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ORGANIZAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS PROTOCOLAM PEDIDOS DE VETO A PONTOS DA MP DA GRILAGEM

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Junho de 2009

18/06/2009 - Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Grupo de Trabalho Amazônico (GTA), Instituto Socioambiental (ISA) e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apresentam carta ao Presidente Lula reforçando os pedidos de veto feitos pela senadora Marina Silva (PT/AC).

Faltando poucos dias para que o Presidente Lula decida se vai sancionar na íntegra a Medida Provisória 458 (“MP da grilagem”), ou se vai acatar os pedidos de veto feitos pela senadora Marina Silva (PT/AC), organizações da sociedade civil apresentaram uma carta aberta reforçando os pedidos de veto a algumas das piores partes da medida. A manifestação conta com o apoio de personalidades públicas e milhares de cidadãos que protestaram por meio das campanhas de internet levadas adiante pelo ISA e outras organizações sociais que há décadas atuam na Amazônia.

Os vetos pedidos dizem respeito a dois pontos centrais:

a) possibilidade de regularização de terras para ocupantes indiretos, para quem já tenha outro imóvel ou pessoas jurídicas: esses pontos, incluídos no texto durante a tramitação na Câmara dos Deputados, são os que mais abertamente facilitariam o trabalho dos grileiros, muitos dos quais se escondem atrás de pessoas jurídicas e se apropriam das terras públicas por meio de prepostos (empregados, capangas etc.)

b) dispensa de vistoria para a titulação de áreas de até 400 hectares: a MP prevê que a titulação de áreas de até quatro módulos fiscais poderá ocorrer sem que o Estado vá verificar in loco se a pessoa que está pleiteando o título de propriedade da terra pública efetivamente cumpre com os requisitos estabelecidos na lei (morar no local e usar a terra para seu sustento), ou se é ela mesma que está ocupando a área, o que abre a possibilidade de que os verdadeiros ocupantes venham a ser surpreendidos com a titulação definitiva para terceiros.

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Yanomami e Yekuana propõem criar território etnoeducacional específico para garantir educação de qualidade

18/06/2009 Durante a Conferência Regional de Educação Indígena realizada em Boa Vista (RR) de 1º a 5 de junho, delegados Yanomami e Yekuana propuseram desmembrar o território maciço Guianense Ocidental e criar território específico Yanomami e Yekuana para contemplar suas especificidades

A Conferência Regional de Educação que reuniu todos os povos indígenas de Roraima em junho, em Boa Vista, contou com a participação de dezesseis delegados Yanomami e de oito Yekuanas, que juntos discutiram o que pretendem com a educação escolar na Terra Indígena Yanomami. Daí surgiu a proposta do desmembramento do território Maciço Guianense Ocidental e de criação de um território etnoeducaional exclusivo Yanomami e Yekuana. Sugeriram estruturar um território piloto com autonomia de gestão financeira e administrativa além da gestão pedagógica.

Para isso será necessário que os recursos destinados a esse território etnoeducacional sejam repassados, fundo a fundo, pelo Fundeb e Programa Nacional de Alimentação Escolar Indígena (Pnaei) para as escolas Yanomami e Yekuana. Para tanto, será preciso elaborar regras específicas de responsabilização dos gestores do território para que os recursos sejam aplicados adequadamente e os planos de trabalho sejam executados. Caso não sejam executados penalidades seriam aplicadas e os recursos teriam de ser devolvidos. A fim de garantir a lisura do processo e a execução do plano de trabalho o Ministério Público Federal teria de acompanhar a execução no âmbito do Território Etnoeducacional Yanomami e Yekuana.

A Conferência Regional abordou cinco eixos temáticos: Territorialidade e Autonomia dos Povos Indígenas; Políticas, Gestão e Financiamento da Educação Escolar Indígena; Práticas Pedagógicas Indígenas; Participação e Controle Social; e Diretrizes para a Educação Escolar Indígena. O professor e vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami, Anselmo Xiropino, participou como palestrante na mesa que tratou das práticas pedagógicas e ressaltou a caracterização e organização diferente das escolas Yanomami em comparação a escolas não indígenas. Entre os Yanomami, o calendário e o ensino são discutidos com a comunidade, e por essa razão as escolas não seguem o calendário do Estado de Roraima, conforme exige a Secretaria Estadual de Educação. Em seu ritmo próprio. As propostas resultantes da Conferência Regional serão levadas à aprovação da I Conferência Nacional de Educação Indígena, que será em Brasília, de 21 a 24 de setembro.

