A poluição por plástico tornou-se uma das questões ambientais mais urgentes do planeta.
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Pesquisa revela como resíduos plásticos chegam às praias

Modelagem mostra que detritos na praia das Seychelles fazem longas viagens

 
 

03/02/2023 – O arquipélago de Seychelles com 115 ilhas no Oceano Índico, próximo da costa leste da África, costuma, infelizmente, a receber enormes quantidades de resíduos plásticos, que se acumulam nas praias. Até então não se sabia as fontes desses lixos, ou seja, qual a origem destas embalagens, descartadas de forma errada, de várias partes do planeta.

Um novo estudo da Universidade de Oxford, publicado no Marine Pollution Bulletin, desenvolveu um modelo de alta resolução que conseguiu simular o movimento dos resíduos plásticos nos oceanos. Considerando correntes oceânicas, ventos, ondas e os próprios resíduos, verificaram o acumulo de plástico em 27 regiões nas Seychelles.

A partir dos estudos, os pesquisadores fizeram modelos prováveis da poluição por plástico na terra e nos mares. Segundo o estudo, a Indonésia é a principal fonte destes resíduos plásticos. Na sequência Índia e Sri Lanka. Esses países colaboram com detritos de tamanho médio e grande, como garrafas, sandálias, itens domésticos etc. Material vindo da Indonésia permanece no mar por pelo menos seis meses e alguns casos até dois anos.

Resíduos menores, com tamanhos milimétricos tinham origem da África Oriental e das próprias Seychelles. Segundo os pesquisadores, resíduos menores flutuam menos, portanto viajam pouco pelos mares e afundam mais rápido. Materiais de pesca também foram encontrados, outras pesquisas indicam o potencial de poluição desses resíduos. Muitas garrafas encontradas tinham rótulos da Malásia, Tailândia e China. Os pesquisadores acreditam que esses materiais tenham sido descartados a partir de navios.

Os pesquisadores também indicam que em muitas ilhas os resíduos são provenientes de fontes marinhas e não terrestres. Outra evidência é a relação sazonal desses detritos plásticos, grande parte dos resíduos chega às praias das Seychelles no fim da monção do noroeste, com volumes maiores entre março e abril.

Reprodução/Pixabay

 



A pesquisa indica ainda que as ondas de resíduos plásticos podem ser potencializadas por eventos climáticos como El Niño–Oscilação Sul (ENSO) e Dipolo do Oceano Índico (IOD). Neste primeiro estudo estima-se a quantidade de resíduos plásticos nas Seychelles e outras ilhas remotas no oeste do Oceano Índico. Como se sabe a poluição por plástico traz danos imensos ao meio ambiente e impactam atividades econômicas, como o turismo e na própria cadeia produtiva.

Uma pesquisa de 2020, publicada no Scientific Reports, também realizada pela Universidade de Oxford, estima que 500 toneladas de resíduos acumularam no Atol Aldabra, nas Seychelles, um Patrimônio Mundial da UNESCO, que não tem presença humana.

"Combinamos dados observacionais de todas as Seychelles, com simulações de computador de ponta para gerar as previsões mais abrangentes, atualmente disponíveis para lixo marinho e dispersão na região. Isso fornecerá informações vitais para o gerenciamento local nessas ilhas - muitas das quais são hotspots globais de biodiversidade - e para informar as respostas nacionais e internacionais.", diz o principal autor da pesquisa atual, Noam Vogt-Vincent, do Departamento de Ciências da Terra, Universidade de Oxford.

O estudo aponta o tamanho do desafio com a poluição plástica no planeta e como pequenos estados insulares em desenvolvimento precisam de um tratado global. Processos produtivos, consumo, descarte, reaproveitamento dos materiais são pontos e etapas que precisam ser tratados com real atenção por todos os setores da sociedade, começando por políticas públicas.

"Essas ilhas enfrentam uma situação profundamente desigual de arcar com os custos de remoção de resíduos que não foram responsáveis por gerar, contrariando o princípio 'poluidor-pagador'. Nosso estudo demonstrou que a maior parte dos detritos plásticos acumulados nessas ilhas remotas vem de fontes distantes, e este deve ser o primeiro passo positivo para a responsabilização e prevenção.", disse o Dr. April Burt, co-autor da pesquisa, da Fundação das Ilhas Seychelles e Universidade de Oxford.

Mais informações: Noam S. Vogt-Vincent et al, Fontes de detritos marinhos para Seychelles e outras ilhas remotas no oeste do Oceano Índico, Boletim de Poluição Marinha (2023). DOI: 10.1016/j.marpolbul.2022.114497
April J. Burt et al, Os custos de remoção da importação não autorizada de lixo plástico marinho para pequenos estados insulares, Relatórios científicos (2020). DOI: 10.1038/s41598-020-71444-6

Da Redação, com informações de agências internacionais e da Universidade de Oxford.
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 
     
     
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