A poluição por plástico tornou-se uma das questões ambientais mais urgentes do planeta.
Veja o que mundo está fazendo para mudar esse cenário.

 

 
 
 
 

Plásticos e a sua toxidade para o meio ambiente

Produtos adicionados à borracha natural para fabricação de luvas de lavar louça, por exemplo, mostraram ser extremamente tóxicos

 
 

24/06/2024 – Os plásticos presentes em nosso cotidiano contêm diversos aditivos químicos em sua composição os quais tendem a se infiltrar nos sistemas aquáticos do meio ambiente. É preciso lembrar que esse processo pode ocorrer tanto antes quanto durante a degradação do plástico. Mesmo que a decomposição do plástico em partículas de microplásticos ocorra lentamente, os produtos químicos contidos no plástico começam a se dissolver assim que ele entra em contato com a água.

Nos últimos anos os pesquisadores vêm tentando descobrir os impactos para animais e para as pessoas. Lisbet Sorensen, cientista pesquisadora da SINTEF Ocean, destaca que neste estudo, a atenção tem sido direcionada para os impactos dos aditivos químicos presentes nos plásticos, especialmente em animais marinhos. Várias espécies marinhas foram estudadas e divididas, em etapas diferentes de estudo, sendo a primeira formada por dois grupos de microrganismos - bactérias e microalgas, também conhecidas como fitoplâncton. Sorensen menciona que estas espécies são de fácil manipulação e oferecem respostas rápidas, podendo orientar pesquisas futuras.

De acordo com Sorensen, a etapa seguinte englobava ovos e larvas de bacalhau, recursos naturais de grande importância. Ela reforçou que os peixes, assim como os humanos, são mais vulneráveis aos efeitos da poluição para a saúde quando estão imaturos. Sorensen enfatiza que é inviável realizar a testagem em todos os produtos plásticos disponíveis no mercado, ressaltando assim a importância da seleção criteriosa pelos pesquisadores, de 50 itens comumente utilizados no cotidiano das pessoas.

Dos itens selecionados estavam sacolas plásticas, copos descartáveis, luvas de lavar louça, granulados de pneus de carro, brinquedos infantis variados e balões, entre muitos outros.
Conduzido por uma equipe interdisciplinar de cientistas e pesquisadores internacionais, o projeto proporciona uma visão abrangente das características e quantidades de produtos químicos encontrados em produtos plásticos, por meio de análises laboratoriais detalhadas.
A análise de laboratório proporcionou à equipe uma compreensão ampla dos tipos e quantidades de aditivos químicos encontrados em produtos plásticos.

Reprodução/Pixabay

 



Sorensen expressou sua surpresa com a diferente quantidade de produtos químicos encontrados nestes itens, ela observa que apenas 30% dos compostos químicos identificados estavam presentes em dois ou mais produtos, além do fato de que houve um grande número de produtos químicos que não puderam ser identificados com certeza, já que não estavam listados em índices de substâncias estabelecidos. Ela finalizou enfatizando que possuímos pouco conhecimento sobre a composição de muitos produtos de uso diário que temos ao nosso redor o tempo todo.

O principal objetivo do projeto é investigar a toxicidade desses produtos químicos para os organismos vivos, ao chegarem no ambiente marinho. Já que cada vez mais tem se repercutido sobre os problemas relacionados aos microplásticos.

Andy Booth, cientista-chefe de pesquisa da SINTEF, expressou que o projeto MicroLEACH visou abordar principalmente determinar a toxicidade destes aditivos químicos, que existem na maioria dos plásticos padrão, disponíveis no mercado norueguês, e até que ponto eles são um problema em comparação com os microplásticos gerados pelos próprios produtos.
A equipe de pesquisadores analisou o efeito dos produtos químicos liberados pelos microplásticos e das partículas de borracha para o ambiente marinho.

Booth observou que as suas descobertas indicaram que os produtos que contêm altos níveis de borracha impactam mais os microrganismos, pelo menos daqueles investigados no experimento, enfatizou. Ele mencionou que essa constatação foi de certa maneira surpreendente, já que em geral a borracha não tratada ainda é considerada um produto “natural”.

Os piores resultados vieram dos produtos químicos vazados das luvas de borracha. Estes produtos adicionados à borracha natural para fabricação de luvas de lavar louça, por exemplo, mostraram ser extremamente tóxicos para os microrganismos. Estas substâncias encontram-se em quatro dos 50 produtos testados, como luvas de lavar louça, pneus de carro, balões de borracha e luvas descartáveis, segundo os pesquisadores.

