23/10/2011 - Gilberto Costa -
Repórter da Agência Brasil - Brasília
– Passados mais de 30 anos da modificação
da bactéria Escherichia coli para produção
de insulina e 16 anos do anúncio da soja
transgênica, o mercado e a ciência ampliam
o uso dos organismos geneticamente modificado (OGMs)
e avaliam que uma nova geração de
transgênicos está surgindo.
A promessa da engenharia genética é
a de que a tecnologia aumente o número de
vacinas, enriqueça os alimentos e diminua
o impacto ambiental no campo
e nas cidades. Segundo a Sociedade Brasileira de
Genética (SBG), com a transgenia é
possível, por exemplo, fabricar sabão
com bactérias geneticamente modificadas e
ter um produto menos poluente que retira apenas
a gordura da roupa sem desgastar o tecido.
Outro exemplo está na a indústria
têxtil que agora com um algodão geneticamente
modificado pode fabricar o jeans desbotado sem utilizar
o ácido que provocava o efeito stonewashing,
mas contaminava o meio ambiente. No Japão,
cientistas estudam a aplicação dos
genes das aranhas relativos à produção
de teias em bichos-da-seda, para que a indústria
possa fabricar meia-calça mais resistente
e mais flexível.
Conquistas como essas fazem da transgenia “um processo
irreversível”, segundo o presidente da Federação
da Agricultura e Pecuária de Goiás
(Faeg), José Mário Schreiner. Ele
avalia que há uma demanda crescente nas lavouras
por OGMs, o que tem possibilitado aumento de renda
dos produtores. Em sua opinião, além
do mercado, a sociedade se beneficia com a tecnologia.
Segundo ele, a nova geração de alimentos
transgênicos terá a adição
de vitaminas, sais minerais e ômega 3.
Marcio de Castro Silva Filho, do Departamento de
Genética da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São
Paulo (USP), confirma que esses produtos devem chegar
ao mercado até o final da década.
Ele acredita que o barateamento da tecnologia alimenta
o progresso. “Quem imaginaria que hoje está
se determinando a sequência do genoma de uma
espécie de planta com o custo na ordem de
milhares de dólares, sendo que há
poucos anos o custo era na casa de bilhões
de dólares?”.
O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) Francisco Aragão,
um dos responsáveis pela primeira semente
de feijão transgênico, acrescenta que
“já há estudos de biossegurança
para o desenvolvimento de espécies de feijão
e de soja que necessitam de menos água no
cultivo”. Segundo ele, também está
em desenvolvimento uma espécie de alface
enriquecida com ácido fólico, prescrito
pelos médicos para o pré-natal para
evitar a anemia.
Além desses produtos, o presidente da Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio), Edilson Paiva, lembra que já foram
aprovados na comissão o uso do microrganismo
que transforma a sacarose da cana-de-açúcar
em biodesel e a alteração genética
do Aedes aegypti para que o seu descendente não
consiga se reproduzir. Ele vislumbra que a nova
geração de transgênicos utilizará
plantas para produzir hormônio de crescimento,
fatores de coagulação e até
antígenos contra o câncer.
“Nós estamos vendo somente a ponta do iceberg.
Nós vamos ter que manter a mente e o coração
abertos porque vamos ter que mudar vários
conceitos e tabus que nós temos”, diz Paiva.
Marcio de Castro Silva Filho, da Esalq, concorda
e aponta que “houve um notável avanço
tanto na descoberta de novas informações,
como também no uso de instrumentos e desenvolvimento
de equipamentos que permitiram uma série
de possibilidades que eram inimagináveis
em um cenário de 20 anos atrás”.
Segundo a CTNBio, 29 países plantam sementes
transgênicas em uma área acumulada
em 15 anos de 1 bilhão de hectares (maior
que a China). No ano passado, a área plantada
em todo mundo foi 150 milhões de hectares.
As lavouras foram trabalhadas por 14,4 milhões
de agricultores, nove de cada dez envolvidos eram
agricultores familiares.
Para ativistas, liberação
de transgênicos ignora princípio da
precaução e não há certeza
sobre riscos
23/10/2011 - Gilberto Costa -
Repórter da Agência Brasil - Brasília
– A despeito do avanço tecnológico
festejado pelo mercado e por parte da comunidade
científica, os produtos transgênicos
para consumo humano são vistos com ressalvas
por ambientalistas e por ativistas da segurança
alimentar. A avaliação é a
de que não se conhecem todos os riscos e
de que, na dúvida, deveria prevalecer o “princípio
da precaução”.
“A gente não é contra
os transgênicos, mas contra a forma como estão
sendo liberados: sem diagnósticos complementares.
Faltam estudos independentes”, aponta José
Maria Ferraz, ex-pesquisador da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), membro
da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança
(CTNBio), e pesquisador do Laboratório de
Engenharia Ecológica da Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp).
O site do Greenpeace, tradicional
adversário da tecnologia, acrescenta que
“não existe consenso na comunidade científica
sobre a segurança dos transgênicos
para a saúde humana e o meio ambiente”. Segundo
a ONG, “testes de médio e longo prazo, em
cobaias e em seres humanos, não são
feitos, e geralmente são repudiados pelas
empresas de transgênicos”.
