10/05/2023
– Cientistas verificaram que resíduos plásticos
em partículas micro e nano foram capazes de ultrapassar barreira
do sistema nervoso de cobaias. Um estudo publicado na revista Nanomaterials
demonstrou que partículas de poliestireno, matéria-prima
usada em embalagens foram detectadas em cérebros de roedores,
cerca de duas horas após a ingestão e mostraram os
impactos causados aos animais.
Pela primeira vez, pesquisadores
conseguiram demonstrar que esse tipo de resíduo é
capaz de chegar ao cérebro a ultrapassar a barreira hematoencefálica,
composição celular que resguarda o sistema nervoso
central de patógenos e toxinas.
Com menos de 0,001 milímetro,
os nanoplásticos são ainda menores que os microplásticos
que têm entre 0,001 e 5 milímetros e podem ser vistos
a olho nu. As chamadas partículas MNPs que já estão
espalhadas pelo meio ambiente acabam entrando na cadeia alimentar,
por meio de embalagens, alimentos e bebidas.
Segundo outro estudo,
uma pessoa que bebe 1,5 a 2 litros de água engarrafada por
dia, pode ingerir cerca de 90 mil partículas de plástico
por ano. Por outro lado, quem consome água de torneira pode
ingerir até 40 mil partículas no mesmo período,
dependendo da região que mora.
Pesquisadores do Instituto
Clínico de Patologia da Universidade Médica de Viena,
na Áustria, realizaram o experimento que ministrou doses
orais de MNPs de poliestireno em cobaias e descobriram que aqueles
resíduos em tamanho nanométrico chegaram ao cérebro
apenas duas aos a ingestão. Esta ação que conseguiu
ultrapassar a barreira hematoencefálica era desconhecida
pela ciência.
Da mesma forma que o
intestino, o sistema nervoso central tem uma parede protetora que
pode ser cruzada por MNPs. Alguns estudos já relacionaram
essas partículas com inflamações e ao desenvolvimento
de câncer. Com a nova pesquisa, os cientistas afirmam que
MNPs podem ampliar o risco de neuroinflamação e neurodegeneração,
aumentando a possibilidade de distúrbios neurológicos.
“No cérebro, as partículas de plástico
podem aumentar o risco de inflamação, distúrbios
neurológicos ou mesmo doenças neurodegenerativas,
como Alzheimer ou Parkinson”, diz Lukas Kenne, um dos líderes
do estudo em comunicado. “Para minimizar o dano potencial
das partículas micro e nanoplásticas aos seres humanos
e ao meio ambiente, é crucial limitar a exposição
e limitar seu uso enquanto se pesquisa o impacto dos MNPs”,
completa.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
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