13/11/2009 - Maiesse Gramacho
- As metas de redução de emissão
de gases do efeito estufa
que o Brasil levará para a Convenção
das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, em dezembro, em Copenhague (Dinamarca)
foram anunciadas na tarde desta sexta-feira (13),
em São Paulo, pelo governo.
Em reunião, o presidente
Lula e os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc,
da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Agricultura, Reinholds
Stephanes, da Ciência e Tecnologia, Sérgio
Rezende, da Secretaria de Comunicação,
Franklin Martins, o interino das Relações
Exteriores Antônio Patriota, o presidente
do Fórum Brasileiro sobre Mudanças
Climáticas, Luiz Pingueli Rosa e o responsável
pelo Departamento de Meio Ambiente do Ministério
das Relações Exteriores, Luiz Alberto
Figueiredo, definiram que o País deve reduzir
entre 36,1% e 38,9% sobre as estimativas de emissões
previstas para 2020.
O estabelecimento de metas definidas
agradou ao ministro Carlos Minc, que desde o início
das discussões defendeu uma proposta objetiva
para o país apresentar no encontro na Dinamarca.
"A variação é porque algumas
das ações propostas precisam de recursos
específicos. Por isso o presidente Lula mandou
agora realizar reuniões para definir as fontes
de financiamento para cada uma delas", explicou
o ministro. Segundo ele, a variação
significa um "intervalo de confiança",
que pode, inclusive, ser ultrapassado. "Podemos
ir além", afirmou Minc.
Considerando cenários de
crescimento econômico de 5% e 6%, as ações
para mitigação das emissões
até 2020 prevêem iniciativas nas áreas
de uso da terra, agropecuária, energia e
siderurgia. "É importante destacar que
essas são ações que decidimos
tomar de forma voluntária. E que elas, além
de voluntárias, são factíveis,
quantificáveis, reportáveis e, inclusive,
podem ser verificadas", disse a ministra da
Casa Civil, Dilma Roussef, ao anunciar as metas
em entrevista coletiva à imprensa.
"Estamos assumindo uma queda
de quase 21% com a redução de 80%
no desmatamento da Amazônia e um intervalo
variável para demais ações,
que são complementares à de combate
ao desmatamento da floresta", acrescentou,
se referindo às áreas de agropecuária,
energia e siderurgia.
Ainda de acordo com a ministra,
a definição das ações
de mitigação que devem ocorrer em
cada um dos setores mostram que "o Brasil tem
compromisso com o desenvolvimento sustentável
e com o meio ambiente". Segunda ela, o próximo
passo, determinado pelo presidente Lula é
o levantamento das fontes e recursos necessários
para o financiamento das ações. "Vamos
contar com recursos do governo, de ajuda internacional
e até do setor privado", disse Dilma.
Para a ministra, o fato de o Brasil
levar metas detalhadas a Copenhague pode favorecer
o país, no sentido de receber investimentos
internacionais para cumpri-las. "Já
que estamos elencando as iniciativas, estaremos
qualificados para receber recursos", avaliou.
As metas prevêem uma redução
de 20,9% nas emissões de CO2 com a redução
de 80% no desmatamento da Amazônia. E 3,9%
com a redução de 40% no desmatamento
do Cerrado, um total de 24,8% do total das emissões.
Coube ao ministro Carlos Minc detalhar as iniciativas
que deverão ser feitas em cada setor para
que as metas sejam cumpridas. "No caso do desmatamento
da Amazônia, nós já nos antecipamos.
Ontem foi anunciado o menor desmatamento dos últimos
21 anos", disse.
Para a agropecuária, a
proporção de redução
varia de 4,9% a 6,1%. Para isso, são listadas
ações de recuperação
de pastos, integração lavoura-pecuária,
plantio direto e fixação biológica
de nitrogênio.
No setor de energia, a proporção
de redução varia de 6,1% a 7,7%, com
foco em eficiência energética, incremento
no uso de biocombustíveis, expansão
da oferta de energia por hidrelétricas e
fontes alternativas como, por exemplo, bioeletricidade
e energia eólica. Na siderurgia, com proporção
de redução variando de 0,3% a 0,4%,
o foco estará na substituição
de carvão de desmate por árvores plantadas.
O ministro frisou que as metas
não impedirão o crescimento do país.
