10/09/2013 - 16h58
Meio Ambiente
Ana Cristina Campos
Brasília – O
número de alertas sobre desmatamento
e degradação da Floresta Amazônica
aumentou em 35% entre agosto de 2012 e julho
de 2013 na comparação com agosto
de 2011 a julho de 2012. As imagens de satélites
usadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), responsável pelo
Sistema de Detecção de Desmatamentos
em Tempo Real (Deter), mostraram que, entre
agosto de 2012 e julho deste ano, as áreas
possivelmente devastadas chegaram a 2.766
quilômetros quadrados ao passo que,
entre agosto de 2011 e julho do ano passado,
a devastação ocorreu em 2.051
quilômetros quadrados.
A explicação
para o aumento se deve aos meses de agosto
de 2012 com 522 quilômetros quadrados
de área devastada e a maio deste ano,
com 465 quilômetros quadrados devastados,
em decorrência da degradação,
que ocorre quando há remoção
parcial da floresta por uso do fogo ou por
corte seletivo de árvores. Os dados
do Deter incluem o corte raso, que configura
o desmatamento ilegal, e ocorre quando há
a retirada completa da floresta nativa em
uma área.
“Tivemos um alerta de desmatamento
causado pela intensificação
do fogo em agosto de 2012”, disse o presidente
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais (Ibama), Volney Zanardi
Júnior. Segundo ele, o acréscimo
em maio é justificado pelo fato de
as nuvens terem se dissipado e, com isso,
os satélites do Inpe puderam detectar
a degradação dos meses anteriores.
O coordenador-geral de Fiscalização
Ambiental do Ibama, Jair Schmitt, informou
que o aumento das áreas degradadas
decorre das queimadas originadas por causas
naturais e intencionais. “É um típico
comportamento de reação à
fiscalização. Ante a situação
atual de monitoramento por satélite
que é praticamente diário que
se faz do corte raso e o aumento da fiscalização
em campo, o infrator não se arrisca
mais a fazer o corte raso imediatamente. Ele
primeiro começa fazendo uma degradação
pelo fogo. Mas o Ibama consegue interferir
nesse processo antes que se converta em desmatamento
ilegal”, disse.
A maior parte dos alertas
identificados entre agosto do ano passado
e julho deste ano representava corte raso
(59%). A degradação por uso
de fogo respondeu por 33% dos alertas na Amazônia
Legal e por exploração florestal
foi 3% dos alertas nesse período. Em
5% dos casos, as imagens apontaram um falso
positivo, ou seja, algum problema técnico
na captação das imagens.
Mato Grosso, Pará,
Rondônia e Amazonas são os estados
com áreas mais críticas detectadas
pelo Deter. Mato Grosso é o campeão
em áreas devastadas com 1.184 quilômetros
quadrados, um aumento de 25% em relação
ao período anterior, em decorrência
da pecuária. No Pará, grilagem
e pecuária pressionam o desmatamento
ao longo do eixo da BR-163 (Cuiabá-Santarém).
No Amazonas, a área preocupante, segundo
o coordenador do Programa de Monitoramento
da Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano,
é o sul do estado, que explica o aumento
de 82% nos alertas de desmatamento e degradação,
no eixo da Transamazônica, por pressão
da pecuária.
O principal objetivo do
Deter, explicou o presidente do Ibama, é
identificar as áreas que estão
sofrendo degradação florestal
para que o governo federal possa ir a campo
e evitar que as áreas degradadas sejam
convertidas em corte raso e, consequentemente,
em desmatamento.
“Temos duas grandes ações
no momento: a Onda Verde, com ação
preventiva, em que o Ibama está em
campo junto com outros órgãos
do governo federal para coibir a conversão
de áreas degradadas em desmatamento
e a Hileia Pátria, que tem como foco
terras indígenas e unidades de conservação
federal para coibir madeireiras ilegais”,
disse Volney Zanardi.
Ainda entre agosto de 2012
e abril deste ano, o Ibama apreendeu 68 mil
metros cúbicos de madeira em toras
e 17 mil metros cúbicos de madeira
serrada, além de 44 armas de fogo,
86 caminhões, 158 tratores e 291 motosserras.
Os agentes ambientais emitiram 4 mil autos
de infração, com multas que
ultrapassaram R$ 1,9 bilhão. No mesmo
período, mais de 252 mil hectares foram
embargados.