25/10/2013 - 17h27 - Meio
Ambiente - Vinícius Lisboa
- Repórter da Agência Brasil
- Rio de Janeiro – A agricultura deve ser
o setor da economia mais afetado pelas mudanças
climáticas ao longo do século
21, divulgou hoje (25) o Painel Brasileiro
de Mudanças Climáticas (PBMC),
na segunda parte do primeiro relatório
nacional. De acordo com o estudo, o prejuízo
do agronegócio com problemas climáticos
pode chegar a R$ 7,4 bilhões em 2020
e R$ 14 bilhões em 2070. Até
2030, a produção de soja, por
exemplo, pode ter perdas de até 24%.
"É uma preocupação
em termos de impacto financeiro e para a questão
de segurança. A ideia é que
esses relatórios possam sinalizar aos
tomadores de decisão a importância
de agir agora. O custo da inação,
de não fazer nada, vai ser maior do
que se a gente começar a se prevenir",
defendeu Andrea Santos, secretária
executiva do painel.
O estudo prevê que
as mudanças nos regimes de chuva e
a elevação da temperatura média
prejudique a agricultura principalmente em
áreas secas, como o Nordeste, região
em que a distribuição de chuvas
pode cair até 50%, segundo o relatório.
Um resultado desse processo seria a intensificação
da pobreza e a migração para
áreas urbanas, impactando a infraestrutura.
Culturas como as do milho, do arroz, da mandioca,
do feijão e do algodão seriam
prejudicadas.
Outra ameaça à
segurança alimentar prevista pelo relatório
é a diminuição do potencial
pesqueiro do Brasil, que pode chegar a até
10% nos próximos 40 anos. Andrea explica
que, com o aumento da temperatura da água
e a mudança na salinidade, espécies
podem buscar regiões mais frias, afetando
toda a costa nacional. O estudo aponta ainda
a elevação do nível do
mar como outra possível vulnerabilidade
das cidades litorâneas.
"Além de inundações,
esse aumento pode levar a colapsos no sistema
de abastecimento e esgotamento, com o retorno
de esgoto para as residências em um
caso de transbordo dos sistemas de tratamento.
Isso pode trazer prejuízos também
para o lençol freático".
Nas grandes cidades, os
prejuízos estimados serão na
mobilidade e na habitação, que
podem sofrer com tempestades mais frequentes
no Sul e no Sudeste. Já biomas como
a Amazônia e a Caatinga correm riscos
de ter queda de até 40% dos índices
pluviométricos (chuvas), afetando a
biodiversidade. A alta da temperatura também
pode aumentar a incidência de doenças,
como a dengue e a leishmaniose, e, combinada
a maiores radiações de raios
ultravioletas e emissões de gás
carbônico, as lavouras podem sofrer
com mais pragas e doenças causadas
por fungos.
O painel reúne
345 especialistas de universidades e institutos
de pesquisa brasileiros e recebe o apoio do
Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação e do Ministério
do Meio Ambiente, além de outras entidades.