"O Brasil não vai ficar engessado. Porque
nós somos um dos poucos países que
pode ter menos desmatamento, menos emissões,
e mais desenvolvimento", afirmou. Tanto Dilma
quanto Minc destacaram a importância da proposta
brasileira. "Com essas metas nós mostramos
que temos boa vontade e compromisso", avaliou
a chefe da Casa Civil. "Mas esse tem que ser
um compromisso não só do governo,
é de todo o país", completou
o ministro do Meio Ambiente.
+ Mais
Desmatamento na Amazônia
tem queda de 45% em duas décadas
12/11/2009 - Suelene Gusmão
- A taxa de desmatamento na Amazônia caiu
45% no período compreendido entre agosto
de 2008 e julho de 2009. Esse é o menor índice
de desmatamento registrado pelo Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde 1988, quando
começou o monitoramento na região.
Foram desmatados cerca de 7 mil Km² contra
os mais de 12 mil Km² registrados no período
anterior.
O sistema utilizado para medir
o desmatamento foi o Projeto de Monitoramento da
Floresta Amazônica Brasileira por Satélite
(Prodes), que detecta o desmatamento feito com corte
raso, segundo informou o diretor do Inpe, Gilberto
Câmara. A margem de erro é de 10%.
Os números finais devem ser consolidados
em março do próximo ano.
O menor índice de desmatamento
registrado nos últimos 21 anos foi anunciado
na presença do presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra-chefe
da Casa Civil, Dilma Rousseff, do ministro do Meio
Ambiente, Carlos Minc, do ministro da Ciência
e Tecnologia, Sérgio Rezende, do Desenvolvimento
Agrário, Guilherme Cassel, da Secretaria
de Relações Institucionais, Alexandre
Padilha, dos governadores Ana Júlia Carepa
(PA), Eduardo Braga (AM), Blairo Maggi (MT), além
de prefeitos e vereadores do municípios que
fazem parte do Programa Arco Verde Terra Legal.
O ministro Carlos Minc analisou
os número divulgados pelo Inpe e disse que
90% da queda no desmatamento registrado pelo Prodes
no último período é resultado
da repressão aos crimes ambientais. "Espero
que no próximo ano a queda seja resultado
das ações do programa Arco Verde".
O ministro lembrou que em 2004 foram desmatados
27.400 Km² e que em 2009 foram 7.008 Km².
Carlos Minc mostrou-se tão
satisfeito com a queda no desmatamento que chegou
a brincar com os presentes dizendo que a continuar
neste ritmo, a queda no desmatamento da Amazônia
pode deixar muitos dos seus amigos ecologistas sem
ter o que fazer. "O número é
muito bom. E esse ato serviu para mostrar que o
trabalho que vem sendo feito no programa Arco Verde
Terra Legal defende a vida das pessoas e diminui
o desmatamento".
Carlos Minc lembrou que no passado,
fiscais do Ibama foram agredidos no município
de Paragominas, quando carros e a sede do Instituto
foram queimados por pessoas que estavam tirando
madeira de terra indígena. "Hoje estamos
aqui com o prefeito deste município (Adnan
Demachki) participando desta solenidade. Naquela
época, fizemos um grande pacto e o município
está dando a volta por cima".
"O bom é criar emprego
e renda, sem desmatar", disse Carlos Minc.
Ele lembrou que além das ações
do Arco Verde, o Governo está levando à
Amazônia, a política de preço
mínimo para os produtos extrativistas, o
manejo florestal comunitário e o Pagamento
por Serviços Ambientais. "Estamos tendo
sucesso porque todo o Governo vestiu a camisa do
desenvolvimento sustentável".
O presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva disse que a redução
no desmatamento é extraordinária e
muito significativa para o Brasil. "Está
provado com o sucesso obtido com o Programa Arco
Verde que não é mais possível
resolver os problemas brasileiros com Brasília
dizendo o que pode e o que não pode".
Segundo o presidente, tudo deve ser acordado oferecendo
a outra parte oportunidade para obter algum ganho.
"Estamos tentando construir um jeito para que
todos ganhem um pouco".
Lula lembrou que a questão
do clima mundial é a crise mais série
que o planeta vem enfrentando.
Os governadores foram representados
pela governadora do Pará, Júlia Carepa,
que afirmou que o grande desafio enfrentado pelos
governadores da Amazônia é o desmatamento.
"Mas o Brasil tem mostrado que é possível
seguir a trilha do desenvolvimento sem o desmatamento",
afirmou Carepa.