Em um estudo adicional, conduzido pelos cientistas, envolvendo a exposição de embriões de bacalhau e larvas recentemente eclodidas aos microplásticos e aos produtos químicos. Além destes, a equipe expôs ovos e larvas a uma combinação dos dois, já que no mundo real, eles não podem ser distinguidos um do outro. Os pesquisadores apresentaram seus resultados em artigos publicados no Journal of Hazardous Materials , Marine Pollution Bulletin e Science of The Total Environment.

De início, os cientistas fizeram a caracterização e extração de produtos químicos tóxicos dos vários plásticos a fim de analisar seus efeitos nas larvas de bacalhau. Observando a partir daí que alguns produtos químicos agem diretamente para impedir a eclosão dos ovos, já outros exercem efeitos físicos importantes sobre as larvas, enfatizou Stefania Piarulli, bióloga e pesquisadora do SINTEF.

Com isso surgiu a grande indagação: os microplásticos causam prejuízos em seu estado físico ou é a junção do seu tamanho e dos produtos químicos que os tornam tóxicos. Para solucionar esta indagação, os pesquisadores compararam os efeitos das partículas e dos produtos químicos separadamente, e foram surpreendidos ao descobrir que os produtos químicos provocavam o efeito tóxico.

Piarulli explicou que a singularidade está na criação de um método totalmente novo, para remover completamente os resíduos dos produtos químicos do microplástico. Ele reforça que essa abordagem é importantíssima para garantir uma avaliação mais precisa do impacto das partículas microplásticas, pois esta é a única maneira de saber com certeza qual o efeito real dessas partículas. Em outras palavras, a equipe não identificou efeitos tóxicos das partículas físicas na ausência de produtos químicos.

A equipe de pesquisadores descobriu que nem todos os diferentes tipos de polímeros contidos nos produtos de plástico são tóxicos, já que o determinante para a toxicidade de um plástico é a combinação de produtos plásticos distintos, sendo que os produtos elásticos se provaram ser o mais tóxicos.

Andy Booth destacou que o conhecimento adquirido demonstra que é possível reduzir a toxicidade em diversos produtos selecionando diferentes alternativas de combinações de polímeros na sua fabricação. Nota-se, portanto, que os produtos químicos adicionados à borracha natural para fabricação por exemplo de luvas de lavar louça, apresentaram toxicidade maior para os animais estudados.
Piarulli explicou que tanto os seres humanos ou animais destinados à alimentação, como peixes selvagens e de criação, frango, porco ou vaca estão expostos à macro e microplásticos e os seus produtos químicos usados na sua produção.

Ela sugeriu que é razoável supor que os seres humanos também estão expostos a aditivos químicos provenientes do plástico por meio dos alimentos que consumimos. Porém a cientista destaca a necessidade de mais estudos sobre o assunto, para determinar a real proporção dos produtos químicos contidos em produtos derivados à base de carne em comparação com os provenientes da embalagem.

Para Piarulli, estamos muito mais expostos a produtos químicos relacionados ao processamento de alimentos e a culinária do que as embalagens plásticas. Em geral estamos expostos a aditivos químicos relacionados ao plástico de muitas outras maneiras.
Lisbet Sorensen, integrante da equipe de pesquisa, observou que os produtos plásticos destinados ao armazenamento e consumo de alimentos são considerados os menos problemáticos, estes materiais são considerados como “materiais em contato com alimentos” e estão sujeitos a regulamentos mais rigorosos que estabelecem limites para o conteúdo, de aditivos químicos, seja os identificados ou não identificados.

Sorensen expressou preocupação ao destacar que diversos produtos plásticos usados no nosso dia a dia, incluindo os destinados às crianças, acabam não apresentando um desempenho tão satisfatório, quanto os materiais em contato com alimentos durante suas experiências. Entretanto, ela ressaltou que o projeto não investigou diretamente os efeitos aplicáveis aos seres humanos.

Os pesquisadores sugeriram que os consumidores reduzam o uso de plásticos sempre que possível, reforçou Piarulli, salientando que nunca tivemos tanta informação sobre os efeitos nocivos destes. Piarulli finalizou com a premissa de que o plástico apesar de ser uma invenção que fornece benefícios, e em muitos contextos, essencial para o modo de vida moderno, como em áreas da medicina e de embalagens específicas. Tem seu uso em diversos contextos em que são inteiramente dispensáveis, como na indústria têxtil, ou sobre embalagens de produtos. É preciso sempre evitar o uso de plásticos e exercer nossa influência como consumidor consciente quando compramos itens novos.

Da Redação, com informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 
     
     
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