12/07/2013 - 19h59
Meio Ambiente
Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Um grupo de 25 cientistas
do mundo inteiro terá dois anos para
fazer pesquisas e relatar experiências
concretas que conciliem a produção
agropecuária sustentável para
garantir a segurança alimentar mundial.
A iniciativa, lançada hoje (12) no
Rio, pretende unir pesquisadores, governos
e empresas em torno do bem comum. De acordo
com Emile Frison, diretor-geral da Bioversity
Internacional, organização de
pesquisa sem fins lucrativos com sede em Roma,
que lidera o projeto, a novidade da Agriculture
and Conservation Initiative é a união
entre pesquisadores de sustentabilidade e
dos setores produtivos para buscar soluções
integradas.
“O próximo passo
é fazer realmente os cientistas trabalharem
juntos. Nós temos essa organização
de alto nível que pode fornecer importantes
políticas de volta. Mas nós
precisamos que esses cientistas construam
evidências científicas. Eles
devem tentar congregar tudo que nós
sabemos sobre iniciativas que funcionam para
diferentes paradigmas de agricultura”, disse.
O presidente da Fundação
Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável
(FBDS), Israel Klabin, que participou do evento,
declarou que o Brasil tem papel de liderança
nessa área, pois o país “é
a capital mundial do capital natural”, com
todos os recursos naturais na maior plenitude
e tem trabalhado com realismo na questão.
Para Klabin, é importante que o setor
produtivo não deixe de lado a questão
ambiental e caminhe para uma economia sustentável.
“Nós estamos vivendo
um momento de crise em todos os setores do
planeta. Na verdade os sistemas de produção
estão indo relativamente bem, mas a
inserção deles na realidade
planetária e no excesso de uso do capital
natural, faz com que nós procuremos
uma regulagem entre produção
e meio ambiente, o que se trata aqui é
exatamente isso, como é que nós
podemos continuar a produzir e ao mesmo tempo
respeitar os limites que a natureza nos oferece,
para que nós possamos fazer com que
os bens naturais herdados do passado possam
ser passados para os nossos filhos da mesma
maneira que nós recebemos”.
O presidente da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), Maurício Lopes, destacou
que o Brasil avançou muito nessa área
nos últimos 40 anos, com a criação
de instituições de pesquisa
e legislação. De acordo com
ele, o país superou o problema da insegurança
alimentar e passou de importador para provedor
de alimentos, transformou grandes áreas
de solo ácido em férteis, desenvolveu
um conceito próprio de agricultura
tropical e construiu uma plataforma de práticas
sustentáveis.
“Nós temos hoje mais
de 30 milhões de hectares de áreas
de plantio direto, onde não mais revolve
o solo, o que ajuda a resolver os problemas
de erosão, de desgaste do solo, perdas
de nutriente. O Brasil é líder
em fixação biológica
de nitrogênio, toda a soja brasileira
é cultivada sem a aplicação
de nitrogênio na forma química.
E nós estamos promovendo agora uma
outra grande revolução na agricultura
brasileira, que é a integração
de sistemas: lavoura-pecuária, lavoura-pecuária-floresta,
tudo combinado, que vai nos permitir um crescimento
vertical da produção brasileira”,
disse.