16 de Outubro de 2009 - Amanda
Mota - Enviada Especial - Marcello Casal Jr./Abr
- Macapá - Governadores da Região
Norte posam para foto oficial
do 6º Fórum de Governadores da Amazônia
Legal, no marco zero da Linha do Equador, que separa
o Hemisfério Sul do Norte
Macapá - O pagamento por serviços
ambientais e a valorização dos estados
que contribuem para a preservação
da maior floresta tropical do mundo, a Floresta
Amazônica, transformaram-se em bandeira de
luta dos governadores do Acre, Amapá, Amazonas,
de Mato Grosso, do Maranhão, Pará,
de Rondônia, Roraima e do Tocantins.
Eles estão reunidos hoje
(16), em Macapá (AP), para participar do
6º Fórum de Governadores da Amazônia
Legal. O encontro vai resultar em um documento –
a Carta de Macapá – com propostas que possam
subsidiar a elaboração de um projeto
nacional para a preservação florestal
e o desenvolvimento da região.
Ao “afinar o discurso”, os governadores
dos estados amazônicos pretendem também
ajudar o governo brasileiro a ingressar no mercado
de créditos de carbono e, ainda, inserir
o país na pauta das discussões da
15ª Conferência da Partes (COP-15), que
reunirá os países signatários
da Convenção das Nações
Unidas sobre Mudanças Climáticas,
em dezembro, em Copenhague, na Dinamarca. A proposta
dos líderes da Amazônia também
é exigir o aumento da meta para diminuição
de emissões dos países mais emissores
atualmente, entre eles, a China e os Estados Unidos.
Na avaliação do
governador do Amazonas, Eduardo Braga, está
faltando um reconhecimento nacional e internacional
pelos serviços ambientais que a Floresta
Amazônica produz. Em entrevista à Agência
Brasil, Braga disse que o povo amazônico não
pode ser punido ou se sentir culpado por viver na
região.
“A Amazônia não pode
ser tratada como um santuário e sim como
uma grande prestadora de serviços ambientais
que, com tecnologia, racionalidade e inteligência,
deve ser usada para prestar muito serviço
ambiental. Esperamos que esse serviço ambiental
possa ser monetizado [revertido em dinheiro] e que
possa representar melhoria da renda per capita do
povo da Amazônia”, destacou.
Para o governador do Acre, Binho
Marques, por causa dos reflexos das mudanças
climáticas globais, é preciso agir
rapidamente. Para Marques, o 6º Fórum
de Governadores da Amazônia Legal tem papel
fundamental para que o país tenha um consenso
firmado e vá para Copenhague em busca de
novos mecanismos que garantam a floresta em pé,
mas com justiça social, sobretudo para os
moradores da região, sejam eles das cidades
ou das áreas mais isoladas.
“Qualquer acordo relacionado às
questões ambientais globais precisa incluir
a Amazônia. Existem pessoas vivendo na área
da Floresta Amazônica e isso não pode
ser ignorado, precisa ser pensado na hora de se
definir saídas econômicas que sejam
viáveis para essa área”, defendeu.
+ Mais
Financiamento e novas metas de
redução estão travando acordo
climático
16 de Outubro de 2009 - Luana
Lourenço - Repórter da Agência
Brasil - Roosewelt Pinheiro/Abr - Brasília
- O diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas
Especiais do Itamaraty, ministro Luiz Alberto Figueiredo
Machado, fala sobre os preparativos para a Conferência
da ONU sobre Mudanças Climáticas
Brasília - A definição de um
novo acordo climático global vai ficar para
a última hora. Até agora, as reuniões
preparatórias para o encontro das Nações
Unidas em Copenhague, em dezembro, não conseguiram
destravar questões como novos números
para metas de redução de gases de
efeito estufa para os países industrializados
e como se dará o repasse de recursos para
o financiamento de ações de adaptação
e mitigação para os países
em desenvolvimento.
Na rodada mais recente, que terminou
na última semana em Bangcoc, os negociadores
conseguiram reduzir o texto principal em mais de
100 páginas, mas as questões polêmicas
ficarão mesmo para os dias finais da reunião
de Copenhague, quando entrarão em cena os
ministros, e talvez, os chefes de Estado. O primeiro-ministro
britânico, Gordon Brown, já afirmou
que vai à Dinamarca para a conferência,
espera-se que o norte-americano Barack Obama e o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva façam
o mesmo.
De acordo com o negociador-chefe
da delegação brasileira, embaixador
Luiz Alberto Figueiredo, um dos principais impasses
é o financiamento de ações
para que os países em desenvolvimento enfrentem
as mudanças climáticas. Pelas regras
internacionais, os países ricos têm
responsabilidade em repassar recursos para esse
fim. O problema é que as duas partes até
agora não chegaram nem perto de um acordo
sobre a quantidade de dinheiro necessária.