Conferências locais

Em fevereiro e março deste ano, as comunidades Yanomami das regiões Kayanau, Toototopi, Auaris e Parawau realizaram as conferências locais onde iniciaram o debate das propostas que levaram à Conferência Regional. Nesse processo tiveram apoio e acompanhamento do dos assessores do Projeto Pró-Yanomami do Programa Rio Negro do ISA e orientação da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (Opir). As conferências locais foram baseadas em três perguntas, propostas pela comissão organizadora da Conferência Nacional: Por que queremos a escola? O que já conquistamos? O que fazer para avançar na educação que queremos?

As comunidades Yanomama, Yanomae, Sanoma e Yanomami responderam às questões destacando que querem escola para aprender a ler e escrever nas línguas Yanomami e em Português, e que por meio da escrita pretendem proteger o território, garantir a assistência em saúde e formar novas gerações de Yanomami. Disseram ainda que já conquistaram o decreto de criação de 21 escolas estaduais, a contratação de 24 professores, o curso de formação dos professores Yanomami no Magistério Yarapiari, e esperam que este seja reconhecido no Conselho Estadual de Educação de Roraima assim como esperam a certificação dos professores Yanomami pelo Centro Estadual de Formação dos Profissionais da Educação de Roraima (Ceforr). Destacaram também a necessidade de criar novas escolas, contratar mais professores, publicar os materiais produzidos na escolas e querem contar efetivamente com o apoio do governo brasileiro que aqui foi muito restrito.

Professores fazem propostas de melhoria

Em maio, 80 professores Yanomami de onze regiões da Terra Indígena Yanomami -Alto Catrimani, Baixo Catrimani, Missão Catrimani, Auaris, Parawau, Paapiu, Kayanau, Toototobi, Alto Mucajaí, Ajarani e Demini - discutiram a situação das suas escolas e elaboraram propostas de melhoria das condições da educação escolar em suas comunidades. Reafirmaram os pontos levantados nas conferências locais e acrescentaram a necessidade de acompanhamentos pedagógicos em suas escolas, realizados em parceria com a Secretaria Estadual de Educação e as organizações de apoio como ISA e a Diocese. Solicitaram que a merenda escolar seja comprada nas comunidades para assegurar uma alimentação adequada. Sobre a estruturação física das escolas os Yanomami propuseram alternativas que respeitam a sua dinâmica de deslocamentos e também diminuem gastos públicos utilizando na construção das escolas matérias primas e mão-de-obra locais. Os professores destacaram ainda a necessidade de reconhecer e implementar os Projetos Políticos-Pedagógicos das escolas respeitando as concepções pedagógicas, o calendário e demais questões que as diferenciam. Solicitaram finalmente uma escola de educação básica Yanomami e apoio para ingressar no ensino superior depois da formatura no magistério que acontecerá no final de 2009.
ISA, Lidia Montanha de Castro.

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Ato público conclama Lula a assumir a liderança da agenda ambiental

19/06/2009 Centenas de pessoas participaram na tarde desta quinta-feira (18/6) de ato público promovido pelo Instituto Ethos e Movimento Nossa São Paulo em protesto contra o desmonte da legislação ambiental brasileira. A leitura de uma carta aberta à sociedade, aprovada por aclamação pelos presentes, encerrou o ato público.

