24/01/2013 - 18h40
Meio Ambiente
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Equipes de técnicos
e especialistas começam
a ser deslocadas este ano para a Amazônia,
onde terão que mapear as florestas
da região em detalhes. Atualmente,
apesar de o Brasil ser coberto por 60% de
florestas nativas, os dados sobre estas áreas
limitam-se a imagens da cobertura vegetal,
por satélites, por exemplo. O objetivo
do governo é detalhar aspectos como
a qualidade dos solos, as espécies
existentes em cada área e o potencial
de captura e emissão de gás
carbônico pelas florestas.
Os investimentos para o
levantamento somam, pelo menos, R$ 65 milhões.
Os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) foram contratados
hoje (24) pelo Ministério do Meio Ambiente.
A proposta é que as equipes coletem
em campo as informações sobre
as áreas e analisem todo o material
que vai compor o Inventário Florestal
Nacional (IFN), que começou a ser construído
em 2010.
“Em debates internacionais
sobre mudanças de clima, por exemplo,
saberemos que florestas são estas que
temos, qual a qualidade de nossas florestas,
teremos descoberta de espécies, conhecimento
sobre espécies em extinção,
além das informações
sobre a distribuição desses
territórios e do potencial de uso econômico
das florestas”, explicou a ministra do Meio
Ambiente, Izabella Teixeira.
O inventário também
reunirá informações sobre
florestas situadas em outros biomas, como
o Cerrado e a Caatinga. Desde que o projeto
foi aprovado, o governo mapeou florestas em
Santa Catarina e no Distrito Federal, em uma
fase experimental. Para o levantamento no
Cerrado, o Banco Interamericano de Desenvolvimento
disponibilizou US$ 10 milhões e, em
Santa Catarina, os técnicos descobriram
florestas que estão sendo regeneradas
naturalmente, sem que os especialistas soubessem
que o processo estava ocorrendo.
Ao todo serão mapeados
quase 22 mil pontos em todo o território
nacional. Em toda Amazônia, haverá
em torno de 7 mil pontos. Apenas no Arco do
Desmatamento, formado por Rondônia,
centro e norte do Mato Grosso e leste do Pará
e onde será iniciado o levantamento
da região, serão levantadas
informações de cerca de 3 mil
pontos amostrais, distantes 20 quilômetros
um do outro.
As informações
detalhadas sobres as florestas brasileiras
também devem balizar as políticas
do governo para conservação
da biodiversidade no território nacional
e as novas concessões florestais. “O
Brasil só fez um levantamento como
este uma vez, que foi publicado nos anos 1980,
com dados dos anos 1970 e não foi um
levantamento nacional. Este é o primeiro
'censo' florestal e será o trabalho
de maior envergadura de todo o planeta”, disse
Izabella Teixeira.
“Normalmente vemos as florestas
do ponto de vista de perda [desmatamento e
queimadas]. Com o inventário vamos
conhecer a floresta por dentro. Vamos obter
vários resultados. A ideia é
que, de 5 em 5 anos, façamos novas
medições”, acrescentou Antônio
Carlos Hummel, diretor-geral do Serviço
Florestal Brasileiro (SFB), que está
conduzindo o levantamento.
Além de dados sobre
espécies arbóreas e sobre o
solo, Hummel destacou que a população
que vive no entorno das florestas também
será questionada. Segundo ele, serão
aplicados quatro diferentes questionários
para saber como estas comunidades convivem
nestes territórios.
Os dados serão divulgados
parcialmente todos os anos, mas a conclusão
de todo o levantamento só sairá
em 2016.