05 de Agosto de
2009 Washington, D.C., Estados unidos — Após
cinco anos de pressão, empresa se compromete
com a proteção das florestas do Canadá
A fabricante de lenços
de papel e papel higiênico Kimberly-Clark
anunciou hoje que não pretende utilizar mais
qualquer fibra proveniente de florestas ameaçadas
ou importantes para conservação. O
Greenpeace, que trabalhou com a empresa na definição
dos pontos de sua política, também
anuncia o fim de sua campanha de cinco anos contra
a Kimberly-Clark, detentora das marcas Kleenex,
Scott e Huggies.
“O dia de hoje representa uma
vitória para o Greenpeace e para todas as
florestas primárias, em especial para a floresta
boreal”, afirmou Richard Brooks, do Greenpeace do
Canadá. “Esta nova relação
entre Kimberly-Clark e Greenpeace representa uma
diminuição significativa na pressão
da indústria de papel sobre as florestas.”
A empresa se comprometeu em aumentar
a utilização de fibras certificadas
e recicladas nos próximos dois anos. Pelo
menos 40% de toda a matéria-prima utilizada
na América do Norte virá de uma dessas
fontes, um aumento de 70% em relação
ao consumo em 2007. “O uso de fibras certificadas
e recicladas, além de ser ambientalmente
responsável, continuará fornecendo
produtos de qualidade aos nossos clientes e consumidores.
Agradecemos o Greenpeace por ter nos ajudado a desenvolver
padrões de produção mais sustentáveis”,
disse Suhas Apte, vice-presidente da área
de sustentabilidade da Kimberly-Clark.
A Kimberly-Clark se comprometeu também em
zerar gradualmente a utilização de
celulose da floresta boreal do Canadá sem
selo de origem até 2012. A floresta do Canadá
é a maior e mais antiga da América
do Norte, abriga animais selvagens ameaçados
e é um santuário para milhões
de aves migratórias. Além disso, a
floresta é o maior estoque terrestre de carbono
do planeta, armazenando o equivalente a 27 anos
de emissões globais de gases-estufa.
A empresa ainda afirmou seu compromisso
em dar preferência à reciclagem de
fibras já usadas ao invés das sobras
virgens; a não usar madeira proveniente de
áreas de conflito ou retirada ilegalmente;
apoiar iniciativas para identificação
e mapeamento de florestas ameaçadas e importantes
para conservação; apoiar a certificação
de origem da fibra, financeiramente e no desenvolvimento
de políticas; e disponibilizar publicamente
os relatórios que permitam a verificação
do cumprimento do acordo e que balizem o cancelamento
de contratos com os fornecedores que não
respeitem as novas normas.
“Essa vitória é a prova de que quando
empresas responsáveis e Greenpeace se unem,
os resultados podem ser bons para os negócios
e excelentes para o planeta”, disse Scott Paul,
do Greenpeace dos EUA. “Os esforços da Kimberly-Clark
são um desafio para seus concorrentes. Espero
que outras empresas estejam atentas a esse novo
rumo do mercado e também decidam se adequar.”
+ Mais
Após reunião com
o Greenpeace, Bertin S.A. se compromete com o desmatamento
zero na Amazônia
13 de Agosto de 2009 A Bertin
S. A. anunciou que não comprará mais
gado de fazendas com desmatamentos ocorridos a partir
de 22 de junho de 2009. A empresa também
se comprometeu a tirar de sua lista de fornecedores
propriedades rurais envolvidas com trabalho escravo,
violência agrária, grilagem de terras
e invasão de Terras Indígenas e Áreas
Protegidas. A Bertin é a maior exportadora
de couro do mundo e a segunda maior fornecedora
de carne do Brasil para o mercado mundial.
A decisão da Bertin coloca
dois pesos pesados da indústria de processamento
bovino no país engajados na luta pelo fim
do desmatamento na Amazônia. O outro é
o Marfrig, quarto maior frigorífico brasileiro,
que logo após o lançamento do relatório
do Greenpeace ‘A Farra do Boi na Amazônia’,
assumiu os mesmos compromissos. A Marfrig, por sinal,
no seu último relatório trimestral
aos acionistas, incluiu uma auditagem independente
comprovando que ela está seguindo à
risca a nova política. “A decisão
da Marfrig abriu a porteira para a modernização
da pecuária brasileira”, disse Paulo Adario,
diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.
