Novo Progresso (18/08/2009)
– Com a chegada de mais agentes ambientais federais
do Paraná e Mato Grosso, entre eles vários
especialistas em queimadas, e mais o efetivo de
policiais da Força Nacional de Segurança
Pública, a Operação Boi Pirata
II pretende retirar 15 mil cabeças de gado
do interior da Floresta Nacional do Jamanxim, na
Amazônia paraense.
Dados recentes divulgados pelo
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe
informam que, apenas neste ano, o Pará desmatou
300 km², grande parte dessa área é
destinada à criação de gado.
A pecuária dentro da Flona do Jamanxim é
a principal causa do desmatamento daquela Unidade
de Conservação – UC. Além disso,
para alimentar o gado é necessária
a plantação de pasto. E para isso
é preciso queimar a mata, o que torna inviável
a sua regeneração.
Conforme determinação
do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, todo
o gado criado em Unidades de Conservação
ou em terras da União deverá ser retirado
imediatamente. O pecuarista que não cumprir
os prazos estabelecidos pelos agentes ambientais
federais do Ibama para a retirada dos rebanhos terá
o plantel confiscado e doado aos projetos sociais
do Governo Federal.
Queimadas
Hoje, os helicópteros do Ibama tentaram sobrevoar
o município de Novo Progresso, mas o volume
de fumaça derivado das grandes queimadas
não permitiu que as aeronaves levantassem
vôo. Contudo, à tarde, os fiscais sobrevoaram
a região e fizeram levantamento das áreas
queimadas. Assim, será possível identificar
os posseiros para multá-los e embargar as
áreas afetadas.
A presidente do sindicato dos
trabalhadores e trabalhadoras de Novo Progresso,
Ivonete Alves Moura, juntamente com assentados do
Projeto de Desenvolvimento Sustentável Terra
Nossa, localizado às margens da BR 163, no
km 1009, esteve na base operativa do Ibama para
falar de sua preocupação em relação
às queimadas. Na área do assentamento,
há posseiros que não têm documentos
que legitimem sua posse e fazem queimadas constantes.
“Temos medo que, por causa do clima seco, o fogo
chegue até o assentamento. Afinal, são
310 famílias de trabalhadores que se sustentam
do que produzem. Além disso, nossa preocupação
também é que, por causa da queimada
de outros, a gente leve a culpa e sofra penalidades
do Ibama”, disse.
A surpresa
O ministro Minc afirmou em Novo Progresso/PA que
a Operação Boi Pirata II não
vai parar, mesmo tendo havido a tentativa de um
juiz do estado em prender o coordenador da operação,
e da pressão política e econômica
para manter o desmatamento na região. Segundo
o coordenador da operação, Leslie
Tavares, a chegada da Força Nacional de Segurança
Pública a Novo Progresso dará a segurança
necessária para os agentes do Ibama continuarem
desempenhando seu trabalho com tranquilidade, até
que se consiga atingir a meta de 15 mil cabeças
de gado fora da Amazônia. “É isso o
que a sociedade brasileira quer, pois ela repudia
o desmatamento ilegal.”, afirmou.
O trabalho não para
Durante o último fim de semana (14 a 16/08),
as equipes de trabalho da Operação
Boi Pirata II lavraram seis autos de infração
e aplicaram mais R$ 2 milhões em multas.
Até o momento, foram apreendidos quatro tratores,
sendo dois de esteira, 14 armas, três caminhões,
18 motosserras, mil litros de óleo diesel,
munição, uma serraria móvel,
houve embargo e apreensão de equipamentos
de uma serraria fixa, a detenção de
17 pessoas, foram estourados oito acampamentos de
grupos que faziam desmatamento e queimadas visando
à criação de gado, além
de lavrados 38 autos de infração,
que resultaram em mais de R$ 26 milhões em
multas.
Badaró Ferrari
Ascom IBAMA