Brasília
(27/11/09) – O Parque Nacional (Parna) do Iguaçu,
no Paraná, está em estado de alerta.
Os primeiros resultados de pesquisa feita pela equipe
do parna junto com vários parceiros, entre
os quais o Centro Nacional de Pesquisa para Conservação
dos Predadores Naturais (Cenap), do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), indicam uma redução na população
de onças pintadas que residem na unidade
de conservação.
Além das equipes do parna
e do Cenap, a pesquisa “Ecologia e conservação
de onça pintada” teve a participação
de especialistas do Instituto Pró-Carnívoros,
do Instituto de Pesquisas Ecológicas e da
Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUC-RS).
O conjunto de dados, que inclui
desde análise de densidade populacional até
a genética populacional, mostra que, além
do decréscimo do número de onças
pintadas, o fluxo de de genes diminuiu, expondo
a espécie ao risco inerente da perda de variabilidade
genética. “Análises utilizando modelos
de viabilidade populacional indicam que, se as coisas
continuarem como estão, a onça pintada
pode ser extinta nos próximos cem anos”,
explica Ronaldo Morato, chefe do CENAP e um dos
coordenadores do projeto.
Segundo o chefe do Parna do Iguaçu,
Jorge Pegoraro, essa perda seria catastrófica
já que predadores do topo da cadeia alimentar
cumprem a função de manter espécies
de níveis inferiores dentro dos limites de
suporte do ambiente, reduzindo a competição
e permitindo uma maior riqueza de espécies.
“Em longo prazo, teríamos a perda de parte
da significativa diversidade do Parque Nacional
do Iguaçu”, diz Pegoraro.
O chefe do parque ressalta ainda
que os resultados não apontam apenas para
os problemas, mas também indicam caminhos
que devemos tomar para evitar o agravamento desta
situação. “Sem dúvida alguma,
um grande gargalo ainda está relacionado
com as atividades ilícitas que ocorrem na
unidade, apesar de todo o esforço de fiscalização
e do trabalho de educação ambiental
já realizado”, afirma.
A equipe do projeto vai intensificar
os estudos na chamada área intangível
do Parque. Dentre os objetivos está a verificação
da presença de queixadas. “Estamos ao ponto
de declarar a extinção dos queixadas
no Parque, já que desde o início do
projeto não foram encontrados indícios
da espécie. Já levantamos amostras
de mais de 600 km², cerca de 3.000 fotos de
armadilhas fotográficas foram obtidas e até
o momento, nenhum queixada, espécie abundante
em alguns anos atrás, foi fotografado”, diz
Marina Xavier, coordenadora de Campo do Projeto.
A caça predatória
é a principal responsável por esta
situação, explica Apolônio Rodrigues,
coordenador de Conservação e Manejo
do Parque. “Além de não obtermos fotos
de queixadas, apenas três onças pintadas
foram fotografadas no período, o que indica
que a população está diminuindo
drasticamente”, afirma Apolônio.
Fonte: Adilson Borges
+ Mais
ICMBio elabora plano de ação
para proteger répteis e anfíbios que
vivem em ilhas marinhas
Carla Lisboa - Brasília
(23/11/2009) – O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação
de Répteis e Anfíbios (RAN), do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), deverá lançar, provavelmente
em março do ano que vem, o Plano Nacional
de Ação para proteger a herpetofauna
insular (répteis e anfíbios que habitam
ilhas). O plano será aplicado na Estação
Ecológica (Esec) de Tupinambás e na
Área de Relevante Interesse Ecológico
(Arie) Queimada Grande, as duas únicas unidades
de conservação no País que
abrigam espécies desse grupo criticamente
ameaçadas de extinção.
O passo decisivo para a confecção
do plano foi dado na semana passada com a realização,
na sede nacional do RAN, em Goiânia (GO),
de workshop sobre o assunto. O encontro, que reuniu
especialistas de várias instituições,
começou na quarta (18) e terminou na sexta
(20). Os pesquisadores identificaram as ações
e os parceiros necessários para a empreitada.
Participaram representantes da Diretoria de Biodiversidade
do ICMBio, da Sociedade em Defesa do Litoral Brasileiro,
do Instituto Butantan, da Universidade Federal de
São Paulo, da Esec Tupinambás, da
Arie Queimada Grande e Pequena e da Marinha, além
dos técnicos do RAN.
