Sexta, 26 Abril 2013 - Paulo
de Araújo/MMA
Produtos que geram renda
Encontro reúne representantes do MMA
e da sociedade para discutir experiências
bem sucedidas de uso sustentável da
biodiversidade do bioma
SOPHIA GEBRIM
Licuri, umbu, caju e maracujá do mato
são frutas típicas do Bioma
Caatinga e que geram renda para milhares de
famílias que vivem na região
Nordeste do Brasil e norte de Minas Gerais.
O uso sustentável desse bioma, diferenciado
pela sua vegetação seca e clima
quente, foi discutido nesta quinta e sexta-feira
(25 e 26), durante seminário sobre
“Estratégias de divulgação
e implementação de experiências
bem sucedidas de uso sustentável da
biodiversidade da Caatinga”, no auditório
do Ministério do Meio Ambiente (MMA),
na 505 Norte, em Brasília.
O encontro, que faz parte
das atividades comemorativas do Dia da Caatinga,
celebrado no próximo domingo (28/4),
reuniu lideranças do governo e sociedade,
entre representantes do Ministério
do Meio Ambiente (MMA), Associação
Caatinga e Articulação no Semiárido
Brasileiro (ASA). Debates sobre políticas
públicas e estratégias para
conservação e uso sustentável
do bioma e iniciativas de pecuária
sustentável na Caatinga também
foram apresentadas, além de experiências
bem sucedidas de manejo dos produtos da biodiversidade
regional.
OPORTUNIDADE
O coordenador-técnico
da Bodega de Produtos Sustentáveis
do Bioma Caatinga, Maurício Lins Arocha,
explicou como funciona a Bodega, que é
uma rede de organizações ecoprodutivas
que cultivam, colhem e beneficiam e comercializam
os produtos da sociobiodiversidade. “Hoje
reunimos milhares de pessoas que vivem do
uso e manejo sustentável da produção
de alimentos e artesanato”. Segundo ele, a
parceria, determinação e solidariedade
caracterizam todo o processo produtivo da
rede.
Além de incentivar
o consumo saudável, os produtos da
Bodega agregam valor à função
social da produção em comunidades
localizadas nos estados de Alagoas, Bahia,
Ceará, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
“Nossos produtos são voltados à
formação de cadeias produtivas
de interesse dos povos e comunidades tradicionais
que vivem nessas regiões há
anos”. Além disso, ele adiciona que,
para a Bodega, a ligação entre
inclusão social, manejo sustentável
e conservação do bioma é
a essência para garantir o fortalecimento
da associação, sem fins lucrativos,
que apoia todo o processo produtivo e comercial.
Por fim, Maurício
explica como surgiu o nome Bodega. “Esse nome
representa um tipo de mercado que vende um
pouco de tudo, como aqueles estabelecimentos
comerciais que existiam há anos no
meio rural nordestino”. A organização
segue os princípios do comércio
justo e solidário, que atribui um valor
aos produtos pelas suas características
diferenciadas daqueles que são produzidos
em grande escala, ou seja, produtos que possuem
identificação de origem, diferencial
orgânico, originário da sociobiodiversidade,
do manejo sustentável e da floresta.
GOVERNO
O diretor do Departamento
de Combate à Desertificação
do Ministério do Meio Ambiente, Francisco
Campello, explica que boas práticas
de produção sustentável
asseguram uma convivência com a semiaridez
e a Caatinga, de forma inclusiva, promovendo
a conservação da biodiversidade
e as funções ecossistêmicas.
“Esses esforços, agregados ao uso de
tecnologias para uma melhor eficiência
energética e práticas conservacionistas
na produção agropecuária,
apresentam alternativas para os principais
vetores do processo de desertificação
como desmatamento, sobrepastoreio e salinização”.
Para dar escala ao processo
de convivência com a Caatinga e a desertificação,
Francisco destaca que o MMA vem articulando
instrumentos da política ambiental
para assegurar uma estratégia financeira
de apoio às boas práticas de
uso sustentável do bioma, em especial
o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA),
o Fundo Clima, o Fundo de Desenvolvimento
Florestal e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
(Funbio), além de parcerias com a Caixa
Econômica Federal por meio do Fundo
Socioambiental da Caixa.
O MMA vem desenvolvendo,
ainda, trabalhos com os ministérios
do Desenvolvimento Agrário (MDA) e
Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) para que os instrumentos de assistência
técnica de extensão rural do
Plano Safra e da inclusão produtiva
do Plano Brasil Sem Miséria fortaleçam
as ações de uso, manejo e geração
de renda a partir da Caatinga. “Dessa forma
inserida, a questão ambiental promoverá
o desenvolvimento sustentável e inclusivo
do bioma e suas riquezas”.