10 de Novembro de 2009 - Paula
Laboissière - Repórter
da Agência Brasil - Brasília - Ao participar
da abertura do 1º Encontro Mudanças
Climáticas – Um Desafio para as Políticas
Públicas, o ministro do Meio Ambiente, Carlos
Minc, afirmou hoje (10) que as propostas a serem
levadas para Copenhague não podem ser tratadas
como “jogo de pôquer”.
“Há uma grande diferença
entre uma negociação internacional
do preço do algodão e das mudanças
climáticas. Há várias outras
fibras no mundo, mas a questão do planeta
é diferente porque não há outro
planeta. Tratar disso como um jogo de pôquer
não se aplica, a situação já
é bastante dramática”, disse.
O ministro lembrou que, há
um ano e meio, o país não tinha metas
voltadas para as mudanças climáticas
e era alvo de críticas internacionais. Para
ele, houve “uma mexida importante” e todos os setores
da sociedade têm contribuído – inclusive
o Parlamento brasileiro.
Minc ressaltou que países
como Índia e China têm dificuldade
de reduzir a emissão de gases na proporção
que consta na proposta a ser apresentada pelo Brasil
em Copenhague – da ordem de 40%. “Mas eles, de forma
alguma, se opõem ou se consideram agredidos
pelo fato de o Brasil ir mais adiante”, afirmou.
Ele cobrou que a proposta de recursos
dos países desenvolvidos para o Fundo Global
precisa ser “mais substantiva" do que os 100
bilhões de euros anuais levantados pela União
Europeia. Para o ministro, o montante deve chegar
a US$ 350 bilhões por ano.
O ministro da Ciência e
Tecnologia, Sergio Rezende, elogiou o fato de as
mudanças climáticas não serem
mais assunto de uma minoria. A humanidade, segundo
ele, passou a perceber os efeitos “danosos” da vida
moderna e o tema adquire “proporções
dramáticas”, uma vez que os problemas criados
não podem ser resolvidos de uma hora para
outra.
“A solução exige
grande investimentos, sacrifícios. Estamos
na véspera de uma conferência que deverá
ser, ou deveria ser, um marco no caminho que a humanidade
vem seguindo. O Brasil precisa estar preparado,
com propostas ousadas e bastante estudadas”.
+ Mais
Serra assina lei que prevê
20% de redução de carbono em SP e
critica metas do Brasil para Copenhague
9 de Novembro de 2009 - Elaine
Patricia Cruz - Repórter da Agência
Brasil - São Paulo - O governo de São
Paulo sancionou hoje (09) uma lei para reduzir em
20% a emissão de gases de efeito estufa no
estado até 2020. Segundo o governador José
Serra, a meta é reduzir as emissões
de 122 milhões de toneladas por ano (dados
de 2005) para 98 milhões de toneladas em
2020. O inventário com os dados sobre as
emissões de gases de efeito estufa de São
Paulo só deverá ser terminado em dezembro
do próximo ano.
Durante o evento de assinatura
da Política Estadual de Mudanças Climáticas,
o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano,
e o governador criticaram o governo federal, afirmando
que está faltando coragem e ousadia na determinação
das metas de redução das emissões
de carbono do Brasil e que serão levadas
à conferência de Copenhague, na Dinamarca,
em dezembro.
“São distintas uma meta
de redução de emissões e uma
de redução da tendência das
emissões”, afirmou o secretário. Segundo
Graziano, a meta de 20% estabelecida por São
Paulo pode parecer menor do que a que está
sendo cogitada pelo governo federal para o país
(em 40%), mas a meta do estado “vai muito além”.
A afirmação do secretário
se baseia no fato de que o governo federal está
trabalhando com uma queda baseada na tendência
do crescimento das emissões no futuro, enquanto
São Paulo trabalha na redução
dos dados referentes a 2005. “Uma coisa é
desacelar, outra é reduzir de forma absoluta”,
acrescentou Serra.
Serra nega que a lei paulista
seja "eleitoreira" e também criticou
setores do governo que afirmam que não é
possível reduzir as emissões de carbono
sem resultar em queda do desenvolvimento do país.
“O que diminui a taxa de crescimento é a
política do Banco Central de juros e taxa
de câmbio e não a pobre da política
ambiental que muitas vezes é considerada
um obstáculo, um estorvo para o crescimento
econômico. Mas não é assim”,
disse Serra.
Apesar das críticas, Serra
deu um voto de confiança no governo em Copenhague.
“Não vou ficar torcendo para que o governo
federal fixe uma meta pouco ambiciosa para depois
criticar. Prefiro torcer para que ele adote metas
ousadas”, afirmou. “Há dois tipos de posições.
O Brasil não pode ceder antes que os outros
cedam ou o Brasil deve ceder e pressionar para que
os outros cedam. Prefiro a segunda.”
De acordo com Serra, a redução
não será homogênea nos diferentes
setores da economia paulista, mas deve se concentrar
na área de transporte, que mais preocupa
o governo. Há previsão de multa ou
taxações para quem não cumprir
as metas estabelecidas pelo governo. A intenção
do governo é incluir a redução
da emissão de carbono nos critérios
de licenciamento ambiental para projetos no estado.