Panorama
 
 
 

DITADURA TRANSGÊNICA

Panorama Ambiental
São Paulo (SP) – Brasil
Agosto de 2009

10 de Agosto de 2009 São Paulo (SP), Brasil — Com um projeto de lei para banir dos alimentos industrializados o rótulo de transgênico, o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) pretende impor à população a ignorância alimentar.

Em audiência pública no dia 1º de julho na Câmara Federal, o deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS) fez uma defesa ao mesmo tempo apaixonada e saudosa da ditadura militar no Brasil. Segundo ele, vivemos hoje em outro tipo de regime, muito pior do que o dos militares. É o regime da "ditadura de certos órgãos de imprensa", disse Heinze, “que vendem para o mundo uma imagem errada do Brasil". A imagem correta, para ele, deve ser a de um país de alienados, onde a população não deve ser informada de nada e muito menos sobre o que come.

Heinze age do jeito que fala. Em 16 de outubro do ano passado, ironicamente a data em que se celebra o dia da alimentação, o deputado apresentou um projeto de lei que foi apelidado de ‘rotulagem, zero’. Basicamente, sua proposta é banir dos rótulos da comida dos brasileiros qualquer informação sobre se os produtos contêm ou não transgênicos. O projeto de Heinze está tramitando com uma celeridade incomum para os padrões legislativos brasileiros. Já passou pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, sequer foi debatido nas Comissões de Agricultura e Meio Ambiente e, neste momento, aguarda uma decisão de líderes partidários para ser submetido à votação em plenário.

Se o projeto for aprovado, o Brasil vai dar um passo atrás e condenar sua população à mais completa ignorância alimentar. Grandes serão as chances de que qualquer um de nós, mesmo que seja contra transgênicos, acabe engolindo uma engenharia genética da Monsanto achando que está consumido um produto criado pela natureza. Aprovada no Brasil em 2005, mas plantada clandestinamente desde 1997, a soja transgênica representa hoje cerca de 60% de toda a produção brasileira do grão. Transformada em lecitina, óleo e gordura, dentre outros derivados, a soja é parte de inúmeros tipos de produtos da indústria da alimentação, de biscoitos a cereais, de margarinas a papinhas para criança.

Segundo o atual decreto de rotulagem, se 1% ou mais dos ingredientes que compõem esses produtos forem transgênicos, o produto final deve ser rotulado com um "T" preto dentro de um triângulo amarelo (símbolo da rotulagem definido pelo Ministério da Justiça após consulta pública). O decreto define que a informação sobre a natureza transgênica do grão "deverá constar do documento fiscal, de modo que essa informação acompanhe o produto ou ingrediente em todas as etapas da cadeia". Ou seja, deve-se rastrear o produto, saber de onde ele veio e como foi produzido.

O projeto do deputado Luiz Carlos Heinze retira essa necessidade com a sutileza de quem quer mascarar suas meas intenções. Ele mantém a rotulagem para alimentos com 1% ou mais de transgênicos, mas define que para isto os testes devem ser feitos nos produtos finais, já processados, e cuja detecção é impossível de ser obtida na grande maioria dos casos. Esta ausência de rastreabilidade prejudica não só o direito de todos os brasileiros de saberem o que consomem, mas também a liberdade de parte da indústria que queira trabalhar com alimentos livres de transgênicos por princípio ou por pura estratégia de negócio.

O desconhecimento da origem e natureza de qualquer produto é incompatível com a noção de consumo que tem se construído ao longo dos últimos anos. Tal mudança de paradigma, que valoriza os bons métodos de produção, é uma tendência não só no Brasil, mas no mundo todo, inclusive nos países que hoje compram soja, carne, etanol, e outros produtos brasileiros.

Não por acaso a França, a Alemanha e outros países europeus possuem claras leis de rotulagem de transgênicos baseadas na rastreabilidade do grão, inclusive da nossa própria produção que é exportada para a Europa. Esta prática não deveria ser um privilégio dos compradores internacionais, mas garantida também para os consumidores brasileiros.

O projeto “rotulagem zero” de Heinze se torna ainda mais nocivo neste momento em que o Brasil colheu sua primeira safra de milho transgênico, sob total descontrole acerca de contaminação na cadeia produtiva, conforme contou reportagem da Folha de S. Paulo publicada no último dia 10 de maio. A exemplo da soja, o milho é parte de inúmeros produtos como o cereal matinal, ou os salgadinhos que as crianças consomem diariamente, e sobre os quais se deve garantir o direito de escolha.

A tendência a cultivar a desinformação demonstrada pelo deputado Luiz Carlos Heinze pode colocar o Brasil na contramão da nova lógica econômica do século XXI, que preza cada vez mais pela informação e preservação ambiental. Neste contexto, seu projeto de lei 4148/2008 representa uma espécie de "ditadura transgênica", na qual perderá o Brasil, com portas fechadas no mercado internacional, e os brasileiros, desprovidos de seu direito de escolher o que querem comer.