A necessidade de elaboração
de um plano de ação para espécies
de répteis e de anfíbios insulares
já havia sido apontada em julho deste ano
durante os debates do IV Fórum do RAN, realizado
paralelamente ao IV Congresso Brasileiro de Herpetologia,
em Pirenópolis (GO).
Na atual lista nacional de espécies
da fauna ameaçada de extinção,
publicada no ano passado com dados de 2003, constam
três espécies de serpentes – Bothrops
alcatraz, endêmica na Ilha de Alcatrazes e
Bothrops insulares e Dipsas albifrons cavalheiroi,
da Ilha de Queimada Grande – , uma de anfíbio
anuro (Scinax alcatraz) e duas de tartarugas marinhas
– tartaruga verde (Chelonia mydas) e tartaruga-de-pente
(Eretmochelys imbricata) – que habitam a Esec Tupinambás
(um conjunto de ilhas, ilhotas, lajes e parcéis
no Oceano Atlântico, no litoral norte de São
Paulo) e na Arie Queimada Grande (que abriga as
ilhas de Queimada Grande e Queimada Pequena, no
litoral sul de São Paulo).
Endêmicas nessas ilhas,
todas as espécies terrestres mencionadas
estão no maior grau de ameaça. “Ou
seja, criticamente em perigo de extinção”,
garante a analista Yeda Bataus. Embora não
seja possível uma comparação
entre a quantidade de cobras da Ilha Queimada Grande
com as da Ilha de Alcatrazes, sabe-se que a Ilha
de Queimada Grande, possivelmente, seja a ilha com
a maior densidade de cobras do mundo. Contudo, são
as mais ameaçadas de extinção
também.
As diretrizes aprovadas no workshop
servirão para o RAN concluir, provavelmente,
em março a elaboração do plano,
buscando medidas para a conservação
dessas espécies. Logo que estiver pronto,
o ICMBio vai dar ampla divulgação
ao plano de ação da herpetofauna insular,
sobretudo, entre a comunidade científica,
por meio da Sociedade Brasileira de Herpetologia.
Ascom/ICMBio
+ Mais
O difícil é sensibilizar
a população, diz analista
Carla Lisboa - Brasília
(23/11/2009) – A analista ambiental Yeda Bataus,
do RAN, disse que o ICMBio tem facilidade de encontrar
parceiros para iniciar uma ação em
favor da conservação da herpetofauna
insular. O difícil, segundo ela, é
sensibilizar a população para a necessidade
desse trabalho com essas espécies de animais.
As serpentes, por exemplo, por motivos óbvios,
não têm o menor carisma entre a grande
maioria da população. “Apesar disso,
como qualquer outro animal, elas são importantes
para o equilíbrio de um ecossistema, pois
fazem parte de uma cadeia alimentar. E quando ocorre
o desequilíbrio nessa cadeia, ele afetará
também as espécies carismáticas”,
explica a analista.
Ela alerta para a importância
de se preservar os répteis e anfíbios.
“O veneno das serpentes, por exemplo, é alvo
de grande interesse comercial para produção
de medicamento, como, por exemplo, remédios
para controle de pressão arterial, anticoagulante
e outros”, informa a analista, ao lembrar que esse
é um dos fatores que estimulam a biopirataria
em todo o mundo. “Por causa da importância
desses animais para a indústria farmacêutica
e para a saúde humana, muitas espécies
são traficadas para o exterior favorecendo
os grandes laboratórios (desenvolvimento
de medicamentos) e também para colecionadores”,
diz.
O chefe-substituto da estação
ecológica, Gerhard Kempkes, ressalta que
há um conjunto de fatores que levaram essas
espécies moradoras da Esec Tupinambás
e da Arie Queimada Grande ao estado crítico
de ameaça de extinção. Ele
destaca, por exemplo, o fato delas serem endêmicas
das ilhas e, por isso, disporem de pouco espaço
para encontrar alimento e para a reprodução.
Além disso, há intervenções
antrópicas (feitas pelo homem), como os exercícios
de tiro realizados periodicamente pela Marinha na
Ilha de Alcatrazes. Segundo ele, a Marinha cumpre
vários procedimentos de segurança
para tentar minimizar o impacto desses exercícios
na fauna e na flora, tanto terrestres quanto marinhos.
Em 2005, após um incêndio
ocorrido no local, quando foi multada em cerca de
R$ 1 milhão e teve as atividades embargadas
pelo Ibama, a Marinha adotou novas regras para preservação
das espécies animais e vegetais da ilha.