Apesar das críticas, o Greenpeace abandonou
a campanha contra os transgênicos. “A gente
não tem perna para resolver tudo que é
guerra na arena ambiental”, disse à Agência
Brasil o ex-coordenador da campanha, Iran Magno,
que não deixou a reportagem gravar a entrevista.
Magno teme que o uso de sementes na lavoura possa
gerar o desenvolvimento de “superervas” que exijam
mais agrotóxico, e que o insumo possa fazer
mal à saúde humana e ao meio ambiente.
Esse ponto é ressaltado
também por Gabriel Bianconi Fernandes, da
organização não governamental
(ONG) especializada em segurança alimentar
AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia. Segundo
ele, já há, por exemplo, oito espécies
de plantas daninhas resistentes ao glifosato (ingrediente
ativo de herbicida usado em lavouras de um tipo
de soja geneticamente modificada).
O presidente da Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio), Edilson Paiva,
garante que as sementes transgênicas são
“tão seguras quanto a versão convencional”
e que a aprovação na comissão,
conforme previsto em lei, é extremamente
rigorosa e analisa “caso a caso”. “Aprovar um OGM
[organismo geneticamente modificado] é extremamente
difícil e extremamente caro por causa de
tantas exigências que são feitas.”
Ele lembra que o processo de liberação
não é imediato e pode levar 12 anos.
“Para começar a trabalhar com engenharia
genética, tem que ter um certificado de qualidade
e biossegurança da CTNBio. Isso no começo
da pesquisa em condições de contenção,
laboratório ou casa de vegetação.
Depois vai ter que ter a liberação
planejada no meio ambiente”. A autorização
comercial só ocorre depois da avaliação
dessas fases.
O coordenador admite que “existem controvérsias”
sobre os transgênicos, mas argumenta que “há
aqueles que querem viver sob risco zero, segurança
absoluta e fomentam o medo e a incerteza. Isso faz
parte da democracia. O tempo é o melhor juízo
para dizer se a coisa é certa ou não”.
Óleo lubrificante será
primeiro produto com descarte e reciclagem regulados
pela PNRS
24/10/2011 - Vinicius Konchinski
- Repórter da Agência Brasil - São
Paulo – O setor de óleos lubrificantes deve
ser o primeiro a ter a cadeia de logística
reversa regulamentada conforme a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
A forma como os óleos já utilizados
e as respectivas embalagens serão recolhidos
e reciclados será tema de um acordo setorial,
que deve ser concluído e posto em prática
ainda neste ano.
Segundo o secretário de Recursos Hídricos
e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente
(MMA), Nabil Bonduki, os termos do acordo já
foram discutidos com os representantes do setor.
Estão, agora, passando por uma avaliação
jurídica do ministério.
Quando essa avaliação terminar, o
texto do acordo será aberto para sugestões
por um mês. “Nós entendemos que se
possível, até o final deste ano ou
no máximo começo do ano que vem, vai
ser assinado este acordo”, disse Bonduki, que participou
hoje (24) de um debate sobre resíduos sólidos
promovido pela Fundação Getulio Vargas,
em São Paulo.
A PNRS prevê que cinco setores específicos
terão um sistema de logística reversa
definido. Todos esses setores terão que estabelecer
a cadeia de responsabilidades, envolvendo produtores,
distribuidores, vendedores, transportadores, consumidores
e governos na destinação de seus resíduos.
Além do setor de óleos lubrificantes,
também terão que se integrar à
política nacional de descarte e reciclagem
os de lâmpadas fluorescentes, medicamentos,
eletroeletrônicos e embalagens em geral, que
já discutem os acordos setoriais.
Bonduki disse, porém, que esses acordos estão
mais atrasados. A discussão deve ser priorizada
pelo governo federal quando o acordo do setor de
óleos lubrificantes for finalizado.
+ Mais
Rio fará contagem regressiva
dos lixões do estado
23/10/2011 - Nielmar de Oliveira
- Repórter da Agência Brasil - Rio
de Janeiro - Começa a funcionar amanhã
(24), nbo Rio de Janeiro, o Contador Regressivo
de Lixões, uma iniciativa que objetiva viabilizar
o registro detalhado dos lixões que estão
sendo ou serão desativados no estado, dos
aterros sanitários implantados e do cronograma
de conclusão do programa Lixão Zero.
O Contador Regressivo dos Lixões do estado
do Rio será apresentado pelo secretário
estadual do Ambiente, Carlos Minc, e pela presidenta
do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene
Ramos. Durante a apresentação, o secretário
Carlos Minc detalhará o avanço do
programa Lixão Zero nos municípios
fluminenses e que já levou, somente este
ano, à desativação de 16 lixões
pelo governo estadual.
“Nos dados a serem apresentados, de forma transparente,
constarão os lixões desativados de
2009 a 2010, o lixões já desativados
em 2011 e os que serão interrompidos nos
próximos anos”, informou a Secretaria do
Ambiente, em nota. Ainda segundo a secretaria, o
objetivo do detalhamento das ações
de desativação dos lixões é
fazer com que a sociedade acompanhe de perto o que
vem sendo feito com o programa Lixão Zero,
que visa a desativar todos os lixões do Rio.
“Em cada caso citado, serão detalhadas a
data da desativação, as toneladas
de lixo retiradas e a destinação correta
para aterros sanitários em diversos municípios”.