia de carbono zero. Esse é um esforço
gigantesco que envolve a participação
de toda a sociedade.
"Esse fórum será
prioritariamente um espaço de aglutinação.
Vamos envolver as universidades, as prefeituras
e as organizações civis no nosso trabalho
e também vamos exigir a mobilização
do governo federal", disse o secretário
de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de
Pernambuco, Aristide Monteiro.
A criação de fóruns
de mudanças climáticas é uma
diretriz das Nações Unidas que já
foi seguida por outros três estados brasileiros:
São Paulo, Bahia e Ceará. Para o Greenpeace,
os fóruns abrem espaço para que as
organizações locais acompanhem a ciência
climática e pressionem o governo a agir.
Além das atribuições
locais, os fóruns de mudanças climáticas
são importantes para pressionar o governo
brasileiro a adotar uma posição mais
responsável na convenção da
ONU sobre mudanças climáticas que
em dezembro reunirá mais de 200 governos
para decidir o acordo que substituirá o Protocolo
de Kyoto, em 2012.
"As principais vítimas
das mudanças climáticas são
as populações mais pobres. O mais
cruel dessa história é que elas não
são grandes emissores de gases do efeito
estufa ou tomadoras de decisão. Por isso,
além ambiental, o aquecimento global também
é um problema ético", afirmou
Paulo Adario, diretor da campanha da Amazônia
do Greenpeace. "Os impactos do aquecimento
global já são visíveis. Temos
que agir com urgência."