29/12/2022
– Nairóbi, março de 2022 — Chefes de Estado,
ministros e ministras do Meio Ambiente e outros representantes de
175 nações aprovaram hoje uma resolução
histórica na Assembleia da ONU para o Meio Ambiente (UNEA-5),
em Nairóbi, pelo Fim da Poluição Plástica.
A resolução visa a estabelecer um acordo internacional
juridicamente vinculante até 2024. Além disso, aborda
todo o ciclo de vida do plástico, incluindo sua produção,
design e descarte.
"No cenário atual de turbulência
geopolítica, a Assembleia da ONU para o Meio Ambiente mostra
o melhor da cooperação multilateral", disse o
Presidente da UNEA-5 e Ministro de Clima e Meio Ambiente da Noruega,
Espen Barth Eide. "A poluição plástica
se transformou em uma epidemia. Com a resolução de
hoje, estamos oficialmente no caminho certo para uma cura".
A resolução, que se
baseia em três propostas iniciais de várias nações,
estabelece um Comitê Intergovernamental de Negociação
(INC, na sigla em inglês), que entrará em funcionamento
em 2022, com a meta de concretizar uma proposta para um acordo global
juridicamente vinculante até o fim de 2024. A expectativa
é de que seja apresentado um instrumento juridicamente vinculante,
que atenda a diversas alternativas para abordar todo o ciclo de
vida do plástico, o design de produtos e materiais reutilizáveis
e recicláveis, e a necessidade de uma maior colaboração
internacional para facilitar o acesso à tecnologia, à
capacitação e à cooperação científica
e técnica.
O Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) convocará, até
o final de 2022, um fórum aberto a todas as partes interessadas,
em conjunto com a primeira sessão do INC, para trocar conhecimentos
e melhores práticas entre as diferentes partes do mundo.
O fórum facilitará discussões abertas e garantirá
que estas serão fomentadas pela ciência, com registros
quanto aos progressos atingidos ao longo dos próximos dois
anos. Por fim, ao fim do trabalho do INC, o PNUMA organizará
uma conferência diplomática para a aprovação
do resultado e disponibilizará as assinaturas.
“O dia de hoje marca um triunfo
para o planeta com relação aos plásticos de
uso único. Este é o acordo ambiental multilateral
mais importante desde o acordo de Paris. É uma política
de seguro para esta geração e outras futuras, para
que possam viver com o plástico e não ser condenados
por ele”, afirmou Inger Andersen, Diretora Executiva do PNUMA.
"Que fique claro que o mandato
do INC não permite a nenhuma parte interessada uma pausa
de dois anos". “Em negociações paralelas
sobre um acordo juridicamente vinculante, o PNUMA trabalhará
em conjunto com todos os governos e empresas interessados que estejam
envolvidos na cadeia de valor para substituir os plásticos
de uso único, assim como para mobilizar o financiamento privado
e remover barreiras de investimento na pesquisa e em uma nova economia
circular do plástico”, acrescentou a Diretora.
A produção de plástico
subiu de dois milhões de toneladas em 1950 para 348 milhões
em 2017, tornando-se uma indústria global avaliada em 522,6
bilhões de dólares, e esse número está
previsto para duplicar até 2040. Os impactos da produção
do plástico e da poluição resultante na tripla
crise planetária de mudança climática, perda
da natureza e poluição são uma catástrofe
prestes a acontecer:
• A exposição
aos plásticos pode causar danos à saúde humana,
potencialmente afetando a fertilidade, as atividades metabólicas
e neurológicas, além de que a queima aberta de plásticos
contribui para a poluição do ar.
• Até 2050 as emissões de gases de efeito estufa
associadas à produção, uso e descarte de plásticos
seriam responsáveis por 15% das emissões permitidas,
conforme o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
• Mais de 800 espécies marinhas e costeiras são
afetadas por esta poluição por ingestão, emaranhamento
e outros perigos.
• Cerca de 11 milhões de toneladas de resíduos
plásticos entram nos oceanos anualmente. Isso pode triplicar
até 2040.
• Uma mudança para uma economia circular pode reduzir
o volume de plásticos que entram nos oceanos em mais de 80%
até 2040; reduzir a produção de plásticos
virgens em 55%; gerar uma economia de US$ 70 bilhões para
os governos até 2040; reduzir as emissões de gases
de efeito estufa em 25%; e criar 700 mil novos empregos —
principalmente no sul global.
A resolução histórica, denominada "Fim
da Poluição Plástica: rumo a um instrumento
internacional juridicamente vinculante" foi adotada com a conclusão
da reunião de três dias da UNEA-5.2, na qual participaram
mais de 3.400 pessoas presencialmente e 1.500 de forma on-line,
oriundas de 175 Estados membros da ONU – incluindo 79 ministros
e 17 funcionários de alto nível.
A Assembleia será sucedida
pelo "PNUMAaos50", uma sessão extraordinária
de dois dias da Assembleia que celebrará o aniversário
de 50 anos do PNUMA, no qual Estados membros deverão abordar
como construir um mundo pós-pandêmico resiliente e
inclusivo.
NOTAS PARA EDIÇÃO
• Citação do Governo do Japão: "A
resolução nos levará claramente para um futuro
sem poluição plástica, inclusive no meio ambiente
marinho", disse Tsuyoshi Yamaguchi, Ministro do Meio Ambiente
do Japão, cuja proposta de resolução contribuiu
para a resolução final. "Unidos, podemos fazer
isso acontecer. Juntos, sigamos adiante conforme iniciamos as negociações
rumo a um futuro melhor, sem poluição plástica".
• Citação do Governo
do Peru: “Agradecemos o apoio recebido dos diversos países
durante este processo de negociação”, disse
Modesto Montoya, Ministro do Meio Ambiente do Peru, cuja proposta
de resolução, feita em conjunto com o Governo de Ruanda,
contribuiu para a resolução final. “O Peru promoverá
um novo acordo que previne e reduz a poluição plástica,
promove uma economia circular e trata de todo o ciclo de vida dos
plásticos”.
• Citação do Governo
de Ruanda: “O mundo se uniu para agir contra a poluição
plástica — uma séria ameaça ao nosso
planeta”. “As parcerias internacionais serão
cruciais para enfrentar este problema que afeta a todos nós,
e o progresso feito na UNEA reflete este espírito de colaboração”,
disse a Dra. Jeanne d'Arc Mujawamariya, Ministra do Meio Ambiente
de Ruanda. “Estamos ansiosos para trabalhar com o INC e encaramos
com otimismo a oportunidade de criar um tratado juridicamente vinculante
como uma estrutura para o estabelecimento de metas nacionais, monitoramento,
investimento e intercâmbio de conhecimento para acabar com
a poluição plástica”.
Sobre o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)
O PNUMA é a principal voz global sobre o meio ambiente. Fornece
liderança e incentiva parcerias com foco no cuidado com o
meio ambiente, inspirando, informando e capacitando nações
e povos a melhorarem sua qualidade de vida sem comprometer a das
gerações futuras. Fonte: UNEP
Da Redação, com informações
da UNEP/PNUMA
Fotos: Reprodução/Pixabay
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