19/12/2023
– Dados indicam que em 2021, mais de 400 milhões de
toneladas métricas de lixo plástico foram produzidas
em todo o planeta e estimativas ressaltam que esse número
pode aumentar nos próximos anos, se não houver esforços
para a redução da poluição por plástico
de uso único. O período, durante a pandemia de COVID-19,
foi determinante para o aumento e até a consolidação
do consumo de comida por entrega e o consequente aumento de plásticos
descartáveis.
Uma nova pesquisa indica que práticas
ecológicas vindas dos fornecedores podem mudar um pouco a
perspectiva de aumento do lixo plástico, como por exemplo,
encorajarem ou sugerirem que clientes não peçam ou
recebam talheres de plástico. Os pesquisadores afirmam que
existem poucas políticas sobre a redução de
plástico ao nível do consumidor, com exceção
de sacolas plásticas, algo já difundido em várias
partes do mundo.
Segundo a pesquisa, esses “empurrões
ecológicos” podem mudar uma realidade de consumo e
fazer diferença na cadeia circular, e de como consumimos
alimentos por entrega no dia a dia. Essa redução em
países como a China, por exemplo, onde o estudo foi realizado,
tem impacto significativo na produção de plástico.
O país é o maior produtor e consumidor de talheres
descartáveis de plástico do planeta.
Os números de consumo de talheres
na China são assustadores. Em 2019, mais de 540 milhões
de chineses eram consumidores de serviços de entrega de comida
e consumiam mais de 50 milhões de conjuntos de talheres descartáveis
de plástico por dia, que após o uso único foram
descartados de maneira inadequada, sem nenhum processo de reciclagem.
As autoridades chinesas tentam reduzir o desperdício desses
utensílios e estabeleceram uma meta de redução
em 30% nas entregas de comida até 2025.
Em 2022, as principais empresas de
entrega de comida na China possuíam mais de 753 milhões
de usuários em suas plataformas, entre elas a Uber Eats,
Alibaba e DoorDash. Os pesquisadores avaliaram tipos de alimentos,
como nuggets verdes do Alibaba, para redução do uso
dos talheres descartáveis. Também aferiram resultados
sobre a opção de “sem talheres” e a inclusão
de pontos verdes para trocas e recompensas para quem não
pedisse talheres. Esses pontos verdes podem garantir até
o plantio de uma muda de árvore.
O estudo publicado na revista Science,
verificou o histórico mensal de pedidos de alimentação
de cada consumidor, durante o período de dois anos, entre
2019 e 2020, em dez grandes cidades da China. Como parâmetro,
definiram três cidades com estímulos verdes, Pequim,
Xangai e Tianjin; e outras sete sem estímulos, Qingdao, Xi'an,
Guangzhou, Nanjing, Hangzhou, Wuhan e Chengdu. De forma aleatória,
os autores da pesquisa amostraram cerca de 200 mil usuários
ativos, ou seja, que realizaram ao menos um pedido entre 2019 e
2020.
Os pesquisadores verificaram que incentivos
verdes, que estimularam a rejeição por talheres descartáveis
de plástico e premiavam os consumidores com pontos verdes,
fizeram com que pedidos sem talheres aumentasse 648%. Se a prática
for incentivada em todo o país, cerca de 21,7 milhões
de conjuntos de talheres seriam evitados anualmente. Isso equivale
a 3,26 milhões de toneladas métricas de resíduos
plásticos e 5,44 milhões de árvores, matéria-prima
dos hashis (pauzinhos de madeira), anualmente.
Referências: Guojun He, Reduzindo
talheres descartáveis com cutucadas verdes: evidências
da indústria de entrega de alimentos da China, Science (2023).
DOI: 10.1126/science.add9884. www.science.org/doi/10.1126/science.add9884
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Foto: Reprodução/Pixabay
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