03/07/2023
– Da UNEP – Em todo o mundo, cidades, oceanos e paisagens
estão entupidos de lixo plástico, criando riscos para
a saúde humana, ameaçando a biodiversidade e desestabilizando
o clima. É por isso que, no Dia Mundial do Meio Ambiente
deste ano, o Programa Ambiental da ONU está pedindo a todos
que façam o que puderem para acabar com a poluição
plástica.
O mundo produz cerca de 430 milhões
de toneladas métricas de plástico por ano e está
aumentando. Os sistemas de reciclagem não dão conta
desse volume; as taxas de reciclagem estão abaixo de 10 por
cento. Não podemos esperar reciclar nossa saída desta
crise. Precisamos de um redesenho completo de como usamos, produzimos,
reciclamos e descartamos os plásticos – um redesenho
que começa com a eliminação do máximo
possível de plástico e produtos químicos nocivos
associados de produtos e embalagens.
Esse redesenho começou no ano
passado na Assembleia Ambiental da ONU em Nairóbi, quando
as nações concordaram em iniciar negociações
sobre um acordo juridicamente vinculativo para acabar com a poluição
plástica. A segunda rodada de negociações sobre
este acordo acaba de terminar, definindo o mandato para o rascunho
zero do acordo a ser negociado na sede do Programa Ambiental da
ONU em Nairóbi ainda este ano.
O Quênia e o resto do continente
africano terão um papel crucial a desempenhar neste acordo
– até porque este acordo nasceu no Quênia. Até
porque é nas nações africanas e em outros países
em desenvolvimento que os desafios da injustiça da poluição
plástica se desenrolam. Isso é visível nas
Dandoras do continente, onde os trabalhadores informais do lixo
arriscam sua saúde para ganhar a vida.
A forte presença do Grupo Africano
de Negociadores no processo de negociação sinalizou
o compromisso da África em acabar com a poluição
plástica. As nações africanas podem gerar ambição
no acordo, o que significa focar as mentes de todos no redesenho.
Redesenhar produtos para usar menos plástico – particularmente
plásticos desnecessários e problemáticos. Redesenhar
embalagens de produtos para usar menos plástico. Redesenhar
sistemas e produtos para reutilização, recarga e reciclabilidade
– para que, por exemplo, o polímero reciclado se torne
uma mercadoria mais valiosa do que o polímero bruto. Redesenhar
o sistema mais amplo de justiça – para que grupos como
trabalhadores do setor informal de lixo recebam empregos decentes
e um ambiente limpo.
Ambição significa melhorar
as baixas taxas de coleta de lixo da África. Significa investir
em infraestrutura de reciclagem e gerenciamento de resíduos
para lidar com os plásticos que não podem ser descartados
ou reutilizados. Ambição significa abordar o legado
da poluição plástica em nossos oceanos que
continua a chegar às costas dos países africanos.
A ambição também deve significar solidariedade,
para que os países em desenvolvimento tenham os recursos
financeiros necessários.
As nações africanas
também podem gerar ambição compartilhando seus
conhecimentos. Centenas de milhões de africanos já
fazem muitas das coisas certas em suas vidas diárias. As
pessoas reutilizam e consertam produtos – um estilo de vida
e uma cultura que devem ser reaprendidos em outros lugares, onde
o consumismo “pegar-fazer-usar-jogar” se tornou dominante.
Em toda a África, vemos iniciativas criativas: como em Ruanda,
onde o governo apoiou fábricas locais a produzir bambu e
materiais à base de papel após a proibição
de sacolas plásticas descartáveis.
Esses são os tipos de iniciativas
que permitirão que as nações africanas se concentrem
em um futuro sem plásticos – sendo pioneiras em soluções
inovadoras de fabricação, embalagem e design da mesma
forma que o Quênia foi pioneiro no dinheiro móvel.
Os governos africanos podem conduzir a transformação
necessária, nacional e globalmente, compartilhando essas
práticas – e garantindo que a legislação
promova novos modelos de negócios, em vez de retroceder para
a produção de plástico de uso único.
A fiscalização também é importante e
é ótimo ver a Autoridade Nacional de Gestão
Ambiental do Quênia agir contra os plásticos ilegais
descartáveis.
O Dia Mundial do Meio Ambiente de
2023 é um momento para o Quênia, a África e
o mundo inteiro se mobilizarem e se comprometerem com uma ação
mais forte. Os governos devem fazer um acordo forte para acabar
com a poluição plástica. A indústria
e o setor privado devem inovar para afastar seus modelos de negócios
dos plásticos. Os consumidores podem reduzir a demanda recusando
o plástico quando possível. A ação dirigida
pela comunidade pode exercer pressão usando suas vozes para
criar um bom barulho.
Agir para acabar com a poluição plástica é
uma grande oportunidade. Se agirmos com unidade de propósito,
podemos praticamente eliminar a poluição plástica
até 2040; reduzir os custos sociais, ambientais e de saúde
humana; criar centenas de milhares de novos empregos, principalmente
em países em desenvolvimento; e abrir novos mercados e oportunidades
de negócios.
Todos ganham, desde que asseguremos
uma transição justa para os países em desenvolvimento
e grupos como os trabalhadores do setor informal de resíduos.
Por isso, no Dia Mundial do Meio Ambiente, convido todos a se juntarem
ao movimento global e vencerem a poluição plástica
de uma vez por todas.
Inger Andersen é Diretora Executiva do Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Opinião: Ação
Contra Produtos Químicos e Poluição. Esta opinião
apareceu pela primeira vez em The Nation Africa. Fonte: UNEP.
Veja
o artigo original.
Da UNEP
Fotos: Reprodução/Pixabay
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