O grupo dos países em desenvolvimento,
G 77 mais a China, defende que os ricos repassem
entre 0,5% e 1% do Produto Interno Bruto (PIB) anualmente
para um ou mais fundos, para somar pelo menos US$
400 bilhões por ano. A melhor (e única)
proposta na mesa por parte dos países industrializados
prevê aporte de cerca de US$ 140 bilhões,
mas parte do dinheiro teria que vir dos países
em desenvolvimento, caso do Brasil, da China e Índia.
“Há disposição
e convergência para criação
de um fundo. Mas uma coisa é criar, outra
é como ele será abastecido”, avalia
o embaixador.
Já a definição
de novas metas de redução de emissões,
que deverão entrar em vigor após 2012,
quando vence o primeiro período de compromisso
do Protocolo de Quioto, está ainda mais atrasada.
Os países em desenvolvimento não abrem
mão de que os ricos reduzam suas emissões
em 40% em relação aos níveis
de 11000, como recomenda o Painel Intergovernamental
sobre Mudança Climática, o IPCC.
As possibilidades apresentadas
até agora pelos países industrializados
estão entre 11% e 17% de redução,
segundo Figueiredo. Há ainda o interesse
de alguns países em acabar com o Protocolo
de Quioto, o que colocaria em risco as bases da
negociação “Ao acabar com Quioto,
acaba toda a regulamentação que determina
metas. Os países emergentes tiveram uma reação
forte e em bloco contra essa possibilidade”, afirmou
o embaixador.
Apesar das dificuldades em costurar
um acordo consistente a 50 dias da reunião
de Copenhague, Figueiredo diz manter a confiança
em resultados positivos em dezembro. “Não
quero falar em plano B. Para o Brasil só
existe plano A, que é um acordo robusto em
Copenhague.”
O embaixador preferiu não
comentar a proposta do Ministério do Meio
Ambiente, apresentada na última terça-feira
(13) ao presidente Lula, de estabilizar as emissões
brasileiras em 2020 com base no ano de 2005. Em
relação ao anúncio de que o
país pretende reduzir em 80% o desmatamento
da Amazônia até 2020, Figueiredo afirmou
que o objetivo poderá ser cumprido com esforços
internos.
+ Mais
Greenpeace pede a Lula que garanta
redução do aquecimento global
13 de Outubro de 2009 - Da Agência
Brasil - Marcello Casal Jr\Abr - Brasília
- Integrantes da organização não
governamental Greenpeace participam de protesto
contra mudanças climáticas em frente
ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede
provisória da Presidência da República
Brasília - Ativistas do Greenpeace estiveram
hoje (13) em frente ao Centro Cultural Banco do
Brasil (CCBB), atual sede do governo, para pedir
que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
leve propostas concretas contra o aquecimento global
a Copenhague.
No CCBB, estavam reunidos o presidente
da República e ministros para definir as
propostas que serão levadas pelo governo
brasileiro à Conferência da Organizações
das Nações Unidas (ONU).
De acordo com o coordenador da
Campanha de Clima do Greenpeace, João Talocchi,
o principal objetivo do protesto é pedir
ao presidente Lula que garanta um acordo efetivo
na Conferência do Clima da ONU sobre o aquecimento
global.
“O Greenpeace veio aqui para pedir
uma posição efetiva no combate às
mudanças climáticas do governo brasileiro.
A gente quer o desmatamento zero, energias renováveis
e a proteção dos oceanos. A gente
precisa reduzir a emissão de gases de efeito
estufa”, afirma.
De acordo com o Greenpeace, o
primeiro passo a ser dado é zerar o desmatamento
da Amazônia até 2015. O governo federal
apresentou uma meta de redução de
80% do desmatamento até 2020.
Talocchi explica que este projeto
é insuficiente, pois ainda permitirá
a derrubada de mais de 1,5 bilhão de árvores
na próxima década. “É inaceitável
que se emita toda essa quantidade de carbono e se
destrua a floresta dessa maneira, já que
ela fornece benefícios ambientais. É
um patrimônio enorme que o Brasil tem que
proteger e não pode permitir que 5 mil hectares
de florestas sejam desmatados todo ano”.
O protesto contou com bonecos
fantasiados, que representavam as reivindicações
do movimento. O objetivo principal era que a caricatura
do presidente entregasse uma passagem aérea
a Lula para Copenhague, somada às propostas
do Greenpeace.
A presidência enviou um
representante da Secretaria Nacional de Comunicação
Social para receber as propostas dos ativistas.
Segundo Manuel Messias, assistente
da secretaria nacional de articulação
social da Secretaria Geral, as propostas serão
apresentadas ao presidente. “A documentação
e o material vão ser todos encaminhados e
posteriormente vocês poderão acompanhar
o andamento de toda a documentação
e processo.”