A Bertin decidiu aderir ao compromisso
com o fim do desmatamento na Amazônia provocado
pela pecuária depois de uma longa reunião
com representantes do Greenpeace. O encontro serviu
para que a Bertin sanasse suas dúvidas sobre
a visão do Greenpeace em relação
ao papel que os frigoríficos podem desempenhar
no combate à derrubada da floresta. “Pelo
porte dessas duas empresas, esse compromisso tende
a ter impacto real sobre a taxa anual de destruição
da Amazônia, contribuindo para o fim do desmatamento
até 2015. Vamos acompanhar a implementação
das propostas para assegurar o seu sucesso”, disse
Adario.
A Bertin garantiu que num prazo
de seis meses estará apta a cumprir o que
foi acordado com o Greenpeace. Durante os próximos
180 dias, a empresa prometeu implantar um sistema
para rastrear o gado das fazendas de engorda, responsáveis
pelo fornecimento direto para o abate. Quanto ao
resto da cadeia produtiva, as fazendas de cria de
bezerros e recria de garrotes, a Bertin acredita
que em dois anos terá capacidade de rastreá-las,
estendendo o controle sobre o gado que chega até
suas plantas.
“A responsabilidade ambiental
é cada vez mais relevante para que uma empresa
como a nossa consiga manter, e ampliar, seus espaços
nos mercados interno e externo de produtos bovinos”,
disse Fernando Bertin, presidente da Bertin. “Nós
hoje estamos dando um passo fundamental e em seis
meses, seremos capazes de rastrear nossos fornecedores
diretos para assegurar sua adesão à
esta política”.
As adesões da Marfrig e
da Bertin ao compromisso com o desmatamento zero
deixaram isolado o maior frigorífico do Brasil,
o JBS-Friboi. Ao contrário de seus dois concorrentes,
que após a publicação do relatório
do Greenpeace sobre o papel da pecuária no
desmatamento na Amazônia, ouviram o clamor
do público e decidiram fazer parte de um
compromisso para limpar suas cadeias de fornecedores,
a JBS-Friboi continua se comportando como se nada
estivesse acontecendo
O Greenpeace e a Bertin, semelhante
ao acordo celebrado com o Marfrig, também
concordaram em trabalhar junto aos governos estaduais
e federal, outras ONGs e produtores rurais no sentido
de mobilizá-los para implementar a política
de desmatamento zero para a Amazônia. A Bertin
assinou, há pouco mais de um mês, um
Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério
Público Federal e o governo do Pará.
A diferença entre o TAC e o anúncio
de hoje está na decisão de excluir
de sua lista de fornecedores qualquer fazenda flagrada
com desmatamentos recentes, independente de serem
legais ou ilegais.
Segundo o Greenpeace, o governo
federal e os estados têm de fazer sua parte
e acelerar o processo de cadastramento e monitoramento
das fazendas, ajudando o setor privado a cumprir
com suas responsabilidades corporativas. “Isso é
vital para que o Brasil possa demonstrar, na reunião
da conferência de mudanças climáticas
da ONU em Copenhaguem, em dezembro, que o país
está em condições de zerar
o desmatamento em poucos anos, assumindo papel de
vanguarda da luta contra o aquecimento global”,
disse Adario.
Assim como na moratória
da soja, no caso da pecuária é também
o mercado que está dando mostras de preocupação
com o desmatamento na Amazônia e buscando
meios de evitá-lo. O presidente Lula e seu
governo, por enquanto, permanecem alheios à
essa discussão tão importante para
o futuro do clima do planeta. “Queremos que o presidente
Lula vá a Copenhaguem comprometido com o
desmatamento zero, porque isso vai respaldar suas
cobranças para que os países desenvolvidos
façam cortes profundos em suas próprias
emissões e contribuam financeiramente para
ajudar os países pobres a descarbonizarem
suas economias”, reiterou Adario.