“Foi a partir do termo de compromisso assinado entre
o Ibama/ICMBio e o Ministério da Defesa que
a Marinha passou a tomar cuidados especiais durante
os exercícios de tiro”, informa o chefe-substituto
da Esec.
Ele cita outros fatos para mostrar
como é importante a elaboração
do plano de ação nacional para proteção
dessas espécies: “Duas espécies de
anfíbios (a Scinax alcatraz e a nova espécie
Cycloramphus faustoi) foram encontradas em bromélias
situadas bem próximo do local em que a Marinha
pratica tiro e onde já ocorreram incêndios
na vegetação, o que as torna ainda
mais ameaçadas de extinção”,
revela Kempkes.
Ascom/ICMBio
+ Mais
Rebio dá curso sobre animais
venenosos
Sandra Tavares - Brasília
(16/11/09) - A Reserva Biológica União,
unidade de conservação gerida pelo
Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) no Rio de Janeiro, promoveu
dias 27 de outubro e 10 de novembro curso sobre
Identificação e Atualização
em Animais Peçonhentos e Venenosos. O público
alvo foram 105 pessoas, entre representantes da
Guarda Municipal Ambiental de Casimiro de Abreu,
Rio das Ostras e Macaé, além de brigadistas
de incêndio, servidores e terceirizados da
unidade.
O curso, realizado no centro de
vivência da reserva, contou com a presença
de palestrante médico veterinário,
professor da Universidade da Serra dos Órgãos
e analista ambiental do Inst. Estadual do Ambiente
(Inea), Eduardo Cárdenas Nogueira Rubião.
A carga horária do curso,
de oito horas ao todo, abordou questões teóricas
relativas a aspectos biológicos e ecológicos
dos animais, hábitos e importância
para o meio ambiente. O grupo pôde conhecer
formas de identificar as espécies, suas principais
características e seus mecanismos de defesa
e caça.
A prevenção contra
acidentes com esses animais, bem como o comportamento
da vítima, os sintomas apresentados por ela
e os procedimentos para os primeiros socorros foram
aspectos de grande interesse do público,
devido às rotinas das funções
que desempenham, sempre ligadas ao meio ambiente.
O palestrante destacou exemplos
errados de atendimentos a vítimas de acidentes
com animais desse gênero, tais como picadas
de cobras, em que é comum o uso indevido
de torniquetes, bem como ser feita sucção
da peçonha com a boca, corte do membro afetado,
uso de fezes e urina de animais, fumo ou cinzas
no local do ferimento, além da recomendação
errada de que a vítima beba líquidos
como querosene e cachaça, frequentemente
usadas principalmente no meio rural.
“Essas alternativas só
contribuem para agravar a situação
da vítima, pois podem mascarar os sintomas,
retardar o socorro correto e causar infecções”,
frisou o palestrante. Nessas horas, o procedimento
correto é manter a calma, lavar bem o local
com sabão neutro, tentar identificar ou capturar
o animal para identificação posterior
e se dirigir a um hospital ou posto de saúde
que contenha os antígenos o mais rápido
possível.
A parte prática do curso
começou com a apresentação
de diversos animais vivos aos alunos, tanto os peçonhentos
e os não peçonhentos, frisando primeiramente
a importância que cada um tem para o meio
ambiente. Após isso, os alunos tiveram que
reconhecer, por meio de observações,
quais as características estudadas.
Entre os animais mostrados estavam
aranhas da espécie caranguejeira (Lasiodora
sp), viúva-negra (Latrodectus curacaviensis),
armadeira (Phoneutria nigriventer), marrom (Loxoceles
intermedeia) e o escorpião-amarelo (Tityus
serrulatus).
No grupo das serpentes foram apresentadas
a jibóia (Boa constrictor) e a falsa-jararaca
(Sybinomorphus neuwiedi), que são espécies
não-peçonhentas, além da jararaca
(Bothrops jararaca) e cascavel (Crotalus durissus)
– espécies peçonhentas. Com exceção
da cascavel, todos os outros animais citados ocorrem
na região da Reserva Biológica União.
Foram apresentados ainda os métodos
e os equipamentos de captura, contenção
e conservação de cada grupo. Os participantes
então tiveram a oportunidade de exercitar,
com os animais presentes, a captura e a contenção
deles.
Ao final do curso foi divulgada
a relação dos hospitais da região
que possuem soros antiofídicos, os telefones
de emergências e distribuído material
informativo sobre o assunto (folder). Cada participante
recebeu também um certificado de participação
do curso.
Ascom/ICMBio