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ONGs se unem para proteger a floresta tropical da Indonésia

06 de Agosto de 2009 Ativistas se acorrentam em trator esteira para impedir a destruição da floresta na Indonésia.
Jacarta, Indonesia — Enquanto o governo cruza os braços, a maior empresa de dendê da Indonésia, Sinar Mas, expande seus negócios no país

O Greenpeace e as organizações não governamentais locais Walhi e AMAN protestaram hoje contra a falta de ação do governo da Indonésia pela proteção das florestas tropicais do país. Quinze ativistas colocaram um banner de 30x6 metros com os dizeres: “Sinar Mas, criminoso da floresta e do clima” em uma área concedida pelo governo para plantação de dendê. Em seguida, algemaram-se em tratores esteiras para impedir a destruição da floresta. A área concedida fica ao lado de um parque nacional que abriga a nascente do maior rio do país e é o lar de mais de 4,5 milhões de pessoas.

“Esse protesto representa o que o governo deveria fazer, mas não o faz: parar a destruição da floresta”, disse Bustar Maitar, do Greenpeace do Sudeste Asiático. “Todos os dias, áreas valiosas da floresta estão sendo destruídas e queimadas por empresas criminosas como a Sinar Mas, aumentando as emissões de gases de efeito estufa e ocasionando aquecimento global. A população do Leste Asiático é a menos preparada e a mais vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. Se não agirmos imediatamente, estaremos frente a frente com um futuro incerto, onde secas e inundações serão cada vez mais intensas e freqüentes na região”, completa.

Só em julho, foram registrados em Riau, na Sumatra, 2.800 focos de incêndio. As queimadas são uma prática agrícola comum para limpar os terrenos para a plantação de dendê e de árvores destinadas à produção de papel e liberam muitos gases na atmosfera. A Indonésia é o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa do mundo devido à destruição da floresta tropical.

Os ativistas exigem que, durante o seu segundo mandato, o presidente Yudhoyono lidere globalmente os esforços para reverter os impactos das mudanças climáticas durante a Convenção do Clima em dezembro, em Copenhague. “Yadhoyono deve declarar imediatamente uma moratória a destruição da floresta. Só então, os países desenvolvidos irão se comprometer em encontrar soluções sustentáveis para as florestas, para as pessoas e para a biodiversidade e assim, ajudar na batalha mundial contras as mudanças climáticas”, disse Maitar.

A Sinar Mas é a maior empresa de oleo de dendê da Indonésia e é dona da APP, gigante empresa de papel. Embora tenha anunciado algumas medidas que visam a conservação do meio ambiente nos últimos meses, eles continuam expandindo suas operações. Os próximos alvos são as províncias de Papua e Sumatra.

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Depois de cinco dias, Grécia controla incêndio na floresta

26 de Agosto de 2009 - Greece — Nesta época do ano, várias regiões do globo queimam devido às altas temperaturas e à baixa precipitação

Os incêndios da Grécia que começaram na sexta-feira passada (21/08) finalmente foram contidos. Estima-se que mais de 21 mil km2 de florestas foram destruídas. As altas temperaturas e os ventos fortes estimularam ainda mais a propagação do fogo e dificultaram o trabalho dos bombeiros. Nesta época do ano várias partes do Mediterrâneo, América do Sul, EUA e Rússia costumam sofrer com o fogo.

Os incêndios deste ano na Grécia lembraram aqueles enfrentados no verão de 2007. Com as temperaturas superiores a 40°C, havia no Peloponeso mais de 3000 focos de incêndios que devastaram cerca de 19 mil km2 de florestas e provocaram a morte de 64 pessoas.

Os contornos vermelhos da imagem da Nasa de ontem (acima) indicam pontos de fogo que chegam até a Ilha de Quíos, a leste de Atenas. A maior parte da fumaça visível nesta imagem, no entanto, provém de um incêndio a oeste da capital, formando uma grande nuvem sobre o mar Jônico.

Na Espanha, os estragos também foram grandes. O fogo matou 11 pessoas em julho, quando mais de 10 mil hectares foram destruídos.

A região Mediterrânea é caracterizada por uma grande quantidade de microclimas. O aumento das temperaturas e a diminuição da precipitação aumentam a inflamabilidade das florestas. Um incêndio florestal na região libera imediatamente 20% do carbono em forma de CO2, agravando o aquecimento global.

Na imagem da Nasa abaixo, o Nordeste da Rússia aparece com vários grandes incêndios que avançam na província de Magadan.

Os incêndios são intensificados pelas mudanças no uso do solo e pelo descaso do governo em implementar políticas de combate e prevenção do fogo.

No Brasil, os incêndios que queimam grandes áreas na Amazônia deram uma trégua no início dessa semana com as chuvas que atingiram o Pará. O Mato Grosso, outro estado que costuma arder na seca, identificou uma redução de 37,35% no número de focos de calor em relação ao mesmo período do ano passado. Desde 2007, o estado implementa uma política de combate e prevenção de incêndios.

 
 

Fonte: ISA – Instituto Socioambiental
Assessoria de imprensa

 
 
 
 

 

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