26/09/2024
– O litoral da Noruega, conhecido por suas belas paisagens,
está sendo invadido por plásticos provenientes de
diversas partes do mundo. Esse fenômeno reflete a gravidade
do problema da poluição plástica, que é
global, mas apresenta a Noruega como um potencial modelo de combate.
Contudo, o país enfrenta também seus próprios
desafios internos relacionados à poluição plástica.
Itens plásticos de todos os
cantos do planeta continuam a chegar às costas norueguesas,
evidenciando um problema sistêmico enfrentado por todas as
nações. Apesar dos alertas frequentes dos cientistas
sobre as consequências da poluição plástica
e a urgência de uma intervenção, a produção
e o consumo global de plásticos seguem em crescimento. Este
cenário destaca a importância da defesa da Noruega
por um acordo global que vise interromper o fluxo de plásticos
no meio ambiente.
Embora a Noruega seja uma forte defensora
dessa causa global, o país também tem responsabilidade
na geração de poluição plástica.
Um estudo realizado pelo Instituto Norueguês de Pesquisa Aérea
(NILU) tentou mapear com alta precisão o ciclo plástico
norueguês, desde os tipos de produtos até os polímeros
utilizados. A pesquisa revelou que a Noruega libera aproximadamente
15.000 toneladas métricas de plástico no ambiente
anualmente. Embora apenas 2,4% dos resíduos plásticos
acabem no meio ambiente, esse número representa, em termos
absolutos, 15 quilotoneladas métricas, ou 2,8 kg per capita.
O estudo também revelou que,
em média, os noruegueses utilizam 21% mais plásticos
em comparação com outros europeus e geram o dobro
de poluição plástica em relação
aos suíços. Isso equivale a cerca de 1,5 bilhão
de garrafas plásticas sendo descartadas no ambiente a cada
ano. Diante desses números alarmantes, a Noruega tem pressionado
por um acordo global para combater a poluição plástica.
No âmbito doméstico,
os pesquisadores apontam duas principais fontes de poluição
na economia norueguesa: as embalagens de consumo, que são
a maior fonte de macroplásticos, e o desgaste dos pneus de
borracha, especialmente em veículos elétricos e híbridos,
que têm um impacto maior.
As embalagens de consumo, como garrafas
e sacolas, são os maiores responsáveis pelos macroplásticos,
com itens de plástico frequentemente encontrados ao longo
das costas norueguesas. Apesar dos esforços para reduzir
a liberação desses produtos, o alto consumo continua
a superar as iniciativas de coleta e reciclagem. Portanto, reduzir
o consumo de plástico nessas categorias é essencial
para conter essa fonte de poluição.
O desgaste dos pneus, por outro lado,
é uma fonte significativa de microplásticos. Aproximadamente
6 quilotoneladas métricas de partículas de borracha
são liberadas anualmente, e capturar essas partículas
é extremamente desafiador devido à natureza de sua
emissão. O estudo sugere que repensar as escolhas de mobilidade
e transporte, optando por alternativas como o transporte público
e veículos mais leves, pode ser uma solução
para mitigar essa fonte de poluição.
Como nação costeira,
a Noruega enfrenta um desafio adicional: a poluição
plástica que chega ao mar. Quase um terço do plástico
liberado no ambiente acaba no oceano, agravando ainda mais os impactos
irreversíveis nos ecossistemas marinhos. Fragmentos de plástico
não só afetam diretamente a vida marinha, mas também
interferem no ciclo do carbono nos oceanos, intensificando as mudanças
climáticas.
Além disso, os plásticos
contêm substâncias químicas perigosas, como ésteres
de ftalato e ésteres de organofosfato, que são liberadas
no ambiente durante a produção. Estudos detectaram
níveis elevados dessas substâncias em animais marinhos
na Noruega, após a ingestão de plásticos. Essas
substâncias tóxicas também acabam sendo reintroduzidas
na economia através do processo de reciclagem, representando
riscos adicionais à saúde humana e ao meio ambiente.
Diante desse cenário, a necessidade
de ação é urgente. A pesquisa enfatiza a importância
de restringir a produção e o consumo de plásticos,
bem como de regular o uso de aditivos químicos perigosos.
Políticas nacionais e internacionais precisam ser implementadas
para mitigar as consequências ambientais da economia do plástico
e proteger tanto o meio ambiente quanto a saúde pública.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
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