A manifestação aconteceu nesta quinta-feira (18/6) durante a Conferência Internacional Ethos 2009, no Hotel Transamérica , em São Paulo, antes da plenária de encerramento do evento. Coordenada pelo presidente do Instituto Ethos, Ricardo Young, a mesa do Ato Público foi formada por empresários de vários setores, representantes de ONGs (como o ISA, Amigos da Terra, Greenpeace WWF, Repórter Brasil), da CUT e do Conselho Nacional de Seringueiros, pelo chefe de gabinete do Ministério do Meio Ambiente, Ivo Bucaresky, entre outros. Quase todos se referiram à necessidade de mudar o modelo de desenvolvimento em vigor no Brasil, de assumir responsabilidades e de dizer não ao retrocesso em curso, de derrubada da legislação ambiental conquistada nos últimos 20 anos.

Esse retrocesso citado por vários dos componentes da mesa inclui entre outras a MP 458 (ou MP da grilagem na Amazônia), as tentativas de derrubar o Código Florestal, a MP da compensação ambiental. Uma “sacola de maldades”, como define Marcelo Furtado, do Greenpeace. “Não existe Brasil sem Amazônia e mantê-la em pé deve ser nosso compromisso. É preciso dizer não, basta, ir para a rua”, afirmou Furtado.

"O momento exige ações contundentes", disse Beto Ricardo, do ISA, convocando os presentes não apenas a participar da mobilização cibernética (referindo-se às cyberações em curso na internet, contra o desmonte da política ambiental e pedindo o veto de Lula aos artigos polêmicos da MP 458), mas ir além. E retomou um mote lançado pelo ISA em 2004: “Desenvolvimento, sim. De qualquer jeito, não”.

Roberto Smeraldi, da Amigos da Terra - Amazônia informou ao público que sua instituição e o ISA tinham entrado naquela tarde com reclamação no STF contra a MP que muda as regras da compensação ambiental. Esta MP é mais uma no pacote de desmonte da legislação ambiental. Smeraldi lembrou que a linha da pobreza diminuiu em todo o Brasil menos na Amazônia. "Há três milhões de pobres na Amazônia".

Já Leonardo Sakamoto, do Repórter Brasil, organização que se pauta pelo combate ao trabalho escravo, recordou aos presentes que Vitalmiro Bastos de Moura, o fazendeiro acusado pelo assassinato da irmã Dorothy Stang, em fevereiro de 2005, em Anapu, no Pará, poderá ser um dos beneficiados pela lei da grilagem. Vitalmiro foi condenado uma vez e julgado pela segunda vez em maio de 2008 foi absolvido. Mas a Justiça do Pará anulou o julgamento e ele aguarda ser julgado novamente.

A senadora Marina Silva, que na quarta-feira (17/6) recebeu em Oslo, na Noruega, o Prêmio Sophia e por isso não estava presente, enviou um vídeo no qual convoca cada cidadão brasileiro a assumir sua responsabilidade e ressaltando que o Brasil arcaico não está falando em nome dos seus representados, referindo-se aos senadores e deputados. Disse ainda que os representados devem ser pró-ativos em legítima defesa da garantia de vida às gerações que aí estão e às gerações que ainda não nasceram.

O chefe de gabinete do Ministério do Meio ambiente, Ivo Bucaresky, representou o ministro Carlos Minc, impossibilitado de comparecer, no ato e pediu a todos que ficassem alertas em relação ao Código Florestal. Disse que quando as punições aos que não respeitam as leis começaram a ser efetivamente aplicadas é que se tornaram mais fortes as pressões dos ruralistas para derrubar o Código Florestal. O ministro Minc enviou um vídeo associando-se ao ato público.

Espera-se para hoje, 19/6, uma decisão do Presidente Lula em relação ao veto ou não dos artigos polêmicos contidos na MP 458.

A manifestação terminou com a leitura da carta aberta à sociedade, aprovada por aclamação por todos e que no final relaciona as intenções dos que se reuniram no ato público, a saber:

- Conclamar a Presidência da República a vetar os três artigos da MP 458, conforme a Carta Aberta da senadora Marina Silva encaminhada ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva;

- Conclamar o Presidente Lula a assumir a liderança da agenda ambiental como central na estratégia do desenvolvimento social e econômico do Brasil;

- Conclamar o Congresso Nacional a assumir sua responsabilidade frente à agenda ambiental brasileira;

- Conclamar as empresas a incorporar a agenda ambiental como estratégia de seus negócios.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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